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Não sei para onde vou, sei que não vou por aí, ou seja, sou da psicogeografia!



Nos dias de hoje não há quem não tenha conselhos a dar-nos, sobre que caminho havemos de seguir. Nunca houve tantos pastores como agora, para nos indicar o percurso certo.
Seja na TV, nos jornais, na internet, no escritório, na escola ou à mesa do café, há sempre quem nos diga para sermos ovelhas obedientes e seguirmos os conselhos ouvidos, como se estes tivessem sido proferidos pela Boca da Verdade.

Abaixo a Boca da Verdade original, que atualmente se encontra no átrio de entrada de uma algo esquecida igreja medieval, na eterna e bela cidade de Roma.


Tanto faz qual seja o assunto, o facto é que conselhos nunca faltam. Os de saúde são muitos. Acerca do que se deve comer, também não escasseiam. Isto já para não falar dos relativos à pele e às horas certas de exposição ao sol no tempo de verão. E dos que concernem a constipações e a como nos devemos proteger da chuva e do frio durante o inverno, não há igualmente carência. Para a primavera há os relacionados com pólens e alergias, e no outono, há menos luz solar, e aconselham-nos portanto a estarmos atentos a possíveis sinais que indiquem estados depressivos.

Há-os ainda e muitos, conselhos, bem-entendido, para o modo como se deve educar os filhos. Há-os igualmente, e bastantes, para problemas sentimentais, para namoricos, primeiras relações e casamentos duradouros. Ademais abundam os conselhos sobre como se há de gastar o dinheiro ou então como se o há de poupar.

E como arrumar as malas de viagem? Também não faltam conselhos. E nem sequer faltam outros que nos digam que livros havemos de ler, que filmes temos de ver, que concertos não podemos perder e a que restaurantes ir.
Por fim, e para não nos tornarmos exaustivos, referimos ainda, que há igualmente imensos conselhos sobre as nossas horas de sono e acerca do modo como devemos dormir.


A nós irrita-nos este vendaval de conselhos que, mais tarde ou mais cedo, deixam de ser apenas sugestões mais ou menos bem-intencionadas e transformam-se em obrigações:
- Não me digas que almoçaste um cozido à portuguesa, regado a vinho e depois ainda bebeste um café e fumaste um cigarro? És louco? Não sabes que isso te faz mal? Queres morrer do coração? Queres que eu fique viúva? Não queres é saber de mim para nada, essa é que é a verdade, se quisesses comias todos os dias uma salada.

- Já leste o último livro do Saramago? Olha que não podes deixar de o ler, é imprescindível. O quê, não queres saber? Mas então porquê, se tu gostas tanto de ler? Já te disse, é uma obra de leitura obrigatória! Estás-te nas tintas para obrigações?! A minha mãe bem me dizia que tu não era boa rês! Vai, vai…vai ler outros autores, vai ler o Camões. Se calhar alguma colega tua te o aconselhou. Aos conselhos literários das outras ligas tu, aos meus é que não!

Estes são apenas dois exemplos caricaturais de como conselhos bem-intencionados se transformam rapidamente em obrigações, que, quando não cumpridas, dão logo azo a desentendimentos e altercações. Na verdade, quando um conselho é dado e frequentemente repetido, é como se o caminho que nos indicam passasse a ser obrigatório e o único possível.

Abaixo uma foto de um trilho aberto num jardim, pelos muitos que decidiram não ir pelo percurso aconselhado, cortaram caminho, e foram por outro lado.


Quem era José Régio? Entre muitas outras coisas, era um poeta que nasceu em 1901 em Vila do Conde e morreu nessa mesma localidade em 1969. Foi professor de liceu toda a sua vida e lecionou em vários concelhos de Portugal. Ficou conhecido em todos esses lugares por frequentar cafés e à sua volta se formarem tertúlias.

Em Coimbra, onde deu aulas, pontificava no Café Central. Mais tarde, uma vez colocado no Alentejo, presidia às conversas no Café Portalegre. Foi depois figura de proa de uma tertúlia que reunia semanalmente no Diana-Bar da Póvoa de Varzim, e aos sábados, no restaurante Marisqueira A-Ver-o-Mar.

Fumador inveterado, Régio morreu vítima de ataque cardíaco, e isto por não ouvir os bons conselhos, que lhe davam a propósito dos malefícios do tabaco em todos os concelhos por onde passou enquanto professor.


