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Nós já não sonhamos como há cem anos, temos outros fetiches

Há 100 anos os sonhos eram desiguais, e por isso, em 1914, inventaram o surrealismo. Precisamente há um século, um punhado de gente decidiu que iria realizar algo de radicalmente diferente. Algo que desse a ver, a escutar e a ler, o que antes nunca ninguém tinha visto, escutado ou lido, a saber, aquilo que anda pelo nosso inconsciente. O inconsciente, como se sabe, é um lugar profundo dentro de nós donde nascem as paixões, os desejos, os anseios, os traumas e os medos. Em muitos milénios, esse fundo mundo, só nos era acessível pelos sonhos, no entanto, com a invenção do surrealismo, essa galáxia submersa na nossa mente, passou também a ser penetrável através da arte. O inconsciente passou a poder ler-se em incompreensíveis romances e em extravagantes poesias, assim como a vislumbrar-se em bizarros filmes, e ainda a contemplar-se em paradoxais esculturas, em estapafúrdias fotografias e em incongruentes pinturas. Abaixo “Canto d’amore”, uma pintura surrealista de 1914, obra da autoria de
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E quando as palavras estão inquinadas: Quino

Falávamos no nosso anterior texto, das palavras, da sua infinitude e da imensa riqueza que é a existência de inúmeras línguas, pois cada uma delas corresponde a uma visão do mundo, a um vasto horizonte.  Contudo, também referimos que há agora quem deseje que não se conheçam assim tantas palavras e prefira que não se saibam muitas línguas, ou seja, que não se veja muito longe. No fundo, alguém que assim o prefere, provavelmente sente-se ameaçado pela extensão do mundo, pelas tantas gentes diferentes que nele há e pela amplidão do conhecimento. Assim sendo, defende-se dos seus receios e entrincheira-se na sua restrita visão da realidade, como se essa fosse a única válida. Esse alguém será portanto pessoa de poucas palavras e que opta categoricamente pelas vistas curtas, pois é diante uma concepção circunscrita da vida e do universo que se sente segura e tudo lhe parece ser perfeitamente compreensível. Aqui fica esse nosso texto anterior: https://ifperfilxxi.blogspot.com/2024/09/que-nunca

Que nunca nos faltem as palavras...

Conta a Bíblia, que num tempo distante, toda a humanidade estava junta e falava uma só língua. Em dado momento, os Homens decidiram construir uma grande cidade com uma torre altíssima que tocasse os céus. Deus não viu com bons olhos os humanos intentos e decidiu que a língua única se dividiria em muitas, de modo a que uns não compreendessem a língua dos outros, e todos se espalhassem pelos quatros cantos da Terra, cada qual com o seu idioma. “O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que estavam a levantar.   Vejamos, se isto é o que eles já são capazes de fazer, sendo um só povo, com uma só língua, não haverá limites para tudo o que ousarem fazer.   Vamos descer e fazer com que a língua deles comece a diferenciar-se, de forma que uns não entendam os outros. E foi dessa forma que o Senhor os espalhou sobre toda a face da Terra, tendo cessado assim a construção daquela cidade. Por isso, ficou a chamar-se Babel, porque foi ali que o Senhor confundiu a língua dos homens e os espalhou po