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Queremos um futuro de ordem e disciplina nas escolas e não só! Ou não?


“Yo no sé mañana, Si estaremos juntos, Si se acaba el mundo…”, são assim uns versos de uma das mais célebres baladas românticas de origem latino-americana. 
A América Latina, tropical e “caliente”, para além da salsa, do merengue e do Chá-chá-chá, também legou à humanidade o realismo mágico.

O realismo mágico é uma corrente literária iniciada em meados do século XX, que se caracteriza por narrativas em que elementos absolutamente fantásticos fazem parte da "normalidade", não existindo no entanto qualquer explicação para assim ser, por mais improvável que tal o seja.

O romance “Cem Anos de Solidão” do colombiano Gabriel Garcia Marquéz, é um paradigma do realismo mágico. Vejamos uma passagem desse livro: “Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias… O céu desmoronou-se em tempestades de estrupício e o Norte mandava furacões que destelhavam as casas, derrubavam as paredes e arrancavam pela raiz os últimos talos de plantações… A atmosfera estava tão húmida que os peixes poderiam entrar pelas portas e sair pelas janelas, navegando no ar dos aposentos… Foi preciso abrir canais para escorrer a água e desimpedi-la de sapos e caracóis, para que pudesse secar o chão, tirar os tijolos dos pés das camas e andar outra vez de sapatos.”

Abaixo uma foto de Gabriel Garcia Marquéz, encabeçado pela edição original de “Cien Años de Soledad”.


Na balada romântica com que iniciámos este texto, há também uns versos em que se diz assim: “Yo no se mañana, yo no se mañana, “Esta vida es igual que un libro, Cada pagina es un dia vivido…”, e de facto, não raras vezes, a realidade é não só igual a um livro, mas é mesmo mais fantástica e fantasiosa do que uma ficção literária.

É por assim ser, que o mundo é um sítio interessante para se estar, dado nele existirem muitos e diversos lugares, e de cada um deles ter as suas peculiaridades e magia.

Há alguns desses lugares que são muitos conhecidos e dos quais toda a gente fala, no entanto, há outros que são pouco conhecidos e falados, como por exemplo, El Salvador.

Falemos nós de El Salvador. O país situa-se na América Central e nunca foi um local particularmente agradável para se viver. Claro que possuiu um belo clima tropical, a comida é óptima e tem ainda fenómenos naturais excelentes, que enchem a vista a qualquer turista, como é o caso dos seus vulcões, que conjuntamente com as suas ruínas arqueológicas pré-hispânicas, lhe valeram o cognome de Pompeia da América.

Para além de tudo isso, tem também lindas praias, que são um paraíso para banhistas e surfistas.


Dizíamos nós, que El Salvador nunca foi um local particularmente agradável para se viver, mas porquê, perguntar-se-á quem nos lê, se pela descrição que acima efectuámos, parece ser um sítio encantador.

Na verdade, o problema de El Salvador nada tem que ver com o seu magnífico clima, com os seus exóticos tons e sabores ou com a exuberância das suas paisagens naturais, os contratempos aí existentes são de um outro tipo.

A história de El Salvador tem sido uma permanente sucessão de violentas lutas políticas, de golpes militares, de ditaduras e de revoluções. Em 1980 iniciou-se uma guerra civil, que se prolongaria durante doze longos anos. Após todas essas tormentas veio por fim a democracia, porém, pelas ruas a violência continuou.

Até ao ano de 2019, El Salvador era um dos países do mundo com uma das maiores taxas de homicídio, sendo que, os gangues e os cartéis de droga dominavam cidades, vilas e aldeias.

Na realidade, num país com uma economia arruinada pela sua história e onde a miséria estava por todo o lado, a criminalidade acabava por ser uma das poucas formas acessíveis às gentes para tentarem sobreviver, não sendo portanto surpreendente, que parte significativa da população, e nomeadamente a juventude, tenha escolhido o crime como modo de vida.



