Ao terminar as aulas, é muito normal que qualquer professor diga bye-bye aos seus alunos, suspire de alívio e comece a pensar em destinos tropicais, dias passados junto ao mar e no “dolce far niente”.
Todavia, nós por aqui gostamos de remoer os assuntos e de aborrecer quem nos lê, razões pelas quais, vamos continuar a falar-vos sobre professores e alunos. De que haveríamos nós de falar? De festivais de verão? De saladas e de refeições leves e frescas? De como proteger a nossa pele dos raios solares? Da temperatura da água do mar? Nada disso é a nossa onda. A nossa praia é outra.
O querido mês de agosto nada nos diz. Somos mais para o macambúzio. Consequentemente, neste (quase) final de ano letivo, propomo-nos matutar sobre em que medida os alunos são um reflexo dos seus professores. Outro tanto é dizer, em que medida os professores marcam os seus alunos.
Imaginamos que neste momento parte dos nossos leitores professores mudaram de canal, mandaram-nos passear e ir dar uma volta ao bilhar grande. Prosseguiremos com os que restam.
Afirmar que os alunos são o reflexo dos seus professores, é uma afirmação, para dizer o mínimo, ousada. Os alunos são o reflexo de tantas coisas: da família, do meio económico-social, dos “influencers”, do sol que apanham na cabeça e de todas as outras muitas vicissitudes da vida. Em boa verdade, os alunos são uma espécie de caleidoscópio no qual se refletem mil e uma coisas e entre estas, também os seus professores.
Se hoje somos professores, décadas atrás fomos alunos. Questionamo-nos então em que medida somos nós reflexos dos nossos professores de outrora? Pensemos nos professores da nossa já longínqua juventude…
A resposta que encontrámos deixa-nos perplexos, pois os professores da nossa escolaridade obrigatória que imediatamente nos ocorrem à memória, não são os que nos deram a matéria muito bem dada, nem os que explicavam tudo muito bem explicadinho, mas sim os mais patuscos.
Recordamo-nos do Megabyte que se caracterizava por já nesse tempo ter a mania das tecnologias, do Supositório que era todo empertigado, do Selvagem cujo nome se explica por si, da Snhaf-Snhaf-Snhif que era sopinha-de-massa e ao falar emitia uma chuva de gafanhotos, da Pastilha que quando se interessava pelo destino de um aluno nunca mais o largava, do Trovoada que se enervava com muita facilidade e desatava aos berros, da Papas de Sarrabulho que confundia o nome dos alunos, os dias da semana e tudo o resto, e do Shorofsky, alcunha que lhe adveio por já estar à beira da reforma e pertencer à mesma faixa etária de um célebre personagem com esse nome da série de sucesso dos anos 80, Fama.
Há também professores que recordamos pelo que nos ensinaram? Certamente que sim. Agora assim de repente não nos lembramos de nenhum, mas a resposta é certamente que sim. Claro que entre os nossos leitores haverá quem tenha uma percepção totalmente diferente e discorde completamente destas considerações, porém, a avaliar exclusivamente pela nossa, poderíamos concluir que os professores marcam-nos não tanto pelas matérias que nos dão e pelo o que nos ensinam, mas muito mais por quão patuscos são.
Chegados a esta peculiar conclusão, impõe-se-nos uma questão vital: mas por que carga de água é que continuamos a ser professores? É uma boa questão para durante o mês de agosto, logo a seguir a uma bela patuscada, irmos dormir uma sesta e refletirmos profundamente sobre o assunto.
Neste entretanto, uma sugestão cinematográfica: Amacord, filme de 1973, realizado por Frederico Fellini e vencedor do Óscar para o melhor filme estrangeiro.
Amacord é uma palavra do dialeto romano que significa “recordo-me”.
Aqui fica um excerto. Personagens de professores patuscos é o que não falta:
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