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A mostrar mensagens de setembro, 2024

Obras na escola e obras de arte, vistas de rio, sexo, política e afetividade, e um crocodilo

Na imagem temos uma obra de arte, que parece ela própria estar em obras. Há obras intermináveis, umas porque nunca mais acabam, outras porque são infinitas. Seja em qual dos casos for, nós gostamos da ideia de obras que não terminam e que se perpetuam no tempo trazendo consigo memórias do passado e projetando-se no futuro. Aquilo de que não gostamos é de obras paradas e estagnadas, que transformam o presente num sujo pântano onde não há sonhos, deixando-nos fracos e sem ânimo. Lá mesmo para o fim deste texto, contar-vos-emos uma lenda a este propósito. Antes disso, vamos ao dia de anteontem, sexta-feira 13 de setembro, em que o jornal Público trazia um artigo relativo à Escola Secundária Camões em Lisboa. O artigo iniciava-se assim: “Fernanda Fragateiro mudou o rosto do Liceu Camões – toques de Midas numa ópera universal. Uma data, uma frase, uma cor. A partir deste ano lectivo, a escola de Lisboa quer estabelecer um diálogo ou uma discussão com a (sua) memória e com o que a rodeia.” C

Nós já não sonhamos como há cem anos, temos outros fetiches

Há 100 anos os sonhos eram desiguais, e por isso, em 1914, inventaram o surrealismo. Precisamente há um século, um punhado de gente decidiu que iria realizar algo de radicalmente diferente. Algo que desse a ver, a escutar e a ler, o que antes nunca ninguém tinha visto, escutado ou lido, a saber, aquilo que anda pelo nosso inconsciente. O inconsciente, como se sabe, é um lugar profundo dentro de nós donde nascem as paixões, os desejos, os anseios, os traumas e os medos. Em muitos milénios, esse fundo mundo, só nos era acessível pelos sonhos, no entanto, com a invenção do surrealismo, essa galáxia submersa na nossa mente, passou também a ser penetrável através da arte. O inconsciente passou a poder ler-se em incompreensíveis romances e em extravagantes poesias, assim como a vislumbrar-se em bizarros filmes, e ainda a contemplar-se em paradoxais esculturas, em estapafúrdias fotografias e em incongruentes pinturas. Abaixo “Canto d’amore”, uma pintura surrealista de 1914, obra da autoria de

E quando as palavras estão inquinadas: Quino

Falávamos no nosso anterior texto, das palavras, da sua infinitude e da imensa riqueza que é a existência de inúmeras línguas, pois cada uma delas corresponde a uma visão do mundo, a um vasto horizonte.  Contudo, também referimos que há agora quem deseje que não se conheçam assim tantas palavras e prefira que não se saibam muitas línguas, ou seja, que não se veja muito longe. No fundo, alguém que assim o prefere, provavelmente sente-se ameaçado pela extensão do mundo, pelas tantas gentes diferentes que nele há e pela amplidão do conhecimento. Assim sendo, defende-se dos seus receios e entrincheira-se na sua restrita visão da realidade, como se essa fosse a única válida. Esse alguém será portanto pessoa de poucas palavras e que opta categoricamente pelas vistas curtas, pois é diante uma concepção circunscrita da vida e do universo que se sente segura e tudo lhe parece ser perfeitamente compreensível. Aqui fica esse nosso texto anterior: https://ifperfilxxi.blogspot.com/2024/09/que-nunca