Sendo este o contexto, o expectável era que o futuro de El Salvador não fosse lá grande coisa, todavia, eis que em 2019 foi eleito um novo presidente, que num instante conseguiu reduzir radicalmente a criminalidade e impor a ordem e a disciplina na nação. O seu nome é Nayib Bukele, e anuncia-se a si próprio como “o ditador mais cool do mundo”.

Já agora, é de referir, que em 2024, o homem foi reeleito com mais de 80% dos votos e que arranjou para si próprio um novo cognome, a saber, o “rei filósofo”. Abaixo uma foto do dito, em pleno exercício das suas funções presidenciais.



A grande aposta de Nayib Bukele era acabar com o crime, coisa que conseguiu. O seu método foi simples, impôs um estado de excepção, tendo como prioridade primeira e última, a segurança.

É certo que hoje em dia El Salvador é um dos países mais seguros do mundo, mas é também certo que aí existe a maior prisão de toda a América Latina, e que um em cada sete salvadorenhos está preso.

Neste entretanto, são muitas as organizações de direitos humanos que alegam que muita gente detida é inocente e não tem qualquer ligação ao crime organizado. O que bem vistas as coisas, não é inverosímil, pois uma reforma judicial implementada pelo actual presidente permite que haja julgamentos em massa, com até novecentas pessoas a serem julgadas simultaneamente, numa única sessão em tribunal. Justiça mais rápida do que esta, não há.

Assim sendo, é muito bem crível, que haja muito quem, mesmo sendo inocente, fique sem qualquer possibilidade de se defender. Abaixo uma foto da mais recente prisão de El Salvador, que possuiu capacidade para 42 mil detidos.


Relativamente a outros contextos, o presidente Nayib Bukele aposta nas infraestruturas, com a construção de um novo aeroporto e de estradas, sendo que, o turismo é também um grande objectivo, tendo em vista o desenvolvimento económico.

Foi igualmente implementada pelo presidente, uma reforma educativa com distribuição de tablets aos estudantes, e que eliminou também dos currículos escolares tudo o que fosse “contrário à Natureza, a Deus à Família”.

A bem dizer, e se nós estamos a ver bem, as ideias de Nayib Bukele não são propriamente recentes e inovadoras, são as típicas de muitas das antigas ditaduras, só que com uma nova roupagem, ou seja, num estilo pop e fresco, com boné posto ao contrário e tudo.

Em síntese, o que se pode dizer é que em El Salvador se trocou a democracia e a liberdade pela segurança. Mas o que também podemos dizer, é que há por aí gente, que vê no modelo implementado em El Salvador, um exemplo de futuro para o mundo.

Na verdade, o futuro é sempre uma incógnita e, a esse propósito, vejamos mais detalhadamente, como em El Salvador se preparam agora crianças e jovens para o porvir, e quais são as políticas que o presidente mandou implementar nas escolas salvadorenhas.


Na imagem acima vemos a ministra da educação de El Salvador, que dá pelo nome de Karla Trigueros, e que é também capitã do Comando de Saúde Militar das Forças Armadas, numa visita a uma escola.

A ministra tomou posse há menos de um mês e toda ela fardada, anunciou a sua primeira medida à nação, a saber, que os alunos devem envergar vestimentas limpas e bem passadas a ferro, e devem também ter um corte de cabelo adequado e apresentarem-se de forma correcta.

Anunciou ainda que ao entrarem nas escolas, os alunos o devem fazer com ordem e rigor, e não se esquecerem de saudar respeitosamente professores e colegas.

Por outro lado, a ministra determinou também, que os docentes têm a obrigação de ser um exemplo e um modelo de ordem e disciplina para os alunos e restante sociedade, por consequência disso, depreende-se que devem igualmente usar roupas asseadas e adequadas, ter o cabelo bem cortado e penteado, e dizer bom dia e boa tarde a toda a gente.

