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A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

Maria vai com as outras, se não cantas, danças.

  Lemos no jornal El Pais uma reportagem que se intitula assim: “El instituto donde las ciencias se aprenden bailando”. Descobrimos depois, que o dito instituto (chamar-lhe-íamos uma escola em Portugal), se situa em Barcelona.   Já muitas vezes falámos de dança e de música neste blog, no entanto, pouquíssimas vezes falámos de Barcelona. Hoje também não vamos falar grandemente da cidade catalã, apenas a referimos, porque há nela essa escola pública (instituto em espanhol) que mistura no seu currículo ciências, matemáticas e dança, entre outras áreas disciplinares.   A escola chama-se Oriol Martorell e tem alunos desde o 1° ciclo até ao ensino secundário. A escola está especialmente vocacionada para receber alunos das áreas de ciências e matemáticas, que queiram simultaneamente bailar.   Muitos dos alunos que a frequentam estudam para ingressar em cursos superiores da área das ciências exatas ou das matemáticas, e a maior parte deles consegue-o. No entanto, a escola também es

A indecisão da luz, o mesmo é dizer, sonhemos com Marlene Dietrich, ou talvez em acabar de vez com o 2º ciclo de escolaridade.

A luz é indecisa, tanto escurece o que ilumina como ilumina o que escurece. No fundo, a luz é esse constante e contrastante jogo entre o negror e o fulgor. A foto acima é de Marlene Dietrich, no seu rosto há claros cintilares e soturnas escuridões, que lutam entre si e nos dão a ver um estupendo exemplo da eterna contenda entre luminosidade e obscuridade.   Mas não é de Marlene Dietrich que vos queremos agora falar, mas sim da educação nacional. Também nela há assuntos que surgem na luminosa babugem dos dias, mas que depois, indecisos, se escondem e desaparecem na obscuridade durante uns tempos. Mais tarde, regressam novamente à claridade, lutam mas voltam a escurecer, e assim sucessivamente.   São assuntos dos quais se fala intermitentemente durante décadas, mas que nunca chegam a materializar-se totalmente à luz clara da realidade. No fundo, não são bem assuntos, é mais como se fossem uma espécie de ideias platónicas, que repetidamente aparecem, desaparecem e reaparecem, num

Será que nos museus só há mulheres nuas…

  Na imagem temos um autorretrato de Artemisia Gentileschi, uma pintora da época barroca, que atingiu uma imensa fama como artista durante a sua vida. No século XVII tornou-se a primeira mulher a ser membro da afamada academia de pintura de Florença.   Em 1985, algures na cidade de Nova Iorque, nasceram as Guerrilla Girls. É um grupo anónimo, ou seja, ninguém sabe quem dele faz parte. Quando surgem em público, as “girls” usam máscaras de gorilas, escondendo assim a sua identidade.   Em 1989 a sua fama tornou-se mundial, pois colocaram um enorme poster no conceituado Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, também conhecido como o Met, com a seguinte pergunta: “Do women have to be naked to get into the Met. Museum?”.   Contudo, o poster não se ficava pela pergunta, apresentava também uma contabilidade na qual se dizia que só 5% das obras de arte expostas na secção de arte moderna do Met eram de mulheres, mas que em contrapartida, 85% dos nus da coleção do museu eram de m

Fotografia: esse olhar que fascina.

  O Agrupamento de Escolas Eduardo Gageiro que fica em Sacavém e o Agrupamento de Escolas Augusto Cabrita no Barreiro partilham algo pouco comum em Portugal, o seus patronos são fotógrafos.  Eduardo Gageiro nasceu em Sacavém em 1935 e é um dos maiores fotojornalistas portugueses. Augusto Cabrita foi autor de inúmeros trabalhos fotográficas, tendo nascido no Barreiro em 1923 e falecido em Lisboa 1993. Tanto quanto sabemos, não há outras escolas neste país cujo nome provenha de um fotógrafo, o que é pena, uma vez que temos tido bastantes e bons.   Neste momento, provavelmente por uma daquelas felizes coincidências em que os astros se alinham, decorrem quatro exposições que celebram quatro dos maiores fotógrafos nacionais, é uma justa homenagem. É tão mais justa, pois como se vê pelos nomes dados às escolas e agrupamentos, em Portugal homenageia-se muito os grandes escritores, navegadores, reis, condes, artistas, militares e políticos, mas pouco os grandes fotógrafos. Fazendo muit

Posso dizer a frase?

  Que discos levaríamos para uma ilha deserta? Esta é uma questão que lateralmente atravessará todo este texto. Todavia, não lhe vamos dedicar nem mais uma palavra, quanto mais uma frase. Vamos sim falar de música.   Surgiu por inícios da década de 60 do século XX e durou até meados dos anos 80, um programa na rádio que se chamava “Quando o telefone toca”. O conceito era simples, os ouvintes telefonavam, diziam o seu nome, pediam um disco e por vezes dedicavam-no a alguém. O disco pedido tocava, vinha um outro telefonema, outro disco pedido tocava, e assim sucessivamente.   Quem telefonava eram gentes das mais diversas idades, terras e classes sociais, e assim sendo, tanto podia tocar o último sucesso em voga como um fado muito antigo. Não havia qualquer critério ou seleção musical, excepto o que era consequência das escolhas dos ouvintes. O programa era patrocinado por uma marca ou estabelecimento comercial, e havia uma frase publicitária simples a decorar e a repetir pelo