Logo aos 24 anos de idade, Régio escreveu aquele que viria a ser o seu poema mais conhecido, “Cântico Negro”:

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

A recusa de Régio em ir pelos caminhos que lhe aconselharam não deriva da teimosia, deriva sim de saber que tinha cabeça para pensar, que sabia pesar as circunstâncias e que, mal ou bem, era a ele que lhe competia decidir por onde ir na sua vida.

Na verdade, homens como Régio parecem hoje escassear, ou isso, ou então somos nós que estamos a ver mal. Na nossa perspetiva, que até pode estar errada, atualmente quase todos seguem bovinamente os conselhos que escutam, como se esses fossem ordens.

Por consequência disso, quase todos percorrem agora os mesmos caminhos. Só que nós, gostamos de ir por percursos inusitados. Permitimo-nos a isso, pois não devemos nada a ninguém e vamos por nossa conta e risco, consequentemente, dispensamos conselhos bem-intencionados ou outros. Nesse contexto, por que não irmos à toa, deambularmos, e chamarmos a este texto um outro homem do norte? No presente caso, não de Vila do Conde, como José Régio, mas sim do FC Porto.

É pois isso que vamos fazer, trazemos a este nosso texto vagamente literário e com uns quantos apontamentos reflexivos, um personagem nada óbvio para este percurso, a saber, Pinto da Costa.

Parece ser um estranho caminho este que agora percorremos, mas ainda assim, como sempre, vamos em frente. Normalmente só ouvimos as gentes do futebol a dizer vulgaridades nas TV’s, nos jornais e na internet, é por isso bonito ouvir, um ilustre personagem do pontapé na bola, a recitar o poeta José Régio:



Talvez quem nos leia desconheça o termo psicogeografia, mas caso assim seja, nós esclarecemos. A definição de psicogeografia é a seguinte: estudo dos efeitos do ambiente geográfico, ordenado conscientemente ou não, ao atuar diretamente no comportamento afetivo dos indivíduos.

Não há nada editado em português sobre este assunto, porém, quem quiser ler sobre o tema, pode fazê-lo noutro idioma, como por exemplo, em espanhol.


Uma situação estudada pela psicogeografia é aquela quando as pessoas se põem à deriva por caminhos distintos, e renunciam aos percursos normais nos quais habitualmente se deslocam. Nessas deslocações, as gentes movimentam-se de forma diferente dos dias em que vão para o trabalho ou em que se dirigem para algum outro afazer.

Ao contrário do que se possa pensar, quando as pessoas se aventuram por caminhos inabituais, não o fazem aleatoriamente, pois deixam-se levar pelas exigências sentimentais do terreno e por impulsos emocionais que desabrocham do solo e do espaço circundante.

Significa isto, que quando nos desviamos de um caminho traçado e nos pomos a deambular, o terreno e o espaço levam-nos por percursos inconscientes, como se neles existissem correntes secretas que nos arrastam.

Veja-se a imagem abaixo. Há um caminho nitidamente estabelecido, contudo, como se no solo e no espaço circundante houvesse uma qualquer corrente inconsciente, muitos são os que por ela atraídos e arrastados, acabam por ir pelo outro lado. São coisas deste tipo, que estuda a psicogeografia.


As linhas traçadas no solo ao longo dos tempos por caminhantes que não vão pelo percurso habitual, designam-se como linhas do desejo. Se voltarem a olhar para a fotografia acima, aquilo que a psicogeografia designa como uma linha de desejo, é aquele caminho pelo meio da relva, aberto pelos pés de todos os que ao longos dos tempos inconscientemente disseram de si para consigo perante o caminho estabelecido o mesmo que Régio: “não vou por aí”.

Quem quiser ler mais sobre tais linhas, pode fazê-lo no jornal francês “Le Monde”, num artigo intitulado “La  ligne de désir, ou la ville inventée par le piéton”. Há umas quantas teses e artigos neste domínio publicadas em português, mas todas as que conhecemos provêm do Brasil, não tendo nós nada quanto o país-irmão que fica do outro lado do Atlântico, antes pelo contrário, ainda assim preferimos deixar-vos algo em francês, que a bem dizer é mais chique:


E pronto, dito isto, achamos que está feito o nosso ponto, ou seja, somos adversos aos conselhos e preferimos antes ir por caminhos pouco ou nada trilhados, e não queremos fazer parte de um rebanho que segue sem mais a voz de mando do seu pastor. Em resumo, e para finalizarmos. aprendemos isto com José Régio e com a psicogeografia.

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