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Os professores vão fazer greve em 2023? Mas porquê? Pois se levam uma vida de bilionários e gozam à grande

 


Aproxima-se a Fim de Ano e o subsequente Ano Novo. A esse propósito, lembrámo-nos que serão pouquíssimos, os que, como os professores, gozam do privilégio de festejarem mais do que uma vez num mesmo ano civil, o Fim de Ano e o subsequente Ano Novo.

Com efeito, a larguíssima maioria da população, comemora o Fim de Ano exclusivamente a 31 de dezembro e o Ano Novo unicamente a 1 de janeiro. Contudo, a classe docente, goza também de um fim de ano algures no final do mês de julho, e de um Ano Novo para aí nos princípios de setembro.

 

Para os nossos leitores cuja agilidade mental eventualmente esteja toldada pelos tantos comes e bebes ingeridos na época natalícia, explicitamos que o fim do ano letivo é em julho e o início em setembro. É disso que aqui falamos, esclarecemos nós, para o caso dessa subtil alusão ter escapado a alguém.

 

Para além da classe docente, são poucos os que têm esta oportunidade, ou seja, a de ter múltiplas passagens de ano num só e mesmo ano civil. Entre esses poucos, contam-se os bilionários.

Há cada vez mais bilionários excêntricos que decidem começar a comemorar o réveillon em Sidney na Austrália, horas depois apanham um jacto supersónico e fazem o mesmo algures num país asiático, seguem para a Europa para mais uma escala festiva e continuam viagem em direção à América para a rodada final. Em síntese, acompanham a rotação da Terra, dão uma volta ao mundo, e passam quase 24 horas a comemorar.

Os excêntricos bilionários que decidem fazer esta volta ao mundo em 24 horas, com certeza que apanham uma senhora estafa e acabam por não gozar assim tanto. Para além do cansaço inerente a tal odisseia, estão sempre à pressa. Como é do conhecimento comum, é certo e sabido, que quando estamos à pressa, o gozo não é o mesmo do que quando estamos com vagar.

A nova e subtil alusão do parágrafo anterior, não a vamos explicitar. Quem eventualmente não a perceber, que vá pesquisar na internet ou que pergunte a quem de direito.

Ainda assim, vamos dar-vos uma pista. Para tal, recorramos ao clássico de Alfred Hitchcock, “To Catch a Thief”, cuja ação decorre nesse paraíso para bilionários, Monte Carlo.

Na cena cujo link abaixo vos deixamos, Gary Grant e Grace Kelly conversam sobre diamantes, o que a bem dizer é uma metáfora. Ou seja, o que dizem não é bem o que dizem. Apesar disso, conseguimos adivinhar aquilo de que realmente estão a falar. 

O fogo de artifício que ao fundo se vê, vai gradualmente aumentando de intensidade, até que os dois se beijam. Nesse instante, seguem-se explosões múltiplas.

Como os nossos leitores mais perspicazes já terão compreendido, é de pirotecnia, aquilo a que nessa cena do filme se alude. Um assunto muito apropriado para esta época do ano, refira-se.

 



Voltemos então aos bilionários e ao réveillon. Há que concluir que gastam um dinheirão para ter múltiplas passagens de ano pelo planeta afora, mas acabam por não gozar lá grande coisa.

Talvez o mesmo aconteça a algum dos nossos leitores em distintas circunstâncias. Enfim, é mais uma subtil alusão metafórica, para o caso de alguém não ter reparado.

 

Seja como for, já o mesmo não se pode dizer dos professores, que esses sim, nesse contexto em específico, entenda-se, gozam à grande e à fartazana de prazeres que nem aos bilionários são concedidos.

É certo que a passagem de ano normal de 31 de dezembro para 1 de janeiro dos docentes, há de ser semelhante à do resto da população em geral, todavia, já a passagem de ano que decorre entre julho e setembro, que essa é a que aqui nos importa, é de uma longa, demorada e refinada exclusividade.

