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Neste verão, querem lá ver que há fitas (Crónica de um Verão)

Nesta época do ano, há que voltar à realidade, pois as férias findam. Há por isso muito quem se lamente e pense, que deveria ser possível prolongar o tempo de lazer indefinidamente. No entanto, tal é impossível. Terminamos hoje, último dia de Agosto, esta nossa série de textos dedicados às fitas de Verão. Findamos com “Chronique d'un été”, uma película realizada em 1961 por Jean Rouch e Edgar Morin. Uma fita realmente impossível, mas que na realidade foi possível. Não há nada melhor para nos trazer um pouco de felicidade no fim das férias, do que um filme simultaneamente possível e impossível, e ainda para mais, um realizado em conjunto por um etnólogo, Jean Rouch, e por um antropólogo, sociólogo e filósofo, Edgar Morin. Abaixo na imagem, os dois todos contentes da vida, a discutirem como fazerem a sua fita. Em boa verdade tiveram muito que discutir, sendo que essas discussões foram filmadas e integram o próprio filme. Logo a primeira das discussões, era se o filme seria ou não faz...

Neste verão, querem lá ver que há fitas (Conto de Verão)

Gaspard não é um sedutor, na verdade é apenas um jovem frágil e inseguro. No entanto, sem que percebesse como, vê-se envolvido com três moças em simultâneo, não sabendo bem para que lado é que se há de virar. Ainda para mais, todas as três o pressionam e insistem com ele para que faça uma escolha. Constata-se assim, que as moças não têm a menor piedade pelo seu frágil estado e pela indecisão em que o pobre do Gaspard se encontra. Coitado do rapaz. É este o contexto de “Conto de Verão”, uma película de 1996 realizada por Éric Rohmer, que é a penúltima escolha desta nossa série de textos, que ao longo deste mês de Agosto dedicámos a fitas de Verão. Abaixo à esquerda Gaspard e Margot, ao centro Gaspard e Solène, e à direita Gaspard e Léna. Gaspard é estudante de matemática e toca guitarra nas horas vagas. Como tanta gente o faz durante o Verão, também ele foi passar as férias junto ao mar, e mais concretamente, a uma das muitas praias da Bretanha. Gaspard não escolheu o local estival ao a...

Neste verão, querem lá ver que há fitas (Meia-Noite em Paris)

O que terá Paris a ver com um rinoceronte? E será que uma rosa é uma rosa é uma rosa? Por que há gente pedante e casamentos destinados a falhar? E viajar no tempo, será porventura possível? E a Kiki, o que terá ela a ver com tudo isto? As respostas a todas estas questões chegam já em seguida, aqui, neste blog. Caminhamos para o fim do mês e também para o término desta nossa série de textos dedicados a fitas de Verão. Mas por ora não, até lá restam-nos ainda uns últimos resquícios, ou seja, os derradeiros dias deste presente Agosto. Como se sabe, quando Paris se encaminha para o desfecho de Agosto, não raras vezes a sua luz torna-se difusa, a folhagem das árvores fica dourada, há intermitentes nuvens e uma ou outra chuvada. Paris no final de Agosto gosta de se apresentar com prenúncios de Outono. Foi essa atmosfera levemente melancólica, que Woody Allen captou no início do seu filme “Midnight in Paris”, uma fita de 2011. Vejamos então como é Paris quando caminha em direção ao Outono. Fa...

Neste verão, querem lá ver que há fitas (Os Inadaptados)

  Continuamos agora a nossa série de textos deste Agosto dedicados a fitas de Verão. Hoje vamos a Reno, uma pequena cidade situada no Nevada, próxima da Califórnia, que é uma das estâncias de férias favoritas dos americanos. Reno tem casinos, atividades lúdicas, paisagens montanhosas e extensos e belos lagos para nos banharmos.  Mas antes irmos a Reno, vamos dar uma longa volta pela alma da América, essa que porventura se espelha nos seus filmes. Quem nunca se espelhou ou identificou com um personagem de um filme? Certamente que há poucos, que num momento ou outro, não tenham sentido que poderiam ser quem veem no ecrã. Não haverá muito quem tenha visto uma fita, e não tenha experimentado a sensação que um dos personagens tinha características afins às suas (ou às que se desejaria possuir). Todos nós, alguma vez, julgámos que éramos (ou desejámos ser) como o Batman, o Tarzan, o Indiana Jones, um belo galã, uma heroína romântica ou uma implacável sedutora. Todos nós, temos um ou...

Neste verão, querem lá ver que há fitas (A Lei do Desejo)

Continuamos esta nossa série de Agosto, com textos dedicados a fitas de Verão, hoje o escolhido é “A Lei do Desejo”, filme de 1987, realizado por Pedro Almodóvar. Nos Anos 80 vivia-se por Madrid aquilo a que chamaram La Movida. Após décadas de ditadura, Madrid era uma cidade que ansiava por liberdade.  La Movida foi a concretização dessa ânsia, foi um tempo que se caracterizou por uma grande liberdade de expressão nas mais diversas áreas, como por exemplo, na música, na moda, no cinema e na arte. No fundo, La Movida reflectia o desejo imenso de modernidade e da abertura que as gentes madrilenas possuíam. Foi um período muito activo, que incluía também uma vida noctívaga intensa em bares, cafés e discotecas de "culturas alternativas" ou "subterrâneas" (em inglês underground). O dito favorito dessa época era “Madrid me mata”. Foi no ambiente de La Movida que surgiu o mais célebre cineasta espanhol das últimas décadas, a saber, Pedro Almodóvar. Nesse tempo nada era tab...