Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2023

Ai, Portugal, dar-te conselhos é bem pouco original

  " A neurociência deve ir para a sala de aula" é uma afirmação de Stanislas Dehaene. Não temos a menor ideia, se quem nos lê faz ideia de quem é Stanislas Dehaene. Nós, até ao dia de hoje, não tínhamos a mais pequena ideia de quem fosse Stanislas Dehaene. Não porque sejamos pessoas desinformadas, mas a verdade é que nunca nos tínhamos cruzado com esse nome, nem num noticiário, nem numa revista, nem num jornal, nem em sítio nenhum. Nunca há notícias boas sobre educação na comunicação social portuguesa. Não é coisa de agora, é coisa de sempre. Entre outras, essa é uma das principais razões pelas quais nós temos o hábito dar uma vista de olhos pelos jornais estrangeiros. Não é que os jornais portugueses não sejam bons… estamos a brincar, tirando umas quantas excepções, os jornais portugueses não prestam absolutamente para nada. Não apenas por nunca terem boas notícias sobre educação (porque as há), mas também porque são mesmo maus. Provavelmente quem os faz, aos jornais, c

Cozinho para o povo

  Na imagem há um caracol que confunde a parte de trás de um rolo de fita-cola com um traseiro. Bem sabemos que os rolos de fita-cola podem ser usados para as mais diversas atividades lúdicas, ainda assim, se esta imagem for verdadeira (não fazemos a mais pequena ideia) tratar-se-ia de um fenómeno digno do Entroncamento.   O título que damos a este texto é enganador, pois não vamos falar-vos de culinária, coisa de que pouco ou nada sabemos, a não ser na óptica do utilizador. Vamos sim partilhar convosco uma importante e necessária reflexão histórico-cultural. O título, em boa verdade, só serve para vos abrir o apetite. É uma espécie de “ hors-d'œuvre”.   Ouvindo e lendo as notícias, praticamente não há dia nenhum em que não haja um acontecimento histórico. Chove pouco? Há seca? Os baixos níveis de água nas barragens são históricos. Faz calor em maio? Os termómetros registaram temperaturas históricas. O Papa vem a Portugal? É uma visita histórica. O Ronaldo bateu mais um rec

Se fosse um filme, a nossa vida era assim, cantando Jobim, na tarde sem fim…

  Houve um tempo em que éramos jovens e na televisão, no único canal que então por cá havia, ali pela hora de jantar, só se exibiam telenovelas oriundas do Brasil. Olhávamos e víamos. E de tudo o que víamos, o que mais gostávamos era dessa cidade maravilhosa, mesmo à beira-mar, com praias sem fim, meninos do Rio e garotas de Ipanema.   Morríamos de inveja, pois nessa época viviam-se por cá tempos difíceis e Portugal não era nada. Ou melhor, era apenas um lugarejo provinciano, pobre, atrasado e triste. O que todos então queríamos, era que por cá houvesse lugares vibrantes como Copacabana e o Maracanã, que se jogasse um Fla-Flu, que se sambasse e se cantasse a Bossa-Nova.   O Rio que víamos pela TV era frenético, convidava-nos a abrirmos as asas, a soltar as nossas feras, a cair na gandaia e a entrar na festa. O Rio convidava-nos ao sonho mais louco e a viver leve e solto. No fundo, o Rio convidava-nos a ser um outro.   Olhávamos e víamos as telenovelas vindas do Brasil e que

Mais vale ser rico e com saúde, do que pobre e doente

Nós não somos marxistas, mas gostamos de brincar ao marxismo. É uma coisa gira de se fazer. Atualmente, parece até ser de mau tom falar de política, pode dar discussão, ficar o caldo entornado e estragar o jantar. Mas isso a nós não nos interessa para nada. Se falamos de política, falamos de política e pronto. Quem quiser, que não nos leia. Assim como assim, há muito quem nos leia, mesmo sendo as nossas publicações neste blog constantemente bloqueadas pelas redes sociais e outras plataformas digitais. É o que é.   “Quanto menos comeres, beberes, comprares livros, fores ao teatro ou a bailes, ou ao café, e quanto menos pensares, amares, teorizares, cantares, pintares, esgrimires, etc, mais serás capaz de economizar…”   Quem escreveu a passagem que acima traduzimos, foi Karl Marx (1818 — 1883), filósofo, sociólogo, historiador, economista, jornalista e teórico revolucionário alemão. Depois da queda da URSS e de muitos outros regimes comunistas, já ninguém liga coisíssima nenhum

Em guerra com o óbvio

Há lugares nada óbvios. Lugares que jamais nos ocorreria visitar. Alguns desses locais nada óbvios, nem sequer sabemos que existem, mas mesmo que saibamos, não é por isso que se tornam mais óbvios. Falamos de locais como por exemplo, uma garagem.   A não ser que se tenha interesse em a adquirir ou em a arrendar, a quem ocorrerá visitar uma garagem? Em princípio a ninguém. Dito isto, há uma garagem cuja visita recomendamos, a Garagem Sul, que se situa num dos espaços subterrâneos do Centro Cultural de Belém.   Como já terão adivinhado, o espaço Garagem Sul, obviamente que não funciona como parque de estacionamento para automóveis. Funciona sim como espaço para exposições temporárias. É um espaço que se dedica fundamentalmente à arquitetura, mas tenta dirigir-se não apenas a um público especializado, mas sim a todos, independentemente de terem ou não formação em arquitetura.   É isso o que sucede precisamente neste momento, com as três atuais exposições. Duas delas cruzam temas arquitect