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On the Road (5): LA, onde o sol se põe, is my Lady

 


A Bigger Splash mostra-nos um típico dia da Califórnia, talvez em LA. É uma obra de 1967 de David Hockney, e nela se vê uma casa moderna com traços claros e rectilíneos, uma piscina, palmeiras ao fundo, e tudo isso envolvido num ambiente “warm and sunny, with a cloudless blue sky”.

Los Angeles tem uma imagem de marca relacionada com “swimming-pools”, sol e praia e, cá está, com Hollywood, o Passeio das Estrelas, Óscares e glamour. Quando alguém pensa em LA, o mais certo é que lhe passe pela cabeça coisas como a passadeira vermelha, gente com muito dinheiro, carros de luxo, cocktails tropicais e Malibu.

Ao pensarmos em LA, a ninguém ocorre o nome de artistas malditos e de gente de alma torturada pelo seu talento, assim tipo Van Gogh. Com efeito, LA é mais Pop. Não ocorre a ninguém, mas ocorre-nos a nós.
Como já temos dito e repetido ao longo desta nossa série de textos On the Road, na América nada é simples, tudo é sempre muito mais complexo do que à primeira vista parece ser. Ou seja, como já vamos ver, em termos de complicações psíquicas, LA em nada fica atrás de qualquer outro sítio dos USA.

Mas antes de nos dedicarmos a essas tais complexidades da cidade dos anjos (Angeles), aqui fica a “little bit of Sinatra”, com a bem-disposta canção “LA is my Lady”:



Dito isto, vamos às coisas complicadas. Comecemos pelo Sunset Bouvelard, que é o nome de uma longuíssima avenida que se inicia no centro da cidade, e se vai demoradamente estendendo por diversos quilómetros, sem nunca perder de vista as ondas do Oceano Pacífico.
É um longo caminho em que pelo Sunset Boulevard vamos acompanhados por palmeiras tropicais de ambos os lados da estrada. Durante o percurso atravessamos quase toda a cidade, passando por Beverly Hills e West Hollywood, para no final irmos desaguar na Pacific Coast Highway.


“Sunset Boulevard” é também um filme de Billy Wilder de 1950. Em português, a esse mesmo filme foi-lhe dado o título “O Crepúsculo dos Deuses”, e só por aí já percebemos que a narrativa pouco terá a ver com sol, praia, palmeiras e cocktails. No entanto, e ainda assim, há uma piscina logo no início da película, sítio onde aparece um morto.


Deu-se um homicídio numa das mansões de Sunset Boulevard. A polícia chega ao local e a partir daí, uma voz, a do morto, narra-nos todos os acontecimentos que conduziram a tal desfecho. Toda a trama iniciou-se uns seis meses antes.

O falecido é Joe Gillis, um argumentista falido, que estava afundado em dívidas e não tinha quaisquer perspectivas de futuro. Um dia, andando fugido, refugia-se numa decadente mansão, cuja proprietária, Norma Desmond, tinha sido uma grande estrela do cinema mudo, mas que, com o aparecimento do sonoro caíra no esquecimento.


Quando Norma sabe que Joe é argumentista, contrata-o para rever o argumento de “Salomé”, o filme que supostamente marcaria o seu regresso triunfante aos grandes ecrãs. O argumento era insuportável, mas o ordenado era razoável e Joe não tinha mais que fazer. No entanto, o que o destino lhe reservou não foi nada de agradável, pois acabou assassinado.

A condição que Norma impôs a Joe, foi que enquanto estivesse a trabalhar no argumento viveria instalado na sua mansão. Nela vivia também Max, que no tempo do cinema mudo tinha sido o realizador que dirigiu todos os filmes de Norma, mas que agora era o seu mordomo.



A simples tarefa de reescrever o argumento torna-se um pesadelo para Joe, sendo que a isso acrescentam-se as megalómanas exigências de Norma, bem como a sua completa insanidade. Joe desiste, não aguenta, vai-se embora, sendo por isso que Norma o mata, pois não suporta o abandono. Feitas as contas, ela já antes tinha sido abandonada por todo o público que no tempo do cinema mudo a venerava.

Quando tudo isto é descoberto, os jornais e televisões estão em cima do acontecimento, a notícia faz sensação: uma antiga estrela de cinema mata um jovem argumentista. No dia em que a polícia a vem prender, toda a imprensa está presente. Norma sente-se novamente uma estrela como era dantes. O seu mordomo Max, o antigo realizador, está lá para a dirigir diante das câmeras por uma última vez.



O destino de Norma Desmond mostra-nos que mesmo na solarenga e glamorosa LA, há trevas e almas torturadas. 

Um outro caso assim é o de Brian Wilson, líder, compositor e letrista da banda musical Beach Boys.
Num primeiro olhar, os Beach Boys aparecem-nos como uma banda simples: praia, sol, surf, uma vida despreocupada e divertida. 
As suas músicas pareciam ser composições para o verão, leves e frescas, ou seja, tudo muito “nice and easy”. Só que, conhecendo-se a história e escutando-se com mais atenção as melodias, verificamos que afinal não é nada disso.



Brian Wilson considerou o compositor barroco alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) como uma das suas maiores influências. Wilson disse assim numa entrevista: “Devo dizer que Bach foi de longe o maior inovador da história da música... Acho que eu próprio poderia ter sido um compositor clássico. Mas não como Mozart, Beethoven ou Tchaikovsky. Eu teria sido como Bach, usando o contraponto, sobrepondo os sons. De todos os compositores, ele é o que para mim mais sentido faz”.

