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Rússia - Como fazer turismo sem sair de casa

 


Sim, claro que permanecemos metidos em casa, para nós não há melhor do que férias no lar, nada de vadiar. Se queremos passear, fazemo-lo através da nossa série para este verão “Como fazer turismo sem sair de casa”. É mais prático, económico e divertido do que andar por aí a cirandar. Neste sexto episódio vamos à Rússia. Não vai ser uma viagem agradável, mas sim trágica. Porém, dizemos-vos já que acaba bem.
A Rússia atual é governada por gente má. Por um mal-fadado destino, tal parece ser coisa recorrente. Basta que nos recordemos de Estaline, o pai dos povos, e dos largos milhões que pereceram e desapareceram por ordem sua. Podemos também recordar-nos daquele que foi o primeiro a ser coroado como czar de todas as Rússias, Ivan o Terrível (1530-1584), cujo cognome não nos deixa dúvidas sobre a natureza dos seus feitos.
Entre os “feitos” de Ivan o Terrível, conta-se o assassinato pelas suas próprias mãos do seu filho e herdeiro, aquando de um acesso de fúria. Abaixo uma pintura de 1885 de Ilya Repin, na qual se retrata esse tremendo momento.
Vale a pena observar atentamente os olhos de Ivan, pois dão-nos a entrever a imensidade do abismo que se esconde na alma russa.


Tendo sido a Rússia muitas vezes governada por gente impiedosa e cruel, isso em pouco diminui a enorme admiração que lhe dedicamos. Não há outro lugar em que alegrias e tristezas sejam tão profundas. Para o bem e para o mal, não há outro lugar em que se pense e se sinta de um modo tão diferente, grande e intenso como na Rússia.
Contudo, toda essa intensidade parece estar contida no interior de cada um. É como se todos temessem, que se porventura exteriorizassem essa intensidade, o resultado só pudesse ser tão catastrófico, como aquele que resultou da cólera libertada de Ivan o Terrível.
Por consequência de temerem libertar essa intensidade, na Rússia, a vida é vivida a partir de dentro, da alma. Os seus, pouco deixam que algo deles se vislumbre a partir do exterior. Na Rússia ferve-se por dentro, mas quem (desatentamente) observa do exterior, só consegue ver distância, altivez e frieza.
É como se nas gentes russas existisse um grande pudor em deixar ver o quão intenso é o que lhes vai pelo seu interior: o que pensam e sentem. Sejam alegrias, sejam tristezas, o que se vê de fora, é quase sempre reserva. Talvez por isso, haja um muito antigo dito popular que reza assim: Moscovo não acredita em lágrimas.

E se Moscovo não acredita em lágrimas, tão-pouco acreditará São Petersburgo, que já foi Petrogrado e Leninegrado. A cidade foi mandada erguer em 1703 pelo Czar Pedro o Grande, que queria ter a mais magnífica das capitais. Moscovo não lhe chegava e fez vir os maiores arquitetos, urbanistas e artistas do seu tempo. Aonde só havia lama e pântanos, nasceu uma das mais esplendorosas cidades do mundo: São Petersburgo.
Em 1941, a cidade foi cercada pelo nazis, que a queriam conquistar. Viveram-se então tempos horríveis. O cerco durou 900 dias. A fome e o frio muitos mataram, calcula-se que cerca de um milhão. Contudo, São Petersburgo, que então se chamava Leninegrado, resistiu.
Um dos momentos emblemáticos dessa resistência, ouve-se na Sétima Sinfonia de Shostakovich, também conhecida como a Sinfonia de Leninegrado.
A obra foi pensada para ser executada em pleno cerco, pela Orquestra da Rádio Leninegrado. Durante os ensaios, a maior parte dos músicos estava com fome. Havia frequentes desmaios e três músicos morreram enquanto tocavam. Ainda assim, a orquestra foi capaz de executar a sinfonia completa uma vez antes do concerto de estreia, que aconteceu no dia 9 de agosto de 1942.
Apesar da fragilidade dos músicos e dos espectadores, o concerto foi um sucesso e teve uma ovação que durou uma hora. Eram muitos os que na plateia choravam. Alto-falantes transmitiram o concerto por toda a cidade, de modo a que não só os seus habitantes, mas também as forças ocupantes, o escutassem.
Anos mais tarde, depois de findada a guerra, muitos foram os soldados alemães que confessaram ter sido nesse dia 9 de agosto de 1942, que perceberam que jamais seriam capazes de ocupar Leningrado, cidade que desde 1991 voltou a ter o seu nome original: São Petersburgo.

