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A poesia é uma metáfora da vida e o futebol também o é!


Em dia de decisão de quem será campeão nacional, falemos de pontapés no esférico e de poesia. Comecemos por um dos maiores poetas italianos do século XX, de seu nome Umberto Saba. 
Nasceu em 1883 na bela Trieste no seio de uma família judia, e faleceu em 1957 na alpina cidade de Gorizia. Para além disso, consta também da sua biografia, que Saba não gostava de futebol.

Saba não compreendia toda a excitação e a agitação das gentes com esse jogo. Numa sua crónica, o poeta confessa que “tutto quell’entusiasmo e quelle disperazioni per un pallone entrato o no nella rete lo irritavano”, ou seja, que todo aquele entusiasmo e desespero por causa de uma bola que entra ou não na baliza, o irritava.


Até que um dia Saba foi à bola e, desde aí, nunca mais foi o mesmo. Os feitos dos jogadores no terreno de jogo fizeram lembrar ao poeta as batalhas dos antigos gladiadores. Ele entreviu no futebol uma espécie de epopeia, viu no estádio uma metáfora para a vida e, na alegria genuína dos adeptos, um exemplo da fraternidade e da solidariedade humana.

Como era poeta, pôs-se a escrever poemas cujo tema era o futebol. No olhar de Saba, o pontapé na bola é elevado a uma dimensão épica. Ele, que nunca havia escrito sobre desporto, passou a dedicar poemas ao mundo do futebol, um jogo no qual vislumbrou as glórias e misérias da existência humana, uma existência feita de vitórias e derrotas, de vencedores e vencidos, de grandes esperanças e de expectativas não concretizadas.

Um dos poema que Umberto Saba dedicou ao futebol intitula-se “Goal”. Na primeira estrofe descreve-se a tristeza de uma equipa e do seu guarda-redes após terem sofrido um golo.

O guarda-redes caído na última
defesa em vão, contra a terra esconde
o rosto, para não ver a amarga luz.
O companheiro de joelhos o induz,
com palavras e com a mão a levantar-se,
e vê que turvo tem de lágrimas o olhar.

Il portiere caduto alla difesa
ultima vana, contro terra cela
la faccia, a non veder l’amara luce.
Il compagno in ginocchio che l’induce
con parole e con mano, a rilevarsi,
scopre pieni di lacrime i suoi occhi.

Abaixo, a imagem de uma escultura da Roma antiga, na qual se representa um gladiador vencido.


De um modo completamente oposto, na segunda estrofe, Saba descreve a incontida alegria da equipa depois de ter marcado um golo. Ele vê nesse instante de júbilo, os homens unirem-se numa perfeita comunhão, como se a humanidade fosse nesse momento, toda ela uma irmandade.

Na verdade, há poucas ocasiões tão belas e intensas na vida dos homens, como aquelas em que celebram um golo da sua equipa favorita. Nesses momentos de puro êxtase, a raiva e o ódio ao adversário misturam-se com o ardor e a paixão pela equipa querida, num repentino explodir de emoções que ninguém consegue conter.

A multidão - a unida embriaguez – a transbordar
no campo. Envolve o vencedor,
ao seu pescoço atiram-se os irmãos.
Poucas ocasiões como esta são
belas sob o céu de quantas nos é dado ver
pelo ódio e o amor atravessadas.

La folla - unita ebrezza - per trabocchi
nel campo. Intorno al vincitore stanno,
al suo collo si gettano i fratelli.
Pochi momenti come questo belli,
a quanti l’odio consuma e l’amore,
è dato, sotto il cielo, di vedere.

Já na terceira e última estrofe, do que Umberto Saba nos fala é do guarda-redes, desse elemento que passa grande parte do tempo de jogo só. Ele vê a sua equipa marcar um golo, e mesmo encontrando-se longe, no lado exactamente oposto do campo, ainda assim, sente que faz parte da festa.

O outro guarda-redes junto às redes invioladas
ficou. Mas não a sua alma,
está sozinha mas veste a camisola.
A sua alegria dá uma cabriola,
e atira beijos de longe.
Desta festa – diz ele – também eu faço parte.

Presso la rete inviolata il portiere
- l’altro - è rimasto. Ma non la sua anima,
con la persona vi è rimasta sola.
La sua gioia si fa una capriola,
si fa baci che manda di lontano.
Della festa - egli dice - anch’io son parte

Abaixo uma foto do mítico Iribar, um homem basco, guarda-redes, que jogou a sua vida inteira no Athletic de Bilbao. Dele se diz, que: “no es una celebridad, es una leyenda; no es una vieja gloria, es un icono: en España dices portero y lo ven a él, con su uniforme negro, el que vistió de luto a tantos delanteros rivales, viudos de los goles que les paraba.”

(…não é uma celebridade, é uma lenda; não é uma velha glória, é um ícone: em Espanha quando alguém diz guarda-redes, é a ele imediatamente quem todos vêem, com o seu equipamento negro, vestiu de luto tantos avançados-centro rivais, viúvos dos golos que ele evitava.)


