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A mostrar mensagens de julho, 2022

Folhetim de verão - Capítulo I - Anita e os Beach Boys

  A Professora Anita aprecia passar uns diazitos de férias nas termas ao invés de ir para a praia. A praia é demasiado concorrida e ruidosa para o seu gosto, e, para além disso, o permanente ir e vir das ondas do mar, todo aquele horizonte sem fim à vista e a areia a enfiar-se-lhe pela roupa e pelos pés adentro põe-lhe os nervos em franja. A praia é uma estafa e estafada já ela anda o ano inteiro com a escola. A Professora Anita gosta da previsibilidade das termas e da sua organização impecável. Uma organização cujas práticas foram instituídas aquando da abertura do estabelecimento termal no século XIX. Claro que neste entretanto foram introduzidas algumas comodidades modernas, como por exemplo, a luz eléctrica e mais recentemente o Wi-Fi. Todavia, o essencial mantém-se inalterado. Cada visitante tem reservada a sua própria espreguiçadeira cuidadosamente colocada de modo a não estar demasiado próxima das restantes. A mesa de refeição é sempre a mesma, sendo a alimentação saudável e co

Nas férias grandes, Anita vai a banhos.

  As férias grandes! Esse tempo longínquo em que por um longo período, a escola só existia como uma distante miragem. Sendo hoje os tempos tão diferentes, perguntamo-nos agora, se as férias grandes realmente existiam ou se foram tão-somente uma doce ilusão. Talvez as férias grandes fosse o nome que então dávamos a não pensarmos na escola durante todo o verão. Ou talvez as férias grandes fossem uma casa que ia até à beira-mar, o cheiro dos lilases num terraço ou as lentas e sonolentas tardes de agosto. Sim, talvez fosse isso. Seja como for, mesmo que porventura as férias grandes tenham existido algures no passado, é de ciência certa que atualmente já não existem. É uma coisa que caiu em desuso, tal como as cassetes, os filmes VHS, beber um pirolito ou comer um  Rajá. Hoje em dia, mal se inicia o querido mês de agosto, imediatamente o tempo começa a escoar-nos por entre os dedos das duas mãos e, subitamente, já estamos novamente em setembro, prontos para o regresso às aulas.  Foi tanto o

Ó Herman faz-me lá um Haiku…

  Quem é Herman Van Rompuy? Quem??? Herman o quê??? Repetimos, Herman Van Rompuy? Será Herman Van Rompuy um belo príncipe? Um refinado  ladrão de jóia s? Um jovem ferido num duelo pela honra da sua amada? Será porventura um rico industrial de salsichas enlatadas? Ou talvez seja um afamado cabeleireiro de senhoras? Em síntese, não sabem, pois não? Isso já nós sabíamos. Mas não se preocupem, que nós estamos aqui para vos apoiar e dizer-vos quem é Herman Van Rompuy. Herman Van Rompuy foi o Primeiro Ministro da Bélgica entre 2008 e 2009. Foi igualmente o Presidente do Conselho Europeu desde 2009 até 2014.  Pronto, agora já todos sabem quem é Herman Van Rompuy. Mas, dito isto, e depois? Que acrescenta isso à nossa felicidade?  Há umas semanas, Herman Van Rompuy esteve na cidade japonesa de Onjuku, não como político, pois já se retirou dessas andanças, mas sim como embaixador internacional da poesia Haiku. Atualmente dedica-se a promover pelo mundo inteiro esta ancestral forma de poesia japo

Transdisciplinar?! Anda tudo com a cabeça na lua? (Versão sem imagens explícitas)

  Hoje inauguramos uma nova função para este blog: a de conselheiro sentimental. Imaginemos uma noite de luar. Um primeiro encontro entre uma Engenheira Astrofísica e um Professor de Literatura Greco-latina. Acerca de que poderão os dois conversar? Pouco ou nada ocorreu a cada um deles e o encontro encaminha-se para um cataclismo cósmico. Como poderemos nós evitar uma tal tragédia grega, e ajudar a que se entendam? Já vamos ver. Há quem goste de compartimentar os saberes em disciplinas estanques. Há até quem contraponha as humanidades às ciências exatas. Será provavelmente por isso que os de ciências ostentam um certo desdém pelos de letras, e os de letras afirmam sem nenhum pudor nada perceber de ciências.  Trata-se de um imenso desencontro. Mas bastaria deitarmos os olhos para a terra, determo-nos num rosto humano ou levantarmos a vista para os céus, e imediatamente perceberíamos que os muitos infinitos de que é formado o universo do conhecimento, jamais poderão ser compartimentados