Em 1959, a Guerra Fria estava no seu auge. O famoso maestro norte-americano Leonard Bernstein, figura muito popular nos Estados Unidos, estava em Moscovo numa missão diplomática. O objetivo era dirigir um concerto com a New York Philharmonic Orchestra e através da música promover a paz entre os dois povos, os americanos e os soviéticos.
A ocasião era solene, o concerto seria transmitido para toda a Rússia e para toda a América. Bernstein, num gesto surpreendente, agradece a Shostakovich, que se encontrava na plateia, a sua maravilhosa música. Um momento que as câmaras registaram para a posteridade:

Apesar de ter sido erigido como um símbolo do heroísmo na luta contra os nazis, isso não livrou Shostakovich de, nos anos posteriores à guerra, ter sido perseguido pelo regime estalinista. Viveu o resto da vida na corda bamba, nunca sabendo se no dia seguinte iria ser deportado para um gulag, ou agraciado pelos seus serviços à pátria.
Aparentemente, o regime estalinista gostava de “brincar” com Shostakovich, e tanto o punha nos píncaros, como insinuava que a sua deportação estava iminente. O homem nunca sabia com o que contar e viveu anos e anos constantemente com os nervos à flor da pele, pois para ele nada era certo.
Este tipo de “brincadeiras” era muito comum, vinha já desde os anos 20, ainda antes da guerra. Era uma das principais razões, pela qual ninguém sabia bem o que dizer e fazer, e se era melhor falar ou estar calado.
Por via das dúvidas, usava-se de uma grande discrição e reserva, e tentava-se que ninguém percebesse aquilo em que se pensava. Mas até nisso se hesitava, não fosse alguém desconfiar, que se tinha algo a esconder.
Mikhail Bulgakov hesitou muito. Começou a escrever o seu romance “0 Mestre e Margarida” em 1928. Queimou o primeiro manuscrito em 1930, após ter tido conhecimento que um anterior livro seu tinha sido banido.
Mais sossegado, começou a reescrevê-lo do princípio em 1931. Após anos de dúvidas e reformulações, terminou-o em 1936. Não descansado, escreveu uma terceira versão em 1937. Estava a trabalhar numa quarta em 1940, quando morreu. A sua mulher terminou o trabalho em 1941.
Só em 1961 foi publicada na URSS uma primeira edição muito modificada e censurada. A versão integral só foi distribuída em 1971, ainda assim em cópias clandestinas. Em 1973 foi finalmente publicada a totalidade do romance de Bulgakov, mas não na URSS e sim na Alemanha.

“O Mestre e a Margarida” é um romance dificílimo de entender, é como a Rússia e as suas gentes. Nada do que é dito, o é explicitamente, tudo significa uma qualquer outra coisa.
As interpretações possíveis são várias, todas certas e todas erradas. Há na escrita de Mikahil Bulgakov um grande “pudor” e reserva em deixar ver o quão intenso é o que lhe vai pela alma. Nada quer revelar do que pensa e sente, pois isso podia custar-lhe a deportação para um gulag ou mesmo a própria vida, todavia, paradoxalmente, nada quer deixar por dizer.
Imaginem um escritor que tem um fogo de palavras, frases e histórias em si. Imaginem que quer pôr esse incêndio nas páginas de um livro. No entanto, sabe que terá de o fazer com a maior das discrições, de modo a que o que escreve esteja encriptado e seja difícil de compreender, mas simultaneamente compreensível. Esse escritor foi Mikahil Bulgakov.
Sabemos que a história roda em torno de um infeliz personagem, o Mestre, um autor que renunciou ao próprio nome e queimou os seus livros. Sabemos também que Satanás visita Moscovo e que alguém fez um pacto com o diabo. Terá sido Estaline? Há ainda um enorme gato negro que responde por vários nomes. Por fim, temos Margarida, que começa por ser a mulher amada, mas acaba por se transformar numa bruxa.
Para quem gostar de leituras desafiantes, aqui fica uma Ted Lesson:

É difícil falar da Rússia sem olhar às suas muitas tragédias, contudo, como tínhamos dito no início deste texto, queremos um final feliz, uma espécie de Hollywood Ending. Encontramo-la em casa, não na vossa nem na nossa, mas sim na Casa da Rússia.
“A Casa da Rússia” é um livro de John Le Carré que foi adaptado ao cinema. É do filme que vos vamos falar. Barley, interpretado por Sean Connery, é o chefe de uma editora britânica com negócios na União Soviética.
Katya Orlova é uma editora russa, interpretada por Michelle Pfeiffer, que tenta sem sucesso contatar Barley para lhe entregar um manuscrito proibido, para que ele o publique.
Ele vive em Lisboa, ela na URSS. Nenhum deles conhece pessoalmente o outro, mas os serviços secretos britânicos e a CIA insistem com Barley, para que ele vá à Rússia e tente trazer o manuscrito para ocidente. Barley não está para se meter em trabalhos, mas lá acaba por aceder.
Já na Rússia, envolve-se romanticamente com Katya. Ele sabe que aos serviços secretos britânicos e à CIA, pouco ou nada lhes importa o destino de Katya, apenas o manuscrito. Ele também sabe que se trouxer o manuscrito para ocidente, Katya será suspeita e se permanecer na Rússia, a sua sorte estará traçada.
Barley propõe então aos serviços secretos britânicos e à CIA um negócio: ele traz o manuscrito para ocidente e eles fazem com que Katya saia da URSS e chegue a Lisboa. O que acaba por suceder.
O filme termina com ambos a olharem as colinas de Lisboa, o Tejo e tudo, desde da janela da casa de Barley. Um Happy Ending que não vemos no trailer abaixo, mas que certamente conseguimos imaginar.

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