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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2024

Do ponto de vista correto, tudo é belo, só há linhas, formas, luzes, sombras e poesia.

Há coisas que são mesmo feias e sem qualquer interesse, diz-se por vezes. Talvez não, dizemos nós. Provavelmente certas coisas, só nos parecem malfeitas e desinteressantes, porque não as olhamos do ponto de vista correto, nem à luz certa, nem damos o devido valor às linhas que lhes dão forma. É esta a nossa tese, existindo o ponto de vista correto, a luz certa e a atenção às linhas que lhe dão forma, não há coisa alguma, que não seja bela. Comecemos pelas linhas e com a imagem abaixo. Se víssemos apenas os riscos abstratos à direita, desenhados por Kandinsky, provavelmente pouco lhes ligaríamos, dado serem bastante elementares. Já se virmos essas mesmas linhas acompanhadas pela dança e pela bailarina que as inspirou, à esquerda na imagem, tais triviais traços, por muitos simples que sejam, parecem-nos logo mais interessantes, o mesmo é dizer, belos, complexos e até poéticos. Cremos que a imagem acima, é um exemplo inequívoco, de que as linhas que delimitam e dão forma às coisas, podem ...

Só há três maneiras de viver neste mundo: ou bêbado, ou apaixonado, ou poeta

  A frase que dá título a este texto, “Só há três maneiras de viver neste mundo: ou bêbado, ou apaixonado, ou poeta”, é do escritor e pintor surrealista Mário Cesariny (1923-2006). Cesariny cresceu no coração de Lisboa, num velho prédio no Poço do Borratém, ali junto ao Martim Moniz, numa rua onde dantes havia umas tascas, que todos os dias serviam bacalhau assado e iscas fritas. Desde cedo desprezou os manuais escolares e os professores, dava-lhe mais jeito ir para os cafés da Praça do Chile, que nesse tempo eram muito frequentados pelos cábulas da antiga Escola António Arroio e do Liceu Camões. A poesia veio depois. Na primavera de 1947 Cesariny descobriu o surrealismo, partindo de imediato para Paris com intuito de ir conhecer alguns daqueles, que uns vinte e tal anos antes, mais concretamente em 1924, tinham fundado esse movimento artístico. Cesariny foi o maior dos surrealistas portugueses, mas não é apenas nele que se centra este nosso texto, mas sim também no centenário do s...

Uma escola com nome de poeta, mas cuja poesia está na arquitetura

  A fotografia que encima este texto ilustrou uma notícia do jornal Público e retrata um corredor da Escola Teixeira de Pascoais em Lisboa. A escola esteve anos em obras, sendo que, nesse longo período, foram muitas as reportagens que as TV’s e jornais dedicaram a tal empreitada. Para além de todos os habituais inconvenientes que as obras sempre trazem, durante esse tempo ninguém pôde usufruir desse belo edifício escolar e da sua delicada, sofisticada e poética arquitectura. Abaixo fica o link da dita notícia, cujo título reza assim: “Os alunos da Escola Básica Teixeira de Pascoais já não têm aulas em contentores” : https://www.publico.pt/2022/09/19/local/noticia/alunos-escola-basica-teixeira-pascoais-ja-nao-aulas-contentores-2021099 Houve um tempo em que por Portugal inteiro se construíam escolas primárias todas iguais umas às outras, ou somente com umas leves diferenças. O objetivo nessa época, era que a arquitectura das escolas fosse uma espécie de ilustração dos valores do regi...