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Moscovo não acredita em lágrimas


Vamos cumprir a nossa promessa de ontem e falar-vos da Rússia, das suas histórias e dos seus escritores. Nas gentes russas existe um imenso pudor em deixar ver o quão intenso é o que lhes vai por dentro, sobretudo a tristeza. Talvez por isso, haja um ancestral dito que reza assim: Moscovo não acredita em lágrimas.

Acrescentamos nós, que se Moscovo não acredita em lágrimas, tão-pouco acreditará São Petersburgo. As duas cidades são o verso e reverso da alma russa. São Petersburgo era a capital dos Czares, uma cidade bela e imperial, Moscovo foi elevada a capital pelos bolcheviques após a revolução de 1917, é rude, misteriosa e possui uma aura quase asiática. São o oposto uma da outra, mas estão profundamente interligadas.

Há lá coisa mais interessante sobre a superfície da Terra, do que aqueles milhares de quilómetros de linha férrea que ligam São Petersburgo a Moscovo e vice-versa? Não o dizemos por pelo caminho haver muito que ver, mas sim porque, quando chegamos às estações de São Petersburgo ou de Moscovo, sabermos que estamos a chegar a sítios absolutamente excepcionais, místicos.

Não haverá outros locais especiais ao cimo do mundo? Claro que os há, e muitos. No entanto, como esses, nenhuns. Logo para começar, o próprio comboio que liga esses dois lugares, São Petersburgo e Moscovo, tem um nome absolutamente invulgar, mítico até, a saber, Flecha Vermelha.

Mas o nome é o menos, o mais são todas as imensas e intensas histórias que lhe estão associadas.


Ontem, a propósito de uma pergunta num concurso de televisão, dissemos-vos que hoje iríamos falar-vos sobre quatro grandes escritores russos, pois concluímos que há um défice de conhecimento a esse respeito. Os quatro escolhidos são Tchekov, Tolstoy, Gogol e Dostoiévski. 
Comecemos por Tolstoy, mas antes disso, para quem queira recordar o que ontem dissemos, aqui fica:

Como é evidente, não vos vamos dar lições de literatura, não temos qualquer competência para isso, vamos antes falar-vos de momentos. Nesse contexto, possivelmente, não haverá muitos mais instantes tão dramáticos em toda a literatura mundial, como aquele narrado por Tolstoy no seu romance “Anna Karenina”.

A personagem Anna Karenina era adúltera, num tempo em que tal era fatal. Fugiu de seu marido em direção a Itália com um homem que amava, o Conde Vronsky. Nesse entretanto, houve voltas e reviravoltas e também ciúmes, orgulhos e conversas desencontradas.

Para o que nos importa, no final do romance, a personagem Anna Karenina pensa e repensa longamente a sua vida. Não desespera, não grita, não chora e não se agita. Encontrando-se numa estação ferroviária caminha simplesmente em frente e pula para a linha. Foi o seu fim.


A título informativo, e só para quem não sabe, Tolstoy, para além de “Anna Karenina”, escreveu também um dos mais decisivos e importantes livros de sempre, “Guerra e Paz”. Há quem compare a sua importância à da Bíblia, mas talvez isso seja exagero.

Como perceberá quem ler “Anna Karenina”, a Rússia é assim, ou seja, uma terra de pessoas cuja tristeza é toda interior e sem fim. E com isto, passamos ao nosso segundo escritor russo, Tchekov.

“Estou de luto pela minha vida. Sou infeliz.” Esta citação é retirada de uma das mais célebre peças teatrais de Tchekov, “A Gaivota”.

O personagem central dessa peça é o jovem Trepliov, que é filho de uma famosa e reputada atriz, Arkádina. A Trepliov ninguém o leva verdadeiramente a sério, no entanto, ele ambiciona ser um grande escritor e professa nobre ideais.
Está apaixonado por Nina, uma jovem como ele, só que ela ama Trigorin, um homem maduro, um escritor consagrado, que para além disso, é também namorado de Arkádina, a mãe de Trepliov.

Como já se terá entendido, o enredo acima tem tudo para ser uma comédia, uma daquelas histórias de sucessivos encontros e desencontros em que A gosta de B, mas B gosta de C, que por sua vez não gosta de ninguém. O próprio Tchekhov definiu a sua peça como "uma comédia, três papéis de mulher, seis para homens, quatro atos, uma paisagem (vista para um lago), muitas conversas sobre a literatura, um pouco de ação, um toque de amor".

Mas vejamos um pouco mais de como se desenrola a história. Trepliov, o filho, apresenta uma peça que ele próprio escreveu aos amigos e convidados da sua mãe, a prestigiada atriz. Monta o cenário, requisita os intérpretes e cuida de tudo. Contudo, o fracasso é absoluto. Segue-se daí que Trepliov se sente completamente ridicularizado.

A mãe trata-o com condescendência e, ainda que de um modo involuntário, deixa transparecer a desilusão que o filho é para ela. Nina, a jovem por quem Trepliov está perdidamente apaixonado, faz-lhe saber que jamais o amará, pois prefere um outro. No final da história ouve-se um disparo vindo do jardim e todos pressentem o que se passou, Trepliov decidiu dar um fim a si próprio.

