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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2025

Todo o cais é uma saudade de pedra

Existe um lugar ali para os lados do Cais de Sodré, que se chama British Bar. No seu interior há um relógio em que o tempo anda ao contrário.  O estabelecimento foi inaugurado em 17 de Fevereiro de 1919, Carlos Botelho, o pintor de Lisboa, frequentou-o, bem como Fernando Pessoa. Em 1997, José Cardoso Pires lançou um livro intitulado “Lisboa, livro de bordo” e nele descreve esse bar dizendo que “Tem um sabor a cais sem água à vista”. Em “Lisboa, livro de bordo”, José Cardoso Pires fala-nos em determinado momento daquilo a que chamamos “fazer horas”, ou seja, dessas ocasiões em que aguardamos por algo ou alguém, ou simplesmente nada temos que fazer. Nesses contextos, ou caminhamos pelas ruas sem destino algum e deixamos que o tempo passe, ou então procuramos um lugar para atracar. O British Bar é o local onde frequentemente aportam marinheiros sem rumo, que navegam pelos passeios e calçadas da cidade sem ir a sítio algum, e que se limitam a distraidamente deixar que os minutos se su...

Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo, Transeunte inútil de ti e de mim, Estrangeiro aqui como em toda a parte

Ao tempo em que andávamos na escola primária, já lá vão muitos anos, conhecíamos um cachorro chamado Tejo. Um dia a nossa professora mandou-nos fazer uma composição sobre o Tejo, consequentemente, escrevemos sentidas frases sobre o dito canídeo. Ao ler o nosso texto, a docente fez longas considerações a respeito da nossa pouca inteligência, pois na verdade o que ela queria, era que fizéssemos uma redação sobre o rio e não acerca do cão, que ela aliás nem sequer conhecia. Haverá poucas gentes, que tendo concluído com aproveitamento a escolaridade obrigatória, nunca tenha ouvido a estrofe inicial de um poema de Fernando Pessoa em que se diz assim: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. Pela mesma ordem de razões, também é muito conhecida uma estrofe de um poema de Cesário Verde, que começa do seguinte modo: “Nas nossas ruas, ao anoitecer,  Há ta...