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Rio-Sydney ida e volta - Como fazer turismo sem sair de casa



Ora viva! Por casa continuamos. No lar é que estamos bem, isto é que são férias a valer. Até chegar setembro, daqui não saímos. Dito isto, vamos lá ao sétimo episódio da nossa série, “Como fazer turismo sem sair de casa”.

Como é verão, nada melhor do que irmos à praia dar um mergulho e apanhar um escaldão. Qual Algarve, qual Carcavelos, qual Figueira da Foz, qual quê? Não sejam modestos a pedir, vamos é já diretos para o Rio de Janeiro, para Ipanema ou Copacabana. Ou então para Sydney, para Bondi ou Palm Beach. Qualquer uma delas é uma beach fixe (um pequeno aparte para chamar a atenção dos nossos leitores para esta original rima poética beach/fixe).
Mas o quê? Não nos digam uma coisa dessas! Com que então não querem ir? Há muita ladroagem no Rio e em Sydney os tubarões estão à espreita?
Caros leitores e companheiros de viagem, “don’t worry, be happy”. Estejam vossemecês descansados, que nestes nossos percursos pelo mundo, nem sequer necessitam de se levantarem de onde estão, por conseguinte, a vossa carteira está em perfeita segurança e não há um só tubarão que vos venha abocanhar e tirar-vos um qualquer pedaço do lugar.
Assim sendo, vamos lá então, toca tudo a andar. Rio e Sydney são o nosso destino.

Um dia, há muitos anos, mais concretamente em 1985, os AC/DC estiveram no Rio de Janeiro. Haverá lá coisas menos afins que os AC/DC e a cidade carioca? Na nossa opinião, não.
No entanto, deveria existir uma qualquer afinidade entre ambos, por isso fomos buscar o assunto. Com efeito, os AC/DC foram meninos que cresceram em Sydney, uma cidade, que tal como o Rio, está à beira-mar.
Como todos sabemos, há muitas e belas praias no Rio, e outras tantas as há em Sydney. São ambas cidades tipo “easy living”. Por assim ser, questionamo-nos sobre o que terá corrido mal na meninice dos membros dos AC/DC, para optarem por um estilo musical tão zangado e agreste como o Hard Rock, ao invés de por sonoridades mais conformes com o suave baloiçar das ondas e com as gentis brisas marítimas. Sons mais “cool”, tipo Bossa-Nova, seriam mais apropriados.
Se tivessem crescido numa cidade fria, degradada e feia ou coisa assim, compreendia-se, mas tendo sido em Sydney, é absolutamente incompreensível. Escapa-nos completamente a razão para toda aquela furiosa gritaria em por exemplo “Highway to Hell”.
Mas por que carga de água, alguém que cresça em Sydney, quererá apanhar uma autoestrada para o inferno? Deixamos-vos esta perturbante questão, para a qual não encontramos qualquer resposta razoável ou justificação minimamente plausível.
Em boa verdade, a nossa pergunta era retórica. Queremos nós cá saber, o que lhes aconteceu. Era fácil irmos à internet em busca de uma resposta ou razão, mas não nos apetece. Não nos importa para nada tais minudências biográficas, pois nem sequer gostamos da música dos AC/DC. Gostamos sim do Rio.
Apesar de não queremos saber, vamos voltar à questão, pois não conseguimos resistir a uma boa interrogação. Talvez o que tenha acontecido aos membros dos AC/DC, foi que em pequeninos, eram uns meninos muito lindos e as respetivas mamãs gostavam de os levar à praia para os mostrarem a amigas e conhecidas. Contudo, o fato de banho assentava-lhes mal. A todos e a cada um deles. Consequentemente, faziam uma enorme birra, punham-se num berreiro sem fim, e vai daí, nunca mais pararam e fizeram toda uma carreira musical à conta dessa gritaria.
Só para que possam constatar o quão desengraçados são os AC/DC em traje estival, deixamos-vos uma foto da banda tirada na praia de Ipanema em 1985. Digam lá se não dá mesmo vontade de mandar vir uns tubarões?