Somente por estas palavras, já se percebe que a aparente leveza e simplicidade das canções dos Beach Boys, é bem capaz de ser bem mais complexa do que porventura parece.
Tendo em consideração o extenso e variado vocabulário musical de Brian Wilson, é fácil de ver que a sua abordagem à música se enquadra na estrutura musical barroca.
Em canções como “God Only Knows”, escutamos o ênfase que Wilson coloca no contraponto, algo que nos surge no canto harmonioso e que faz com que a melodia quase nos soe como se fosse uma sinfonia coral cantada à capela, tal e qual como se ouvia nas igrejas e catedrais à época de Johann Sebastian Bach.

Influências musicais eruditas é coisa rara, quase única, na música Pop. Acrescente-se a isso, que Brian Wilson foi também uma alma torturada, repleta de dúvidas e incertezas, facto que contrasta enormemente com a imagem que de si dava, ou seja, a de que passava a vida em praias, no surf, ao sol e a deliciar-se com cocktails tropicais.
As hesitações e dúvidas de Wilson escutam-se em muitas das suas composições. Por exemplo, quantas canções românticas, daquelas que nos falam de amor eterno, se iniciam como “God only Knows”, que logo para início de conversa, expressa uma certa incerteza na eternidade, “I may not always love you…”, e que depois mais à frente ainda acrescenta, “If you should ever leave me, thought life would still go on, believe me…”:



Durante a sua vida inteira, Brian Wilson foi um homem deprimido, paranóico e assolado por temores e inseguranças. Nesse contexto, um tema alegre e divertido como “Help Me Rhonda”, poderá afinal ser interpretado como um grito de pedido de ajuda. Se calhar, à canção intitulada "Fun, Fun, Fun" talvez pudesse ser dado o título “Sad, Sad, Sad”. Tal e qual como “Don't Worry Baby”, seria ao fim e ao cabo um apelo quase desesperado à calma.

Para terminar com o assunto Beach Boys, informamos-vos que Brian Wilson vive atualmente sob a tutoria da sua família, uma vez que no início de 2024 os tribunais o declararam demente e incapaz de cuidar de si próprio.
Abaixo deixamos-vos uma aguda e penetrante melodia, da qual se desprende uma imensa nostalgia. A nostalgia daquilo que nunca existiu, mas que ainda assim danifica e devasta a alma. Escutemos os sons, harmonias e tons compostos por um génio triste de LA, “Surfer Girl”:



Claro que LA é o cenário perfeito para “sunsets”, contudo, e como todos sabemos, há crepúsculos tristes, como os dos deuses, o de Norma Desmond ou o de Brian Wilson. É com essa consciência, que vamos continuar esta nossa viagem pelo lado estranho e sombrio da luminosa LA.

Em 1941 chega a Hollywood, como se tivesse aí chegado ao fim do mundo, Maya Deren. Tinha nascido numa família judia em Kiev em 1917. As convulsões revolucionárias obrigam a família a fugir pela Europa inteira, sendo que só pararam em Nova Iorque. Mas quando se fez adulta Maya quis continuar em direção a ocidente, foi sempre em frente até dar por diante com o Oceano Pacífico, no preciso local onde se dá o ocaso do sol a cada dia na América. Estava portanto em LA, mais concretamente em Hollywood.


Maya Deren tornou-se realizadora de cinema e também argumentista e atriz. Diga-se de passagem, que Hollywood, a meca do “star system” e do espectáculo era o mais improvável lugar do mundo para alguém fazer o tipo de filmes que Maya Deren fez.

Todos os seus filmes são curtas-metragens, mas aquele que se tornou um autêntico clássico do cinema experimental e que até hoje continua a ser comentado e estudado, foi o primeiro que realizou em 1943, “Meshes in the afternoon”, ou seja, e em português, “Tramas ao entardecer”.

Estamos em Los Angeles, uma mulher caminha em redor de sua casa e vê alguém. Ao entrar, sobe as escadas e adormece, experimenta então múltiplos tormentos e visões, ficando incapaz de distinguir a fronteira entre o real e o sonhado.


Perseguida por um misterioso personagem, percorre a casa deparando-se constantemente com objetos como uma chave, uma faca, um telefone e uma flor. Depois ela segue a estranha figura até ao seu quarto, onde esconde uma faca debaixo de uma almofada. Encontra então o seu próprio corpo dormindo numa poltrona.

Ao ser acordada por um homem, a mulher percebe que tudo o que sonhara era real e constata que a postura do homem é a mesma da misteriosa figura, quando ele esconde uma faca debaixo do travesseiro. Ela tenta atacá-lo, mas não é bem sucedida. No final do filme, o homem vê um espelho partido no chão molhado. Ele apercebe-se da mulher deitada na poltrona, que antes dormia, mas que agora está morta. 
O filme dura cerca de quinze minutos, e a sua importância é tanta que o governo norte-americano, através do Library of Congress, decidiu classificá-lo como objeto histórico e cultural de grande relevância, uma distinção rara, portanto, aqui fica um quarto de hora estranho para quem quiser ver o lado obscuro de LA: 


E pronto, em breve continuaremos On The Road para a nossa sexta etapa pela América adentro.

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