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Se fosse um filme, a nossa vida era assim, cantando Jobim, na tarde sem fim…

 



Houve um tempo em que éramos jovens e na televisão, no único canal que então por cá havia, ali pela hora de jantar, só se exibiam telenovelas oriundas do Brasil. Olhávamos e víamos. E de tudo o que víamos, o que mais gostávamos era dessa cidade maravilhosa, mesmo à beira-mar, com praias sem fim, meninos do Rio e garotas de Ipanema.

 

Morríamos de inveja, pois nessa época viviam-se por cá tempos difíceis e Portugal não era nada. Ou melhor, era apenas um lugarejo provinciano, pobre, atrasado e triste. O que todos então queríamos, era que por cá houvesse lugares vibrantes como Copacabana e o Maracanã, que se jogasse um Fla-Flu, que se sambasse e se cantasse a Bossa-Nova.

 

O Rio que víamos pela TV era frenético, convidava-nos a abrirmos as asas, a soltar as nossas feras, a cair na gandaia e a entrar na festa. O Rio convidava-nos ao sonho mais louco e a viver leve e solto. No fundo, o Rio convidava-nos a ser um outro.

 

Olhávamos e víamos as telenovelas vindas do Brasil e queríamos mudar de lugar. O Rio de Janeiro era uma Lisboa à solta, mas nós, coitados, vivíamos sem daqui podermos sair, sem podermos mudar de lugar.

 


Senta o rabo no teu lugar, admoestava-nos a professora primária quando éramos crianças. Por alguma razão, queríamos andar sempre a mudar de lugar. Um dia queríamos ficar à frente, outro dia queríamos ficar atrás, e noutro dia ainda, queríamos ficar sentados ao lado daquela nova colega com quem tínhamos prementes assuntos a tratar.

 

Nesses tempos, se fosse por nossa vontade, mudávamos todos os dias de lugar. Por nós, a sala de aula seria um autêntico Kama Sutra, cada dia uma posição diferente. O problema é que não podia ser, pois cada aluno tinha o seu lugar marcado e, caso a professora não tomasse uma decisão em contrário, era esse o lugar que nos estava destinado, desde o primeiro ao último dia de aulas.

 

Muito de vez em quando, a professora lá fazia uma alteração, mudando este ou aquele de lugar. Normalmente, fazia-o porque alguém se portava mal, estava distraído ou era demasiado conversador. Mas noutras ocasiões, fazia-o obedecendo a misteriosos e obscuros critérios que nenhum dos alunos entendia e que só ela dominava e conhecia.

 

Em conclusão, quando a professora nos mandava mudar de lugar, mudávamos e o assunto ficava arrumado, não valia a pena falar-se mais disso. Por outro lado, se fôssemos mesmo nós que quiséssemos mudar de lugar, e não a professora que nos quisesse mudar, o mais que nos restava era implorar.

 

Implorar e esperar que um dia a professora se transformasse numa deusa tântrica e como que saída diretamente das páginas ancestrais do Kama Sutra, exercesse as suas sensuais artes mágicas e concretizasse o nosso mais fundo desejo mudando-nos de posição, ou seja, de lugar na sala de aula.

 

Ah… se a professora se tivesse metamorfoseado numa deusa tântrica, se nos tivesse mudado de lugar todos os dias tal e qual nós queríamos, ah…se isso tivesse acontecido…hoje seríamos certamente um outro.

 

É claro que isso nunca sucedeu. É muito raro que as professoras primárias concretizem os nossos mais fundos desejos. Assim sendo, lá ficávamos nós a vegetar no mesmo lugar, desde o primeiro ao último dia aulas. Por muito que implorássemos, de pouco nos valia. Valia-nos sim a televisão, que ali pela hora de jantar, nos fazia sonhar com sermos um outro e estarmos num outro lugar: o Rio.

 

Nós nunca fomos ao Rio de Janeiro. O que conhecemos do Rio é das telenovelas de há décadas, de ouvirmos dizer, dos cartões postais e das canções de Jobim. O nosso Rio é todo ele imaginado, junto ao mar, sobre o olhar de Cristo no Corcovado. Há nele sempre um calçadão, uma canção e é verão.

 

O Rio que conhecemos situa-se nessas exatas coordenadas do GPS da nossa imaginação: mar, morro, uma canção e o verão. Era lá nesse lugar, que podíamos ser um outro.



O lugar que ocupámos na escola primária na sala de aula, não é uma coisa de somenos. Se porventura tivéssemos ocupado um outro lugar, era bastante plausível que hoje fôssemos uma outra pessoa.

 

Há toda uma tipologia muito bem definida e há quem ficasse catalogado para o resto da vida por causa disso. Há muito quem, independentemente de ter fracassado ou obtido sucesso na sua vida adulta, continue pelo tempo afora a ser exatamente o mesmo que era na escola primária, como se nunca tivesse saído do mesmo lugar.

 

Na frente costumavam ficar os favoritos da professora, uma espécie de elite secretamente invejada por todos os outros. Não há que confundir os favoritos com os certinhos. Os certinhos queriam estar nos lugares da frente para não perderem nada, para apanharem a matéria e serem os primeiros a pôr o dedo no ar e a responder a todas as perguntas. Os certinhos de tudo faziam para agradar à professora: estudavam, faziam os TPC’s e estavam sempre sentados e caladinhos no seu lugar.