Mudemos de poeta e falemos de Roque Dalton, que nasceu em El Salvador em 1935. 
Para além de escrever, Dalton foi também um autêntico aventureiro. Viajou. Foi preso. Escapou. Morou na Checoslováquia. Esteve exilado no México. Fugido em Cuba. Juntou-se depois aos guerrilheiros do Exército Revolucionário do Povo para lutar contra o governo do seu país. Acabou assassinado pelos seus próprios companheiros, quatro dias antes de completar o seu 40° aniversário. Ao o executarem, disseram-lhe as seguintes palavras: "intelectual de mierda, pequeño burgués”.

Roque Dalton nunca teve sorte na vida, num dos seus mais conhecidos poemas, “No, no sempre fui tan feo (Não, nem sempre fui tão feio)”, relata-nos uma série de desventuras que literalmente o marcaram.

Com efeito, o seu rosto apresentava as marcas dos seus azares, uma vez levou com uma garrafa (un botellazo de ron que me lanzó el marido de María Elena, en realidad yo no tenía ninguna mala intención pero cada marido es un mundo), noutra ocasião foi assaltado em Praga quando ia participar num congresso (los resultados fueron
doble fractura del maxilar inferior, conmoción cerebral grave, un mes y medio de hospital), e por fim, em Cuba, teve problemas com o gado bovino (salió de no sé donde un toro…)

Todavia, e para não nos desviarmos do nosso tema, as primeiras das marcas que apresentava o rosto de Roque Dalton, deveram-se ao futebol, mais concretamente a uma discussão de miúdos acerca de um penálti. É isso mesmo que nos conta o poeta nas estrofes iniciais de “No, no sempre fui tan feo” (a tradução é nossa):

Não, nem sempre fui tão feio.
Sucede que tenho o nariz partido
por causa do taralhoco do Liziano
que me atirou com um tijolo
porque eu dizia que era penálti
e ele dizia que não.

O Padre Achaerandio quase morreu de susto
e no fim havia mais sangue do que num altar azteca
de seguida foi Quique Soler quem me acertou no olho direito
a pedrada mais precisa que se possa imaginar (…)
e eu tive uma ruptura da retina
um mês de imobilização absoluta (aos onze anos!)


Aqui chegados, certamente que já não há quem duvide, que se a poesia é uma metáfora da vida, o futebol não o é menos. Mas caso alguém ainda duvide, vamos lá a mais uns quantos poemas futebolísticos.

Para enfatizarmos o nosso ponto, requisitemos agora para a conversa não poetas do antigamente, mas sim um nosso contemporâneo. Deixemos também por ora de fora poetas doutras línguas, e centremo-nos num poeta que escreve em português, a língua de todos nós.

Português, mas português do Brasil, claro está, pois quer com as palavras, quer com a bola, do outro lado do Atlântico joga-se de forma mais fluída, viva e alegre do que cá deste lado. Por aqui joga-se sobretudo à defesa, controlando o esférico e as palavras, sendo por tal razão, que não raras vezes, certos desafios são tão enfastiantes.

Falemos então de Igor Calazans, que nasceu a 22 de abril de 1986, em Niterói, Rio de Janeiro. Ele é também jornalista, um importante activista cultural e um educador poético.
Educador poético é coisa que, tanto quanto sabemos, por Portugal não há, mas se houvesse, era capaz de dar jeito. De Igor Calazans só vos vamos deixar uma pequena estrofe, assim em estilo Haiku, aqui fica:

A falta que você me faz
já não é falta,
É PÊNALTI!


Continuemos pela atualidade e pela Língua Portuguesa, e por consequência, pelo Brasil, mais especificamente pela cidade de São Paulo, onde existe um excelente museu dedicado ao futebol (https://museudofutebol.org.br)

Abrindo a página oficial do museu do futebol, verifica-se que da sua programação constam eventos como o “Festival Cultura Futebol Clube”, uma celebração de manifestações artísticas inspiradas no futebol, “Na ponta das canetas”, um concurso anual de crónicas de futebol com posterior edição em livro das melhores, “Grupo Literatura e Memória do Futebol”, um encontro mensal para partilha de conhecimentos de livros relacionados com o universo do futebol, havendo também concertos, cinema, exposições de fotografia e muitas outras coisas mais.

No anúncio publicitário do Museu do Futebol de São Paulo, diz-se o seguinte: “Se futebol fosse um género literário, seria poesia”.

É ainda em São Paulo, que se situa o melhor museu do mundo inteiro dedicado a um idioma, o Museu da Língua Portuguesa:


Aqui há uns meses, o Museu da Língua Portuguesa realizou uma mostra intitulada “Poesia Agora”. Nessa exposição apresentavam-se poemas de quinhentos novos poetas brasileiros. Olhando a tal quantidade, dir-se-ia que a língua portuguesa está viva, saudável e recomenda-se. Para além disso, quem visitasse a exposição podia também escrever os seus poemas, tendo múltiplas maneiras de o fazer. É ver a reportagem televisiva do Jornal Nacional do Brasil:



Terminamos por aqui e com o mais consagrado dos poetas de terras de além-mar, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), não por acaso, também ele escreveu um poema em que o futebol se apresenta como uma metáfora da vida, este:

Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas de pau.
Mesma a volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.
São voos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entrançados.
Instantes lúdicos: flutua
o jogador, gravado no ar
— afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.

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