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A mostrar mensagens de fevereiro, 2023

Viva o “facilitismo”

  Há muito que queríamos perceber as razões pelas quais a escola tradicional já não serve. Explicaram-nos de uma forma simples. Fizeram-nos uns desenhos e nós compreendemos imediatamente. Afinal era fácil. Já vos mostramos esses desenhos, antes disso, umas breves considerações. Há pouco quem se dedique a pensar o futuro da escola em Portugal. Há muito quem confunda pensar com dizer coisas, ou seja, com abrir a boca e lá vai disto. Entre os que muito falam e pouco pensam, há aqueles que vociferam contra o “facilitismo”, seja lá isso o que for. É uma espécie de tique. Mal se fala na escola do futuro, na necessidade de novos métodos e pedagogias e zás, lá começam uns quantos a esbracejar, a espernear e a gritar: fujam, fujam, que vem aí o facilitismo, vem aí o facilitismo…   O “facilitismo” é um neologismo que pouco ou nada significa, mas que quando é dita numa voz grossa e assertiva, parece querer dizer qualquer coisa. Mas de que raio se fala, quando se fala de “facilitismo”?

Memórias de uma menina mal comportada

  Falamos-vos hoje de alguém que já nasceu destinada a estar sob o olhar dos outros, no entanto, soube libertar-se e aprender a ser ela a olhar. Falamos-vos da filha de um grande magnata britânico da indústria têxtil. Uma menina que nasceu em 1917 e frequentou os mais prestigiados colégios católicos ingleses de onde foi repetidamente expulsa. Na verdade, as religiosas dos colégios foram as primeiras a terem-na debaixo de um atento olhar, apesar disso, ela acabava sempre por se escapulir para o “seu mundo”. Durante as aulas, abstraía-se, desenhava e escrevia o que lhe passava pela imaginação. As religiosas não a compreendiam e consideravam-na demasiado criativa, consequentemente, expulsavam-na.   Como todos sabemos, a criatividade nunca foi, e ainda hoje não é, uma coisa muito bem vista nos setores educacionais de cariz mais conservador. À semelhança do que sucedeu a tantos outros, seria a inadaptação às exigências da escola e ao castrador olhar das religiosas, o que acabaria por

Os fetichistas da língua

Nunca como agora houve tantos censores. Nós próprios, neste blog, somos constantes vítimas disso. Há quase sempre alguém que, não achando graça ao que escrevemos, faz uma denúncia nas redes sociais, impedindo assim a divulgação deste blog nessas mesmas redes por um, dois, três ou mais dias. Podiam simplesmente não achar graça ao que escrevemos e ir à sua vida, mas não, para estes novos censores, isso não é o suficiente, o objetivo é calar quem fala. Dantes, a censura estava entregue as instituições especializadas nessa área. Instituições, como por exemplo, a Santa Inquisição, a PIDE, o KGB ou a Gestapo. Hoje, parece que já não precisamos desses serviços especializados, pois censurar é algo que está ao alcance de todos. Relativamente à censura, vingou o “Faça você mesmo”.   Atualmente, seja lá quem for, pode simplesmente declarar-se ofendido ou perturbado pelo que leu, viu ou ouviu e imediatamente propor, ou até exigir, que se mande calar algo ou alguém. Para tal, basta que faça uma den

Há coisas óbvias

Um jardim vertical. Vertical? Sim, vertical. Não há nada que obrigue a que um jardim tenha de ser horizontal. Se não temos espaço para construir um jardim horizontal, vamos então construí-lo na vertical. Há coisas óbvias. Uma antiga central eléctrica desativada, um espaço abandonado bem perto do centro da cidade, onde o valor do metro quadrado é altíssimo. Um banco compra o edifício, renova-o e faz dela um centro cultural aberto a toda a população. Um centro cultural? Sim, um centro cultural. Não há nada que obrigue a que os bancos tenham de usar todos os espaços que adquirem para os converter em lucrativos condomínios privados. Obviamente que não.   O sítio de que vos falamos, é o CaixaForum Madrid. Por estes tempos, o CaixaForum Madrid exibe a exposição “Visiones expandidas. Fotografía y experimentación” . Como se percebe pelo título, trata-se de uma exposição fotográfica, todavia, as fotografias que aí se apresentam, não pretendem retratar a realidade. Não há nada que obrigu

Madrid? Claro que sí

  Filipe I de Portugal, ao avistar Lisboa da sua imensa nau, se não o disse, poderia tê-lo dito: “Quem não viu Lisboa, não viu coisa boa” . Ao pela primeira vez ver Lisboa imergir do mar, imediatamente Filipe I imaginou fazer dessa cidade à beira Tejo, a capital do seu imenso império. Um império que, para além dos dois reinos da Península Ibérica e de todas as suas possessões nas Américas, em África e na Ásia, incluía também a Sicília, a Sardenha, Nápoles e Milão. Filipe I era igualmente senhor de dezassete províncias do que então se chamava os Países Baixos, ou seja, da Holanda, da Bélgica e do Luxemburgo. Filipe I era ainda Rei Consorte de Inglaterra e da Irlanda.   Como nenhum outro, Filipe I teve uma recepção apoteótica ao chegar a Lisboa. A população aclamou-o, tendo para ele preparadas grandiosas festividades. À sua chegada, eram milhares as embarcações engalanadas que o aguardavam. Abaixo uma pintura da época que retrata o triunfal momento. Terá sido uma das maiores cele

Tristes breves nossas vidas, diz-se numa canção

  Nos últimos anos, as escolas portuguesas não conseguiram resistir à invasão cultural e comercial vinda da América do Norte e, como a restante população, sucumbiram a tradições festivas que, para nós, pouco ou nada significam. Há uns poucos meses comemorou-se o Halloween por quase todas as escolas deste país e, no passado dia 14 de fevereiro, foi a vez do Valentine's Day. Já só nos falta começarmos a comemorar o dia nacional norte-americano, o 4 de julho. Mais cedo que tarde, havemos de lá chegar.   Tudo isto num país onde cerca de 50% dos portugueses desconhece a razão pela qual o dia 1 de dezembro é feriado nacional. A reportagem emitida pela SIC Notícias em 1 de dezembro de 2022, é muito ilustrativa acerca desse ponto, ou seja, acerca de não sabermos quem somos:   https://sicnoticias.pt/pais/2022-12-01-Sabe-o-que-se-comemora-no-1-de-Dezembro--4bafe250   Festejar o que nos é estrangeiro e só pela rama conhecemos o seu significado, é festejar um vazio. Pode ser um f

“Sobre Educação - Não se trata de encher um balde, trata-se de acender um fogo”

  Contrariamente ao que é habitual, hoje pouco mais vamos fazer do que citar. Vamos citar um artigo publicado no último número do semanário Expresso, escrito por Gonçalo M. Tavares, e cujo título roubámos: “Sobre Educação - Não se trata de encher um balde, trata-se de acender um fogo”. Gonçalo M. Tavares começa por dizer que o artigo é, e passamos a citar, “Dedicado aos professores, alguns deles extraordinários, que mudaram o meu percurso, a minha cabeça e os meus pés” . Mais frente no seu texto, reforça a ideia presente no título, afirmando que educar não é “encher um balde passivo com informação até ao topo, até à cabeça mirrada para a função da memória não reter mais”. Conclui daí, que educar é outra coisa, ou seja, é preparar “para pensar, não para receber ou carregar”.   Educar é tudo, menos fazer das cabeças humanas “simples máquinas de musculação da memória” , reduzindo-as assim a serem tão-somente um “gravador sonoro com dois olhinhos, dois ouvidos e pouco mais” e a