Concordam connosco que provavelmente o problema teve origem nos fatos de banho dos meninos? Sim? Pois ainda bem, assim é que nós gostamos de falar, com gente que nos entende.
Analisemos agora o tema dos AC/DC “Back in Black”. Talvez a letra nos fale de um regresso, lá pelo meio daquela chinfrineira toda. Mas que tipo de regresso terá sido esse?
Se porventura alguém aguardava que os rapazes voltassem, quando efetivamente chegaram, o mais provável é que esse mesmo alguém lhes tenha dito que o melhor era terem-se deixado ficar por onde estavam, em vez de regressarem para lhe azucrinar os ouvidos.
E já agora, porquê “Back in Black”? Estavam de luto? Morreu alguém? Terão sido as mamãs? A dona da loja de fatos de banho? Quem?
Tantas questões, tanto barulho, e tão poucas respostas, assim não dá para grandes análises.
Claro que não vos vamos sugerir que escutem o tema “Back in Black”, vamos partir do pressuposto que todos já tiveram o desprazer de o ouvir. É tal e qual um ruidoso escape de uma motorizada, toda a gente em alguma ocasião já o ouviu, sabe-se do que se está a falar, não vale a pena explicitá-lo.
O que vale a pena sim, é ouvir um tema com música de Tom Jobim e letra de Chico Buarque, que se intitula “Sabiá”. Também esta canção nos fala de um regresso, mas de um a sério, terno e melodioso, e não uma coisa de pôr os nervos em franja a toda à vizinhança.
Chico Buarque escreveu a letra da canção “Sabiá” ainda antes de saber que teria “obrigatoriamente” de viajar. Antecipou pela sua escrita, o que efetivamente mais tarde viria a suceder: o seu exílio.
Meses antes de ser obrigado a partir, Chico cantou para quem o quisesse ouvir, que iria voltar. Algum tempo depois, partiu. Catorze meses após, voltou.
Enquanto aguardamos por setembro, para também nós regressarmos, escutemos a canção de Tom e Chico, na qual se celebra a imensa alegria de voltar:


Por tudo o que acima dissemos, nós, quem vos escreve, recusamo-nos terminantemente a identificar Sydney com a agressiva música dos AC/DC. O ano de fundação da ruidosa banda, é precisamente o ano em que na bonita, plácida e vasta baía de Sydney, foi inaugurada uma bela, elegante e moderna ópera.
Nasceu nesse instante um clássico instantâneo, um autêntico ícone: The Sydney Opera House.

Talvez haja quem pense, que a erudição, a delicadeza e a sofisticação da música operática, pouco terão que ver com a rudeza da Austrália, e mais concretamente, com Sydney. Quem assim pensa, desengane-se.
Bom, é certo que os estereótipos associados aos australianos dão a entender que estes serão um tanto ou quanto broncos. As abundantes canecas de cerveja, o rugby, o surf, a Kylie Minogue, o Crocodile Dundee, já para não voltarmos a falar dos AC/DC, contribuem decisivamente para essa imagem, de que serão gente menos dotada em termos mentais, mas a verdade é outra, isso garantimos-vos nós.
Também se diz, que a mais profunda querela intelectual de que os australianos são capazes, é a discussão entre os que têm como animal favorito os Koalas, e os que preferem antes os cangurus, mas asseguramos-vos que é um maldoso boato.
Em síntese, o que se diz dos australianos não é pouco, mas nós não acreditamos em más línguas. Ainda assim, estamos capazes de apostar que os AC/DC, em meninos, gritavam a plenos pulmões no recreio da escola: koalas, koalas, koalas…

Sejamos sérios, já vos dissemos que apesar dos estereótipos a eles associados, os australianos, e sobretudo os de Sydney, não são nenhuns broncos. Sabiam por exemplo, que uma das maiores cantoras de ópera de sempre é originária de Sydney? O seu nome era Joan Sutherland e era conhecia pelo mundo inteiro como La Stupenda, A Incomparável ou a Koloraturwunder.
Ouçamos a fineza da sua interpretação em o “Dueto das Flores”. O primeiro minuto e meio é só para aquecer a voz, a partir daí podemos escutar toda a sua magnífica coloratura, que em português, esclarecemos nós para um ou outro leitor mais iletrado em questões operáticas, significa a capacidade de se cantar diversas notas em uma única sílaba:


Se os australianos estão associados a alguns estereótipos, às gentes do Rio sucede o mesmo. Quem nunca ouviu dizer que no Rio é só samba, futebol e praia?
Mas também neste caso, queremos contrariar tais preconceitos. Queremos celebrar a sua magnífica literatura. Há muitos autores contemporâneos com que o podíamos fazer, mas vamos mais atrás, até ao século XIX.
Um dos maiores escritores de língua portuguesa é do Rio e chama-se Machado de Assis (1839-1998). O seu nível é igual, quando não superior, ao de Eça de Queiroz ou de Camilo Castelo Branco. Todavia, em Portugal não é muito conhecido nem estudado, não se percebendo muito bem porquê.
Estaremos nós portugueses enredados em estereótipos, preconceitos e julgamentos precipitados? Fica a questão.
Na sua mais célebre obra, “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o personagem principal, o já falecido Brás Cubas, reflete sobre o modo como os outros nos julgam, e isso nos condiciona, e também, como após falecermos, isso tanto nos dá como se nos deu:
“Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados."
Noutra passagem desse seu romance, Machado Assis descreve o encontro de um sacristão com uma pia dama. A escrita é de uma fina ironia e de uma capacidade de síntese, apenas ao alcance dos eleitos. Lemos umas poucas linhas e percebemos imediatamente toda a história:
"(...) o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se.”
E com esta história chegamos ao final da nossa viagem. Digam lá,  não foi uma coisa de categoria? Começámos com a chinfrineira dos AC/DC, com receios que a ladroagem vos roubasse a carteira e com medos que tubarões vos abocanhassem um bocado, fizemos o nosso caminho e acabamos com ópera e literatura do século XIX. Vale ou não vale pena viajar em casa?

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