No nosso texto anterior falámos-vos da imensa necessidade de certezas, como sendo um dos sintomas do fascismo. Não de todas as certezas, claro está, apenas de algumas. Ilustrámos então o tema citando um célebre discurso de Salazar, no dia 28 de maio de 1936 em Braga: “Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século procuramos restituir o conforto das grandes certezas.” Aqui fica o que antes escrevemos: https://ifperfilxxi.blogspot.com/2024/04/essa-imensa-necessidade-de-certezas.html O conforto das grandes certezas é realmente algo que dá um certo descanso. Ao invés de termos de nos pôr a pensar e a discutir se algo é assim ou de um outro modo qualquer, se porventura estivermos ferreamente convictos de tudo e nunca formos consumidos por quaisquer dúvidas, andaremos efetivamente muito mais tranquilos e seguros. Mas será isso bom? É bom termos algumas certezas na vida, como por exemplo, sabermos que no dia de amanhã e nos outros a seguir teremos com que nos alim
No quadro de ardósia da imagem está escrita a giz a fórmula matemática do princípio da incerteza, que foi descoberta em 1927 por Werner Heisenberg. Em boa verdade não temos mesmo a certeza que seja a fórmula de Heisenberg, pode ser ou não ser. Toda a gente necessita de algumas certezas na vida, não muitas na verdade. As certezas indispensáveis são poucas. Diríamos que se resumem às seguintes: ter a certeza que temos de que comer, que temos um tecto, que estamos de saúde, que temos um certo dinheiro para as precisões, que não vivemos num sítio em guerra, que usufruímos de liberdade, de justiça e de educação, e por fim, que tudo isto se estende também aos que nos são próximos. Basicamente são essas as poucas certezas de que todos necessitamos, quer vivamos aqui, na China, na Argentina ou no Zimbábue. Todas as restantes certezas são opcionais e não fundamentais, como as que acima elencámos. Há quem necessite de telefonar de hora a hora para ter a certeza por onde um outro anda e se está