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Memórias de uma menina mal comportada

 

Falamos-vos hoje de alguém que já nasceu destinada a estar sob o olhar dos outros, no entanto, soube libertar-se e aprender a ser ela a olhar. Falamos-vos da filha de um grande magnata britânico da indústria têxtil. Uma menina que nasceu em 1917 e frequentou os mais prestigiados colégios católicos ingleses de onde foi repetidamente expulsa.

Na verdade, as religiosas dos colégios foram as primeiras a terem-na debaixo de um atento olhar, apesar disso, ela acabava sempre por se escapulir para o “seu mundo”. Durante as aulas, abstraía-se, desenhava e escrevia o que lhe passava pela imaginação. As religiosas não a compreendiam e consideravam-na demasiado criativa, consequentemente, expulsavam-na.

 

Como todos sabemos, a criatividade nunca foi, e ainda hoje não é, uma coisa muito bem vista nos setores educacionais de cariz mais conservador. À semelhança do que sucedeu a tantos outros, seria a inadaptação às exigências da escola e ao castrador olhar das religiosas, o que acabaria por moldar o seu destino.

A menina de que vos falamos chamava-se Leonora Carrington.


Tal como atualmente, as famílias mais abastadas apreciam muito pouco que os seus rebentos tenham problemas na escola. É coisa que parece mal e dá nas vistas. Assim sendo, dados os embaraços que o espírito criativo de Leonora causava à família, o pai decidiu que ela iria viver e estudar para longe de casa, longe dos olhares de amigos, vizinhos e conhecidos. Iria para Florença.

Foi assim que, com tenra idade, Leonora foi enviada para o estrangeiro, para um internato feminino gerido por uma tal Mrs. Penrose.

O internato funcionava num edifício conventual e as discípulas de Mrs. Penrose eram sujeitas a uma rígida disciplina sobre o constante olhar das vigilantes. Com Mrs. Penrose não havia cá facilitismos.

Com o passar dos anos, Leonora conseguiu uma benesse, a permissão para em horas mortas, longe dos olhares e sem que ninguém a visse, poder deambular pelo interior das velhas igrejas, mosteiros e conventos de Florença.

Dado o gosto que demonstrava por frequentar antigos edifícios religiosos, Mrs. Penrose pensava que Leonora tinha finalmente atinado e se tinha transformado numa jovem rapariga temente a Deus, o senhor e criador de todas coisas mortais e imortais.

 

Todavia, o que Leonora procurava nas naves, capelas e corredores dessas igrejas, conventos e mosteiros não era o criador, mas sim a criatividade. Era nesses lugares recônditos, que Leonora tinha liberdade para ser ela a olhar, ao invés de ser ela a olhada. Foi em Florença que pela primeira vez Leonora olhou para as obras dos grandes artistas florentinos e toscanos dos séculos XII, XIII, e XIV.

Leonora olhou e percebeu que as cenas religiosas pintadas pelos artistas desses séculos distantes eram de uma imensa e inédita liberdade criativa. Olhou e percebeu que foram esses artistas, muitos deles anónimos e esquecidos pelo tempo, os percursores de uma autêntica revolução estética e visual que viria a mudar o nosso modo de olhar para todo o sempre. Olhou e percebeu que olhava para os primeiros alvores de luz do que viria a ser uma das mais gloriosas épocas da humanidade: o Renascimento.

O que então viu, serviu-lhe de inspiração para o resto da sua vida e para toda a sua arte.

Abaixo, os frescos de uma capela em Pádua pintados por Giotto (1267 Vicchio - 1337 Florença).


Com 16 anos, uma vez terminada a estadia em Florença, Leonora vai para Londres, onde começa a estudar pintura. O pai não se opôs a que Leonora dedicasse o seu tempo às artes durante uns anos, era um passatempo apropriado para uma jovem de boas famílias, um interregno digno até ao momento de se casar e constituir família.

 

O pai não estaria portanto preparado para receber a surpreendente notícia de que Leonora abandonou Londres e a escola de arte, tendo fugido para Paris com o pintor surrealista Max Ernst. Ela tinha 20 anos, ele 46.

Apesar de só ter conhecido pessoalmente Max Ernst nesse momento, Leonora tinha-se apaixonado por um quadro seu logo aos seis anos, “Duas crianças ameaçadas por um rouxinol”.


Max e Leonora andaram fugidos do pai de Leonora, que moveu todas as suas influências e colocou no seu encalço todas as embaixadas e os seus informadores para os ter constantemente debaixo de olho.

Leonora e Max conseguiram amar-se durante três anos vivendo na tranquila vila de Saint Martin d'Ardèche. A entrada dos nazis em França acabou por os separar.