Sendo esta a narrativa, só mesmo um escritor russo poderia classificar esta peça como sendo uma comédia. Mas não há engano nenhum, foi mesmo desse modo que o seu autor a definiu.
“A Gaivota” é uma das mais encenadas peças teatrais de sempre, tem sido continuamente levada a palco em todos os lugares do mundo desde 1895, ano da sua criação. Contudo, por todo o lado todos a tomam como sendo um drama ou mesmo uma tragédia, só na Rússia é que não é, aí é uma comédia.

Será uma comédia porque os seus personagens dizem abertamente o que sentem, coisa que na Rússia só pode ser cómica. Que alguém se lamente e diga “Estou de luto pela minha vida. Sou infeliz”, é uma frase que a um russo só faz rir. É como dissemos no início, Moscovo não acredita em lágrimas.

Abaixo uma imagem de uma encenação de “A Gaivota”.


Mas vejamos agora um outro exemplo de comédia à moda russa. A esse propósito passemos ao terceiro grande escritor russo, Nicolau Gogol. Uma das mais célebres obras de Gogol é um pequeno conto, “O Nariz”.

O conto passa-se em São Petersburgo e inicia-se com um acontecimento de inaudita estranheza. O barbeiro Ivan Iákovlevitch estava a cortar o pão da manhã, quando no seu interior encontra um nariz. Ao mesmo tempo, noutro lado da cidade, o Major Kovaliov fica perplexo quando acorda e no sítio do seu nariz descobre um lugar perfeitamente raso.

O barbeiro Ivan Iákovlevitch tenta por todos os meios livrar-se do nariz e o Major Kovaliov vai queixar-se à polícia, mandando publicar um anúncio com a descrição pormenorizada de todas as características do nariz.
Após várias peripécias, as autoridades encontraram o nariz. Agora só teria de se o colocar no devido lugar. Mas isso foi coisa que nem um médico conseguiu fazer, constatou-se que era impossível, estava constantemente a cair. No dia seguinte o nariz surgiu enfim no rosto do major Kovaliov sem razão aparente e sem qualquer explicação para tal facto.


No fim do conto, o seu autor, Nicolau Gogol diz-nos que esta história é deveras inverosímil. A sério Gogol? Quem diria!

Este conto é lido às criancinhas russas da mais tenra idade desde há séculos, mas não há relatos de alguma vez qualquer delas ter tido pesadelos ou acordar em lágrimas com medo de perder o seu próprio nariz, como já sabemos, Moscovo não acredita nelas, nas lágrimas.

Para quem quiser rir-se mais um pouco com o peculiar sentido humor russo, aqui deixamos um filme de desenhos animados baseado em “O Nariz”:



Por fim vamos ao nosso último grande escritor russo, Fiódor Dostoiévsky. A obra que dele escolhemos para vos falar é “O Idiota”. Resumamos a história, após passar vários anos numa instituição psiquiátrica suíça, o Príncipe Míchkin regressa a São Petersburgo, vem de comboio.

Míchkin é um ser gentil e virtuoso, um indivíduo puro, com uma inteligência superior, porém, a sua imensa bondade e completa sinceridade, fazem com que os outros o vejam como um perfeito idiota.
Michkin é uma espécie de mescla entre Cristo e Dom Quixote, por todos demonstra uma enorme compaixão e envolve-se nas mais utópicas batalhas. Expressa o que sente sem qualquer constrangimento, e o que sente é fundamentalmente um extremo amor ao próximo e uma infinita vontade de auxiliar quem necessita, quer monetariamente, quer moralmente.

Michkín apaixona-se por Nastássia Filipovna, que devido à trágica morte de seus pais, foi ainda na sua meninice acolhida por uma família juntamente com a sua irmã, que tempo depois também faleceria.
Concluída a sua educação Nastássiq torna-se numa mulher culta, portadora de grande beleza e poder de sedução. Prometia muito o seu futuro. As boas maneiras e a sua notável presença de espírito encantam Michkin, que a pede em casamento.

Todavia, a partir desse momento, a personalidade de Nastássia Filipovna transforma-se. Ela vê que a bondade e a sinceridade do Príncipe Michkin fá-lo parecer ridículo aos olhos de todos, por assim ser, Nastássia deixa de acreditar seja no que for e começa a agir estouvadamente, sem razão nem critério. Em síntese, também ela acaba por ver o Príncipe Michkin como um mero idiota.

Vejamos uma passagem de “O Idiota”: Depois de Nastássia Filíppovna ter tomado uma taça de champanhe, declarou que naquela noite ainda beberia mais três. Era difícil entender as suas extravagantes e, às vezes, inesperadas maneiras, essas suas risadas histéricas e sem motivo, que se alternavam com súbitas, taciturnas e silenciosas depressões.

No fim da história, o casamento entre Míchkin e Nastassia é desfeito, a noiva muda de ideia ao último segundo. Ela acredita que aquele que seria o seu futuro marido é bom e puro demais para se casar com ela e troca-o por Rogójin, o mau da fita, no próprio dia do enlace.

Uma das formas de interpretar “O Idiota” é precisamente a partir do dito “Moscovo não acredita em lágrimas”, o mesmo é dizer, na Rússia não se crê minimamente em quem expressa sinceramente o que sente. Se porventura esse sentir for de extrema compaixão e bondade, ainda menos se acredita e considera-se tal um evidente sinal de idiotia.



E pronto, terminamos assim esta nossa viagem aos confins da alma russa através dos seus escritores, agora é ir lê-los.

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