 

Quantos desses certinhos não continuarão hoje, passadas décadas, sentados e caladinhos no seu lugar? Muitos.

 

Já percebemos que nem sempre os favoritos eram os certinhos. Havia quem fizesse parte dos favoritos e se sentasse à frente, mesmo não sendo nada certinho. Por alguma razão obscura e misteriosa, a professora exercia os poderes conferidos pelas suas artes mágicas, e fazia com que um qualquer ascendesse à categoria de favorito.

 

Os que ascendiam a favoritos sem nenhuma razão aparente que o justificasse, eram muito invejados pelos certinhos. Andavam os certinhos a esforçar-se imenso para a agradar à professora e esta, assim do nada, elevava à condição de favorito um qualquer.

Um que por vezes até se fazia de engraçado, se esquecia de fazer os TPC’s e, não raras vezes, se levantava do seu lugar. Era injusto, pensavam de si para consigo os certinhos, mas não o diziam, não fosse a professora chatear-se e mudá-los para os lugares lá mais atrás.

 

Nos lugares centrais da sala ficava a grande maioria. Nem eram favoritos, nem eram certinhos. Nem eram bons, nem eram maus, eram médios. Não se destacavam por nada em particular, estavam simplesmente a cumprir a escolaridade obrigatória. Muitos desses tinham até um olhar ausente e vagamente abstrato, como se estivessem continuamente a pensar que preferiam estar num outro lugar qualquer, que não aquele onde estavam.

 

Provavelmente, continuaram vida afora com esse olhar ausente de quem não percebe muito bem o que está ali a fazer, mas que não tem imaginação suficiente para ir para um outro lugar qualquer e portanto deixa-se estar.

 

No fundo da sala, nos lugares mais atrás, sentavam-se aqueles que desde sempre conhecemos como as criaturas do abismo. Normalmente, essas criaturas eram quase todas rapazes, muito raramente raparigas.

As criaturas do abismo eram rapazes introvertidos e ansiosos, mas dados a agitações. Dito de outra forma, eram esquisitos. A sua esquisitice podia advir de vários fatores distintos, ou tinham dificuldades cognitivas, ou tinham um comportamento execrável, ou tinham hábitos de higiene muito irregulares, ou babavam-se, ou arrotavam, ou eram demasiado feios e gordos ou, na maior parte dos casos, eram tudo isto junto.

 

Seja como for, a único contato que existia entre os lugares da frente da sala e as criaturas do abismo, eram os ocasionais mísseis vindos lá de trás. Mísseis que com uma inacreditável frequência, falhavam completamente o alvo a que se dirigiam (um aluno) e acertavam em cheio na professora.

Já se está mesmo a ver o que acontecia a seguir! A professora perguntava à turma quem tinha sido o responsável pelo lançamento do míssil e os certinhos, conjuntamente com os favoritos, apontavam imediatamente e com entusiasmo para os pobres desgraçados lá de trás.

Consequentemente, os lá de trás acabavam todos a comer pela medida grossa, coisa que ainda os deixava mais introvertidos e ansiosos.

 

Uma coisa é certa, temos as mais sérias dúvidas que algum desses rapazes, na sua vida adulta, tenha feito carreira em áreas relacionadas com o armamento ou com instrumentos de precisão. A avaliar pela pontaria que tinham, era bem melhor que tivessem escolhido outro caminho.



Como já antes dissemos, nós nunca fomos ao Rio. Andámos por muitos outros lugares, mas nunca por aquele que desejávamos. O Rio permanece um lugar imaginado, com o seu quê de platónico.

 

De quando em vez, sentimos um impulso para partir para o Rio, para ir em busca do lugar em que seríamos um outro. Todavia, provavelmente por responsabilidade direta das professoras primárias que nos educaram e não nos queriam fora do nosso lugar, tardamos em seguir os nossos impulsos e a aventurarmo-nos por lugares que apenas imaginámos.

 

Nesse mesmo tempo, em que só havia um canal televisivo, passava um anúncio que rezava assim: e se de repente lhe oferecerem flores, isso é Impulse:

 



Na verdade fomos condicionados para não andarmos a mudar de lugar e para não cedermos a impulsos. Estamos cá desconfiados, que se começássemos a ceder a impulsos e, por exemplo, tal como no anúncio de repente oferecêssemos flores a uma desconhecida, o mais certo era acontecer-nos o mesmo que na gravura abaixo.



Nós não fomos ser um outro a lugares imaginados, mas levámos os nossos alunos numa viagem dessas. Não os levámos ao Rio, mas sim numa viagem através da arte. Acompanharam-nos personagens de muitos lugares diferentes, gente como Rembrandt, Picasso, Munch ou Magritte.

Aqui fica o guião:

Guião "Eu sou um Outro"

https://drive.google.com/file/d/1mcXd35iNAFPq5bcQrx2HT1gJNvFmCBzB/view?usp=sharing

Ficha de exploração "Eu sou um Outro"

 https://drive.google.com/file/d/1CxFWf4szTmGqQEVkodkSAaQ8RYJVMDGt/view?usp=sharing


 




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