Max Ernst foi detido pela polícia francesa e posteriormente enviado para um campo de concentração. Leonora ficou sem ninguém a quem recorrer. Sozinha, decidiu atravessar os Pirinéus para salvar o seu amor. Madrid era o destino, pretendia obter um passaporte e um visto que lhe permitissem tirar Max Ernst da prisão. No entanto, tudo lhe correu mal.

Em Madrid, os seus esforços fizeram com que os olhares recaíssem sobre si, e Leonora chamou demasiadamente a atenção das autoridades espanholas, que a internam, com o consentimento da embaixada britânica e do pai, numa clínica psiquiátrica.


Para se assegurarem que Leonora não daria problemas, anestesiam-na com injeções na espinha dorsal. Ao longo da sua estadia de longos meses na clínica, é-lhe também administrado um medicamento que provoca alucinações e que era usado para induzir convulsões. 

Baseada na sua terrível passagem por essa clínica, pintou também o quadro abaixo, no qual ao centro se vê o cruel médico que continuamente olhou por ela, rodeado pelas diabólicas visões que a assombravam. Visões causadas pela medicação que lhe era administrada.

A pintura intitula-se “Transferência”. E transferência porquê, perguntará quem nos lê. Porque ao pintar o médico, passou a ser ele o olhado e não Leonora. Através da sua arte, libertou-se da submissão ao cruel olhar de outrem.


Após meses de internamento em condições atrozes, Leonora viaja para Lisboa com uma dama de companhia contratada pelo seu pai para que olhasse por ela. As instruções que a dita dama deveria cumprir, era embarcar Leonora com rumo à África do Sul. Local onde seria novamente internada numa instituição psiquiátrica, possivelmente para o resto da sua vida.

Contudo, mais uma vez Leonora conseguiu escapar ao olhar dos outros. Desta vez escapuliu-se à dama de companhia e refugiou-se na embaixada mexicana em Lisboa, onde trabalhava o diplomata e escritor Renato Leduc, que conhecera na sua passagem por Paris.

Os astros alinham-se de estranhas formas e quis o destino que nessa exata ocasião, estivesse também em Lisboa o próprio Max Ernst, o amado que perdera.

Quando chegou a Lisboa, Leonora Carrington pensava que Max Ernst já estava morto. Por um daqueles inexplicáveis acasos que por vezes acontecem na vida, o reencontro dá-se no alto do Elevador de Santa Justa.

Há muito sem nada saberem um do outro, ambos tinham ido precisamente naquele momento olhar a vista da cidade. Leonora tê-lo-á abraçado para se certificar de que estava mesmo vivo, não lhe bastava o seu olhar para acreditar.

 

Max Ernst chegara a Lisboa acompanhado da rica coleccionadora de arte americana Peggy Guggenheim. Ela tinha-o ajudado a libertar-se do campo de concentração. Estavam juntos.


Não se sabe se o pintor terá dito a Leonora que tinha companhia. Também não se sabe se ela lhe disse que fora internada como louca porque queria um passaporte para o libertar da prisão. 

O que disseram um ao outro ninguém sabe. Se quisermos ser românticos, acreditemos que se despediram um do outro com os dois a olharem Lisboa desde o alto.

 

Ele partiu de avião para América com Peggy Guggenheim. Ela partiu também para a América, mas com Leduc (o diplomata francês que trabalhava na embaixada mexicana em Lisboa), foram de barco.


Anos mais tarde voltaram a ver-se em Nova Iorque. Ela era então mulher de Leduc, ele esposo de Peggy. Os encontros com o ex-amante passaram a ser um hábito.

Ambos acabariam por se divorciar. Max Ernst casaria novamente com a pintora surrealista Dorothea Tanning, tendo ido viver para o Arizona, junto à fronteira com o México. Leonora, com Emeric Weisz, um fotógrafo húngaro. Viveu o resto da sua vida no México, onde viria a morrer a 25 de maio de 2011.

 

A casa onde viveu no México está agora aberta a todos o que a queiram visitar. Leonora Carrington está novamente exposta a todos os olhares, mas desta vez, ao contrário do que sucedeu durante a sua vida, com certeza que não se sentirá violentada, pelo contrário, muito agradada se deve sentir por receber em sua casa quem a quer conhecer e à sua obra.


Para terminar uma pequena curiosidade. Em Veneza, na casa que foi de Peggy (a americana que libertou Max Ernst), está agora instalado o Guggenheim Museum de Veneza. Lá há uma sala de atividades destinada às visitas de estudo de escolas com crianças dos 4 aos 10 anos. A sala chama-se “The Rooms of Dreams of Leonora Carrington”.





 


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