Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os factos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma. (Fernando Pessoa)
Porquê levar os miúdos a um museu para ver arte? Sim, porquê? Ele há sítios tão mais divertidos para se ir. E ele há também coisas tão mais interessantes para se fazer. Ir a um museu ver arte, para uma criança, pode certamente ser uma grande maçada.
Recentemente, um consagrado artista britânico, Jake Chapman de seu nome, causou alguma controvérsia ao afirmar numa entrevista, que levar crianças a um museu de arte é um autêntico desperdício de tempo. Acrescentou ainda, que quem pensa, que as crianças conseguem compreender a complexidade de uma obra de arte, está simplesmente a ser intelectualmente arrogante.
A acreditar nas considerações acima, ir a um museu de arte com miúdos, é submetê-los a uma tortura e para demais perfeitamente inútil. Mas será que é mesmo assim?
É certo que uma criança não possui ainda as ferramentas conceptuais que lhe permitam compreender a complexidade de uma obra de arte, mas e se a ida a um museu, ao invés de ser uma aprendizagem intelectual, fosse primordialmente uma experiência emocional?
A grande arte, é grande precisamente na medida em que evoca em nós as mais fundas e primordiais emoções, aquelas que nos constituem como seres humanos e que são indizíveis, inexprimíveis e intraduzíveis. Essas mesmo que qualquer criança sente a crescer em si desde a sua mais tenra idade.
É evidente que pelo estudo e observação de uma obra de arte, podemos aprender muito e adquirir um vasto conhecimento intelectual: quem a executou, em que data, em que país, qual a técnica utilizada, qual a sua história, o seu significado e muitos outros factos. Todavia, a compreensão primeira de uma obra de arte, dá-se a um outro nível, a saber, ao nível emocional.
Não desdenhamos dos factos nem do conhecimento intelectual, nada disso, contudo, num museu, diante de uma obra de arte, antes de tudo há que SENTIR, só depois é que vale a pena aprender. Caso contrário, é uma maçada.
Nas visitas de estudo que realizámos ao Museu de Arte Antiga, à Gulbenkian e ao CCB, partimos desta premissa, razão pela qual, muito antes de chegar o dia de irmos ao museu, os alunos já conheciam histórias relacionadas com as obras que iriam ver. Conheciam inclusivamente histórias relacionadas com o próprio edifício. Conheciam todo tipo de histórias, as cruéis, as simpáticas e as assim-assim.
Em síntese, tinham estabelecido uma relação emocional com o que iriam observar. No dia da visita, os alunos levavam consigo um guião em que mais uma vez, e não esquecendo com isso os conhecimentos factuais, a tónica estava colocada nas emoções.
Após mais de uma hora e meia a visitar cada um dos museus referidos, sempre que chegava o momento de terminar a visita, muitos eram os miúdos que não queriam vir-se embora, queriam ver mais, SENTIR mais. Foi uma maçada convencê-los a partir.
Guião de Aprendizagem "És cruel... és mesmo má!"
https://drive.google.com/file/d/1lTDwMIjcBpsJrxMl3FjHUhMCJvNEOLDU/view?usp=sharing
Ficha de exploração "És cruel... és mesmo má!"
https://drive.google.com/file/d/1iL7qZVkguAvw8bV8AH2GHw5aDrQJ4e9L/view?usp=sharing
Guião da visita de estudo ao Museu Nacional de Arte Antiga
https://drive.google.com/file/d/1QRBKX0oLlUjIqNbftFTldKd7k3baaBUq/view?usp=sharing
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