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Neste verão, querem lá ver que há fitas (Antes do amanhecer)

Continuamos hoje a nossa já extensa série de textos dedicados às fitas de Verão, estação do ano em que é costume fazerem-se prolongadas viagens em direção a distantes paragens. É certo que agora as viagens já não parecem ser tão dilatadas, há pacotes com tudo organizado ao milímetro e com horas cronometradas ao minuto, de modo a que os turistas possam ir a qualquer um sítio do mundo sem perder mais tempo do que o suficiente para tirarem muitas fotos, as publicarem nas suas redes sociais, e de caminho comprarem uns souvenirs para depois regressarem a casa contentes e felizes da vida. Mas daquilo que hoje vamos falar é desses tempos em que a palavra viagem ainda rimava com a palavra aventura, e em que viajar implicava imprevisibilidade e demoradas deslocações e esperas. Pensemos por exemplo, nessas longas viagens de comboio de tempos não assim tão distantes, que duravam dez, quinze, vinte ou mais horas, e em que nas quais se fazia a travessia de um dia e de uma noite inteira, para se che...
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Neste verão, querem lá ver que há fitas (As Pequenas Margaridas)

Continuamos hoje a nossa série de textos dedicados a fitas de Verão, sendo que desta vez vamos até Praga, mas não à actual, que é perfeita para weekend city break’s, para nómadas digitais e para excursões de reformados. A Praga a que vamos é a capital de um país que já não existe, e que se chamava Checoslováquia. A mais célebre estação do ano nessa antiga capital europeia nem sequer é o Verão, é sim a Primavera de Praga, primavera essa, que terminou abruptamente em 21 de agosto de 1968.  Findou com tanques a entrar por Praga afora num dia de Verão. Antes desse dia 21 de agosto de 1968, a Checoslováquia, mas sobretudo a cidade de Praga, andavam inquietas. A vida tal como a viviam os checoslovacos já não fazia sentido, tudo era demasiado pastoso, havia regras em excesso, a burocracia reinava, as pessoas eram vigiadas e controladas, e a descrença geral estava instalada. Nisto, ali por meados da década de 60, surgem jovens escritores, artistas, músicos e cineastas que vêm agitar águas....

Neste verão, querem lá ver que há fitas (Oslo, 31 de Agosto)

Passada a primeira quinzena de Agosto, agora a contagem é claramente decrescente, pois já não restam dúvidas que a pouco e pouco, o Verão se encaminha velozmente para o seu fim. Enquanto tal não acontece, nós vamos continuando com esta nossa série de textos dedicados a fitas de Verão. Para adiantarmos serviço, hoje vamos falar-vos de um filme que não se fica pela primeira quinzena do oitavo mês do ano, e vai logo directo para o seu último dia, “Oslo, 31 de Agosto”. Trata-se de uma obra de 2011, que foi realizada por Joachim Trier. Logo pelo título da película, percebe-se que aquilo de que se fala é de fins, ou seja, daquilo que já findou ou está mesmo a acabar. Anders tem 34 anos, é um rapaz bonito, inteligente e proveniente de boas famílias. Esteve ausente da sua cidade durante um bom tempo, em tratamento numa clínica de desintoxicação. Regressa a Oslo e recorda-se dos erros do passado, de quem decepcionou e das oportunidades perdidas. Tem imensas dúvidas e angústias sobre a possibili...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Adeus, Philippine)

Continuamos a nossa série de fitas de Verão com “Adeus, Philippine”, película que se inicia em Paris no ano da graça de 1960. Michel, o personagem principal, trabalha como operador de câmara numa estação televisiva. Nesse contexto, conhece duas moças, Liliane e Juliette, ambas jovens aspirantes a serem actrizes televisivas. Foi precisamente nesses anos, que a televisão começou a ganhar força como um meio de comunicação de massas.  Em França, no início da década de 60, apenas uma em cada dez famílias possuía um aparelho de TV, sendo que, no final desse mesmo decénio, já eram nove em cada dez, os lares que possuíam televisão. Nesse tempo descobriu-se que a televisão era um meio de comunicação poderoso, mas descobriu-se igualmente, que apesar de também lidar com imagens em movimento, a TV jamais seria como o cinema. A dado momento do filme “Adeus, Philippine”, há alguém que diz, “afinal de contas isto é só televisão”. A expressão “isto é só televisão”, denota que as imagens pensadas p...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Um Peixe fora de Água)

Continuamos a nossa série dedicada a fitas de Verão, hoje vamos a uma película cuja história nos fala do mar e que decorre por entre certas ilhas da Riviera Italiana. Ah…la dolce riviera, local de veraneio de gente de extremo bom gosto: gli eletti, i fortunati. De facto, nem tudo é para todos, há coisas que são só para alguns, para uns felici pochi: os eleitos e afortunados. Alguém decidiu que em português, o filme de que hoje vos vamos falar, teria o título “Um Peixe fora de Água”. O porquê de tal escolha é óbvio, o tradutor acreditou que a popular expressão “peixe fora d’água”, atrairia muito mais espectadores às salas de cinema, do que a tradução literal do título original: “The Life Aquatic with Steve Zissou”. Enganou-se. “The Life Aquatic with Steve Zissou” foi realizado por Wes Anderson em 2004 e para um filme assim muito a atirar para o alternativo, conta com um absolutamente invulgar número de estrelas de Hollywood, gente como por exemplo Bill Murray, Owen Wilson, Willem Dafoe,...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (As Donzelas de Rochefort)

  E eis que chega o Verão a Rochefort, uma pequena localidade estival francesa junto à costa atlântica. Em Rochefort vivem Delphine e Solange, duas irmãs gémeas que dão aulas de dança e música a crianças. Ambas ambicionam ir um dia para Paris e viver na grande cidade. Continuamos a nossa série de textos dedicada a fitas de Verão, hoje com o filme “Les Demoiselles de Rochefort”, película realizada em 1967 por Jacques Demy, e protagonizada por Catherine Deneuve (Delphine) e pela sua irmã Françoise Dorléac (Solange). Significa isto que Delphine e Solange eram irmãs na fita, mas as actrizes que as interpretavam, Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, também o eram na vida real. “Les Demoiselles de Rochefort” é um filme que irradia alegria e felicidade, adivinha-se que o realizador, as actrizes e os demais elementos da equipa, estavam em estado de graça. Todavia, passado pouco tempo do filme estar terminado, Françoise Dorléac faleceria vítima de acidente de automóvel com apenas 25 anos ...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Homens ao Domingo)

  E há um século Berlim existia e ainda não tinha sido dividida por um muro, nem tinha em cima de si tristes e terríveis acontecimentos históricos. Há cem anos, Berlim era apenas a mais divertida, inventiva e livre cidade da velha Europa. Causa perplexidade ver, como é que uma cidade cujos costumes eram altamente liberais até para os dias de hoje, se tornou uns anos depois na capital do Terceiro Reich. Causa impressão perceber, como é que uma cidade que vibrava com novidades artísticas e culturais, se transformou num instante na reacionária e castradora urbe da época nazi. Causa estupefação constatar, como é que gente amável e alegre, se transfigurou tão subitamente e se deixou envenenar completamente pelo ódio e pela crueldade. Abaixo um grupo de berlinenses em 1929, que conjuntamente com muitos outros que habitualmente faziam o mesmo, passam um domingo de Verão no lago de Wannsee, que fica mesmo pertinho de Berlim, para se banharem nas suas praias e passearem pelos parques circun...