Há uns dias mostrámos fotografias de dois globos terrestres a uma turma de alunos do 4° ano de escolaridade: uma a cores e outra a preto e branco. A nossa intenção era que opinassem sobre as imagens a preto e branco. Um aluno opinou e disse o seguinte:
"Prefiro a imagem a preto e branco porque é a mais verdadeira. Afinal o planeta está a morrer..."
Que alguém com menos de dez
anos de idade, possa ter uma perspectiva tão descrente acerca do futuro do mundo
em que vivemos, não é certamente um bom sinal.
Lembrámos-nos disto a propósito
da morte de Gal Costa. É certo que hoje morreu, mas neste entretanto, viveu.
Não só viveu, como viveu com crença num claro futuro, em que tudo é tão bonito,
com música, ternura e aventura.
É isso mesmo que nos diz a
letra de uma das suas mais conhecidas canções, “Tá Combinado”, que aqui vos
deixamos num dueto com Caetano Veloso, gravado em 1996:
Sabemos que as profecias
apocalípticas que diariamente nos servem, nunca se irão cumprir. Há milénios que há
sempre quem sirva apocalipses e infernos à humanidade, nos mais diversos modos
e nas mais distintas latitudes.
“O Apocalipse” de São João de
Patmos, “ O Inferno” de Dante e “Os quatro cavaleiros do apocalipse” de
Albrecht Durer são apenas alguns dos exemplos mais conhecidos, mas poderíamos
apresentar centenas de outros. No entanto, por cá continuamos, e apesar de
todas as aparências, a humanidade vive melhor do que nunca.
Vivemos por mais tempo, com
mais saúde, com mais conhecimentos, melhor alimentação, melhores condições
sanitárias, melhor tecnologia e com um bem-estar material absolutamente
inédito. Só por pura ignorância, é que se pode colocar num mesmo plano, as
condições de vida de outras eras, com as atuais. Bem sabemos que estas benesses
não chegam a todos, mas chegam a um número de pessoas incomparavelmente maior
do que alguma vez chegou.
Se todas as épocas tiveram os
seus apocalipses e infernos, todas tiveram também as suas eras douradas. Desde
os antigos egípcios, passando pela China e indo até aos E.U.A., não houve
civilização que não tivesse o seu período de ouro.
O que as crianças de hoje, como
as de sempre, têm direito a esperar do futuro, não é o fim do mundo, mas sim
uma era dourada.
Todos temos direito a ter os
nossos anos dourados, esses que recordaremos para sempre com saudade. Voltamos
a uma canção de Gal Costa, “Anos Dourados”, aqui numa interpretação conjunta
com Tom Jobim:
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