Desde a chegada de Karla Trigueros ao ministério da educação, os diretores de todas as escolas públicas de El Salvador são obrigados a supervisionar diariamente cada aluno para verificar se estão bem vestidos e penteados. Centenas de alunos são todos os dias mandados embora à porta das suas escolas.

Abaixo uma imagem do início de um dia lectivo em El Salvador. Em nosso entender, este é um momento de realismo mágico, em que a realidade parece ultrapassar a ficção.


Anthony C. de 17 anos, foi preso dentro da escola por ter nos seus cadernos desenhos alusivos a um gangue. “Outro jovem que não soube ler os tempos e entender que neste país, o povo, o governo e o estado já não vão tolerar nenhuma organização terrorista”, escreveu-se então num comunicado oficial. O ex-aluno foi enviado para a prisão, onde certamente continuará por uns bons tempos.

Duas semanas depois, seis ex-alunos menores de idade, foram presos por terem andado à bulha dentro do recinto escolar. “Todos serão processados ​​pelo delito de desordem pública”, disse a ministra. Os ex-alunos foram enviados para a prisão por tempo indeterminado.

Dissemos ainda há pouco, que em El Salvador se trocou a democracia pela segurança e também dissemos, que há por aí gente, que vê no modelo implementado nesse país, um exemplo de futuro para o mundo. Dissemos que há por aí, mas há igualmente por aqui, ou seja, por Portugal.

Com efeito, num artigo de opinião do semanário Expresso, houve quem de forma convicta fizesse grandes elogios aos sucessos obtidos Nayib Bukele, “o mais cool ditador do mundo”:


A nós, tudo isto nos parece ser, não uma espécie de realismo mágico, mas sim de realismo trágico. É absolutamente normal que haja muita gente contente por haver segurança, o que já não é assim tão normal, é que haja muita gente feliz por a segurança ser obtida à custa da liberdade e da democracia.

Mas dito isto, até já há celebridades internacionais a passear pelas lindas praias de El Salvador, o turismo cresce, professores e alunos andam bem vestidos e penteados, e para o ditador, o futuro apresenta-se risonho.

É certo que o futuro é incerto e que nunca sabemos como vai ser o dia de amanhã, ainda assim, há coisas que damos como certas, mesmo que a incertitude tudo envolva. Se assim não fosse, cada dia seria uma autêntica lotaria. Todavia, em El Salvador, está-se a construir uma sociedade, cuja única certeza é a segurança. Seja na rua, seja na escola, quem quer que cometa o menor desacato, e independentemente da idade, tem um destino certo, a prisão.

Não é nossa intenção advogar a favor do crime e da violência, muito pelo contrário, nós somos muito a favor da paz e amor, contudo, temos horror a certas formas de se resolverem os problemas, e muito em concreto às que se baseiam na supressão da democracia e da liberdade. Mas isso somos nós, pois que pelos vistos, há por aí e por aqui, quem pense de modo oposto ao nosso.

Pelo andar desta carruagem, tudo o que hoje damos como certo, poderá amanhã ser incerto, por assim ser, é altura de falarmos de Luis Enrique, o cantor da Nicarágua que popularizou pelo mundo o tema “Yo no sé mañana”.

Luis Enrique, também conhecido como El Principe de la Salsa, vive em Miami nos Estados Unidos. Após ter ganho vários Grammys, um deles por “Yo no sé mañana”, o cantante tem vindo a enviar mensagens de apoio ao povo da Nicarágua, o seu país natal, onde o regime é ditatorial.

Luis Enrique fala com alguma frequência da luta pela liberdade e da situação das pessoas forçadas ao exílio, dedicando-lhes canções e agradecendo-lhes pelo facto de manter a Nicarágua no coração, e esperando pelos amanhãs em que o seu país será livre e democrático.
Como não poderia deixar de ser, terminamos com “Yo no sé mañana”:


É certo que o amanhã é sempre incerto, mas contamos aqui estar, neste blog, com mais um texto.

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