Os bilionários mal conseguem recuperar o físico na escassa semana que medeia entre o Natal e a passagem de ano, muito menos hão de conseguir estar em plena forma para as múltiplas passagens de ano consecutivas que decorrem em vários pontos do planeta, havendo intervalos tão curtos de tempo entre cada uma delas.

Já na classe docente, há muito tempo para se recuperar. É logo em junho, com o aproximar do término das aulas, e com mais de um mês de antecedência, que começam os preliminares e a fazer-se sentir os primeiros gozos festivos.

É nesse momento, dias ainda antes de aulas terminarem, que acontecem as primeiras comemorações: há festas, convívios e excursões. Quando ainda em junho, as aulas efetivamente terminam, só não são lançados foguetes para o ar, porque a Proteção Civil, por causa dos fogos, recomenda que não se o faça durante o verão.

É certo que depois dessas primeiras festividades, há uma espécie de anticlímax, ou seja, vêm as reuniões de avaliação e as vigilâncias de exames, no entanto, o que é isso quando comparado com a estafante azáfama dos bilionários em apenas 24 horas?


Imaginem a canseira de um bilionário em múltiplas passagens de ano pelo globo afora! Não se aguenta. Em menos de 24 horas, vai ter de estrear cuecas azuis não sei quantas vezes, comer repetidamente doze passas e dar milhentos beijinhos de tempos a tempos a fim de desejar um bom ano a quem quer que os acompanhe.

Comparado com esses afazeres, as reuniões de avaliação e as vigilâncias de exames, mais não são de que um bálsamo para alma.

 

Os bilionários dispõem de pouquíssimo tempo, apenas umas horas, entre uma festa de final de ano num ponto do globo e o começo da próxima noutro ponto. Enquanto isso, os docentes dispõem de um mês inteiro para se porem em forma no período que decorre entre o final de um ano letivo e o início do próximo.


Para além disso, os docentes não precisam de acessórios extra, pois não é suposto estrearem-se cuecas azuis, nem andar-se a comer passas de castigo de cada vez que termina ou se inicia um ano letivo. Vá lá uns beijinhos à partida e outros à chegada e está a andar, funciona perfeitamente.

Porém, a vida de professor, não é só melhor que a dos bilionários por causa do gozo que as múltiplas passagens de ano num só ano civil lhes proporcionam. Há outras razões.

 

Pensemos, por exemplo, num bilionário português. No Ronaldo, porque não? É certo que o homem neste Natal recebeu um Rolls Royce de presente, mas apesar disso, a verdade é que rói-se (Royce/rói-se, não sei estão a ver?) de inveja.

Não do Messi, mas sim da maior parte dos professores, pelo menos daqueles que são QE ou QZP. Estamos a chegar a janeiro, e o homem sem colocação. E o mais certo, é que só vá ter uma vaga muito longe de casa, lá para a Arábia Saudita ou isso.

Perante isto, de que se queixam os docentes que são colocados a centenas quilómetros de casa? Saberão porventura a que distância fica a Arábia Saudita? São 5255,44 quilómetros. Milhares de quilómetros e não apenas centenas. Ah pois é!

 

Mas pensemos num bilionário ainda maior, Elon Musk. Como toda a gente sabe, para que conseguisse adquirir um equipamento digital, no caso o Twitter, teve que desembolsar 44 000 milhões. Olhem que não é brincadeira. Enquanto isso, os professores recebem equipamentos digitais de graça e, como se não bastasse, é-lhes também facultada a frequência gratuita de formações em capacitação digital. Não sei se estão a ver bem a diferença? Uns pagam milhões, para os outros é tudo à borla.

 

Por assim ser, estranhamos que para 2023, sejam os professores a anunciar uma greve por tempo indeterminado. Quem efetivamente a deveria anunciar, eram os bilionários.

Mas nós temas uma proposta pedagógica. Propomos que os docentes vão para bilionários durante uns tempos, isto só para que percebam o quanta é a sua sorte. Bastava umas semanitas a fazerem vida de bilionários, e rapidamente quereriam regressar à carreira docente. Como diz a sabedoria popular, o dinheiro não traz felicidade.

Bom ano de 2023!



 


 


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