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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2025

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Verão prematuro)

  Na imagem, junto ao mar, tendo o horizonte como pano de fundo, duas mulheres. Uma é moderna e sente-se independente, a outra é tradicional e depende totalmente do seu marido e respectiva família. São ambas personagens japonesas, do início dos anos cinquenta, época das grandes transformações surgidas do pós-guerra. É fácil de perceber se um país tem ou não um espírito inovador, é só irmos ver dez minutos de anúncios na televisão e constatar o tipo de publicidade que nele se faz. Nos países inovadores, a publicidade faz apelo aos valores da modernidade e da contemporaneidade, propõe rupturas com o passado, e promove o ser-se livre e independente como um ideal de vida. Já nos países mais tradicionalistas, sucede o exacto oposto, pois nesses casos, a publicidade fomenta antes os valores de sempre, os que já vêm do tempo dos nossos avós. Para além disso, nos países menos dados à inovação, a independência é pouco valorizada, e são os sempre iguais rituais grupais, e muito particularmen...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (A Ultrapassagem)

  A cidade é Roma e o tempo é de Verão. Há um tímido estudante que se chama Roberto e há também um quarentão cujo nome é Bruno. Os seus destinos cruzam-se e, para o mais jovem, esse encontro vai ser fatal. É esta a síntese da fita “A Ultrapassagem (il Sorpasso)” de 1962, mas depois há muito mais do que isso.  Bruno, o quarentão, é interpretado por Vittorio Gassman, que estava num dos momentos altos da sua carreira. Era muito respeitado pela seriedade intelectual do seu trabalho como actor, mas era simultaneamente visto como o galã de serviço na Itália daquele tempo. Gassman interpretava Shakespeare, Dostoyevsky e os gregos nos mais eruditos teatros italianos, de modo que todos os intelectuais o aplaudiam de pé. No cinema participava em populares filmes de drama e de comédia, que atraíam autênticas multidões às salas só para o ver. Em resumo, Gassman era uma estrela, e tudo em que se metia transformava-se num êxito. Em Itália, todos os conheciam como il mattatore. Aqui o vemos ...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Querido Diário)

Continuamos a nossa série dedicada a fitas de Verão e vamos a Roma, a cidade eterna, o título original do filme de hoje é “Caro Diario”. ´ A história desta película, se porventura tal história existe, é simples, num primeiro momento Nanni Moretti, que é simultaneamente o realizador, o actor e o principal personagem do filme, passeia-se numa Vespa por uma Roma escaldante e deserta, durante os quentes dias do Verão de 1994. Mais tarde, viaja com um amigo pela Sicília, e na terceira e última parte do filme consulta médico atrás de médico, à procura de solução para uma irritação cutânea que lhe provoca muita comichão. Vejamos a primeira parte de “Querido Diário”, na qual Nanni Moretti se passeia por diversos locais de Roma. Quem espera ver na tela o Coliseu, o Panteão, a Fontana di Trevi, a Piazza Navona ou as escadarias da Piazza di Spagna, desengane-se, a Roma de Moretti é outra. “Il quartiere che mi piace più di tutti è la Garbatella” , o bairro de que mais gosto é da Garbatella, diz-no...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (Ladrão de casaca)

  Nesta nossa série dedicada a fitas de Verão, falámos ontem do filme “O pecado mora ao lado”, cuja personagem principal é interpretada por Marilyn Monroe. Hoje vamos falar-vos da película “Ladrão da casaca”, cuja protagonista é a actriz Grace Kelly. Não foi por acaso que ontem tivemos Marilyn e hoje temos Grace, foi sim porque apesar de ambas serem loiras, elas representam paradigmas opostos do eterno feminino. O “Ladrão de casaca” foi realizado por Alfred Hitchcock, cineasta que sempre preferiu as loiras, mas isto apenas no que concerne aos seus filmes, pois na realidade foi toda a vida casado com uma mulher de negros cabelos, de seu nome Alma Reville. Aparentemente Hitchcock era obcecado por sexo e sobretudo com loiras, todavia, e tanto quanto se sabe, foi sempre fidelíssimo à sua legítima esposa. Digamos que essa sua obsessão era platónica e manifestava-se única e exclusivamente no seu trabalho cinematográfico. Pelos seus filmes passaram todas as mais célebres e fogosas loiras ...

Neste verão, querem lá ver que há fitas! (O pecado mora ao lado)

  Vá-se lá a saber porquê, mas o certo é que o pecado nunca mora longe, por alguma estranha razão, habita sempre nas imediações, quando não mesmo ao lado. A fé, a humildade, a paciência, a prudência e outras tantas virtudes têm tendência para residir em sítios distantes, mas já o pecado gosta de se domiciliar por perto, num local próximo, que fique mesmo à mão de semear. Como ontem anunciámos, vamos hoje inaugurar uma série que se prolongará até ao final de Agosto. Dedicaremos este período de tempo a fitas de Verão, ou seja, a filmes cuja história decorre nos mais quentes dias do ano. As razões pelas quais o fazemos foram expostas no nosso anterior texto, se alguém as quiser ler é só abrir o seguinte link: https://ifperfilxxi.blogspot.com/2025/07/neste-verao-querem-ver-que-ha-fitas.html Dito isto, vamos à nossa primeira fita desta série, “O pecado mora ao lado”. O título original da película é “The seven years itch”, o que, traduzido para português, daria qualquer coisa como a comi...