Contrariamente ao que é habitual, hoje pouco mais vamos fazer do que citar. Vamos citar um artigo publicado no último número do semanário Expresso, escrito por Gonçalo M. Tavares, e cujo título roubámos: “Sobre Educação - Não se trata de encher um balde, trata-se de acender um fogo”.
Gonçalo M. Tavares começa por dizer que o artigo é, e passamos a citar, “Dedicado aos professores, alguns deles extraordinários, que mudaram o meu percurso, a minha cabeça e os meus pés”.
Mais frente no
seu texto, reforça a ideia presente no título, afirmando que educar não é
“encher um balde passivo com informação até ao topo, até à cabeça mirrada para
a função da memória não reter mais”.
Conclui daí, que
educar é outra coisa, ou seja, é preparar “para pensar, não para receber ou
carregar”.
Educar é tudo, menos fazer das cabeças humanas “simples máquinas de musculação da memória”, reduzindo-as assim a serem tão-somente um “gravador sonoro com dois olhinhos, dois ouvidos e pouco mais” e a quem só se pede para repetir o que veem e ouvem.
Ninguém nega a importância da memória, todavia, “trata-se de dizer o óbvio: que a memória não é o centro de uma cabeça humana”. A memória é uma parte importante de quem somos, mas é apenas uma “entre infinitas outras possibilidades que a cabeça humana tem”.
Há uma diferença abissal entre ter informação e ter curiosidade. Levar um aluno a ter curiosidade por ver e ouvir algo de novo, é acender um fogo. É acender um desejo que também ele sinta vontade de fazer algo de novo. Eis em síntese a função primeira da educação: acender um fogo.
Encher baldes até ao topo é inútil. Rapidamente o peso se torna excessivo, acabando os “baldes” por se livrarem de tudo o que não conseguem vislumbrar para que lhes pode servir. É por isso que atualmente há “baldes vazios por todo lado e isso assusta; enchem salas e salas”.
“Ensinar não é
passar mercadoria de um lado para o outro; mercadoria feita de factos, datas e
definições”. Ensinar é outra coisa, é contagiar com uma “curiosidade que
avança, sem pausas, para o que é forte e brilha”. Avançar “com esse entusiasmo
que quase queima, de modo benigno, todos que por ali andam”.
Como em tudo o que é importante na vida, também em educação não há nada, absolutamente nada, que substitua o entusiasmo. Nem métodos pedagógicos, nem progressões na carreira, nem aumentos salariais, nem ações de formação, nem vocações, nem nada.
Tudo isso são coisas úteis, necessárias e que ajudam a que um sistema educativo ande melhor, ou mesmo muito melhor, contudo, nada disso substitui o entusiasmo,.
“A utilidade é
aquilo que anda, o entusiasmo é aquilo que salta”.
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