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Neste Natal, toca a reunir

 


Há algo melhor do que estar numa reunião? Em princípio não. Há poucas coisas na vida tão divertidas como estar numa reunião. Nesta época do ano, há milhentas reuniões de avaliação pelas escolas deste país. Também por esta época, há outras tantas milhentas reuniões familiares, não apenas com a família mais próxima, que essa mal ou bem lá se vai levando, mas sim com a família alargada: avós, tias, sogros, primos, cunhadas, compadres e toda a demais parentela.

As reuniões familiares natalícias gozam de muito melhor fama do que as reuniões de avaliação nas escolas. Não se estranha que assim seja, pois nas primeiras há relatórios para preencher, atas a fazer e notas para atribuir. Enquanto isto, nas segundas, há boa comida, bebida em abundância e prendas. A preferência pelas segundas, parece ser mais do que óbvia, parece obedecer a uma lógica inatacável.


Mas façamos uma viagem surrealista. Imaginemos que nas reuniões familiares natalícias, se usava uma linguagem e procedimentos semelhantes aos que se usam nas reuniões de avaliação. Façamos esse mix. Qual seria o resultado? 

Imaginemos, por exemplo, que se lavravam atas das reuniões familiares natalícias. Se tal sucedesse, em ata ficaria registado aquele lamento que a Tia Jacinta fez, do alto dos seus oitenta anos, quando disse que há de ir para a cova levando consigo um desgosto. A saber, o desgosto que lhe deu o seu lindo filho, o já quinquagenário primo Amâncio, quando há décadas se casou com a Maria da Dores. Essa mosca-morta, que nem cozinhar sabe, como se comprova pelo facto, de segundo a Tia Jacinta, o Amâncio estar magríssimo, isto apesar de ostentar uma senhora pança.

 

Na verdade, se existissem e consultássemos as atas dos últimos vinte e tal anos, iríamos constatar que essa avaliação sumativa negativa da Maria das Dores feita pela Tia Jacinta, se repete ano após ano em todas as ceias de natal. Na verdade, repete-se em qualquer ocasião, mas no dia de Natal, os comentários da Tia Jacinta são sempre especiais. Para a tia, a Maria das Dores é, e nunca deixará de ser, a repetente da família.

 

Constataríamos também, pela leitura das atas, que ao seu lamento, a Tia Jacinta acrescenta sempre um “feedback” individualizado dirigido especificamente ao Amâncio, o seu adorado filho, que sintetiza na seguinte frase: “com certeza que se te tivesses esforçado mais, tinhas arranjado melhor”.

 

O resto da sequência de acontecimentos é previsível, o Amâncio resmunga qualquer coisa de incompreensível e a Maria das Dores, que tem baixa autoestima, ausenta-se nos seus pensamentos, nada mais diz, e parece nem ali estar.

Consequentemente, para além de repetente, a Maria das Dores também goza da fama de ser muito distraída e de ter pouca capacidade de concentração.

 

É nesse contexto, que alguns membros da família fazem tentativas de inclusão: ó tia não diga isso, olhe que a Maria da Dores é boa pessoa, quando era nova até era engraçadita e ao menos é decente, não é como umas e outras.

A expressão “umas e outras” é dita em abstrato, contudo, todos sabem que se trata de uma indireta à Janete, a mulher do primo Felisberto. A intenção subjacente ao uso da expressão “umas e outras” é formativa. É a ver se a Janete se autorregula e ganha juízo.

Ao que se diz, a já quarentona Janete, não é propriamente uma esposa fidelíssima. Nunca o terá sido. No entanto, ninguém se atreve a dizê-lo explicitamente, apenas em tom de avaliação formativa. Com efeito, todos sabem que a Janete não é de fiar, e que se lhe chega a mostarda ao nariz, é bem capaz de partir a loiça toda e ainda alguém se aleija.

Sem ir ao extremo de partir a loiça toda, ainda assim, a Janete não se fica e diz o que tem a dizer. Mesmo que seja só para que conste em ata, a Janete faz questão de recorrer a analogias pedagógicas, mais ou menos óbvias, a fim de descrever as dificuldades do Felisberto. No fundo, o que a Janete quer que fique claro, é que a culpa dessas dificuldades é da família de origem, que os défices do Felisberto provém do contexto sociocultural em que cresceu e, assim sendo, dado serem essas as circunstâncias, ela sozinha não faz milagres.

 

Mesmo que não o conhecêssemos, ao Felisberto entenda-se, apenas pela descrição da Janete, era fácil de adivinharmos que, para além das suas evidentes limitações cognitivas, terá também outras limitações ao nível de competências associadas à expressão corporal. É meio desajeitado e pouco participativo seja em que área for. 

Na sua síntese global, a Janete refere que, mesmo com muito apoio, nem assim ele consegue obter sucesso. O que para ela é uma frustração. Já pediu relatórios a médicos e psicólogos, mas o facto é que, mesmo aplicando todas as medidas existentes, a evolução do Felisberto, quer a nível cognitivo, quer a nível físico-corporal, é nula.

Se calhar precisa de um apoio especial, conclui a Janete, com um gesto amaneirado a acompanhar a frase. Para quem eventualmente não captasse a insinuação, a Janete faz questão de dizer, que talvez o Felisberto só progrida com adaptações no cuuu…(prolonga a vogal e finge uma pausa, para logo em seguida concluir, mas não sem que antes, volte a acentuar exageradamente a primeira sílaba da palavra)… no cuuurrículo.


Tendo-se chegado a este ponto da ordem de trabalhos, o irmão mais velho do Felisberto, o primo Zé Manel, de quem se suspeita ter trabalho colaborativo com a Janete, que não se limita apenas à habitual colaboração entre cunhado e cunhada, propõe que o currículo alternativo para o Felisberto seja na área da horticultura.

Esta intervenção do Zé Manel, desencadeia inevitavelmente uma série de abundantes referências à falta de qualidade dos pepinos, dos tomates e de outros legumes e vegetais. Todos, excepto o Felisberto, que esboça um sorriso e nem sequer percebe bem o que se passa, e todos se riem à fartazana. É assim todos os anos, uma tradição que a cada Natal se renova.

 

A mãe dos irmãos Felisberto e Zé Manel, a Hortênsia, aos anos que vê todos a rirem-se sem nunca conseguir perceber onde é que está a graça, mas desconfia. Em qualquer dos casos, sorri, pois o que verdadeiramente lhe importa, é que os filhos sejam felizes e estejam de saúde.

 

Houve vezes, em que, nas ceias natalícias, a Hortênsia decidiu assumir a defesa do Felisberto. Assumiu um papel equivalente ao de certas encarregadas de educação, que quando são confrontadas com os maus resultados dos seus educandos em matemática, os justificam dizendo que já o pai também era assim, não tinha jeito nenhum para os números, que o problema é hereditário.

No caso da Hortênsia, não era de matemática que se tratava, mas sim de horticultura. Com efeito, afirmou nessas ocasiões, que o seu falecido marido, o Inácio, pai do Felisberto, também não tinha jeito nenhum para a horticultura, mas que isso não importava, não foi por causa disso que ela o amou menos.

 

Em tais momentos, por respeito ao falecido Inácio, ninguém se pronuncia. Todavia, todos fazem uma inversão mental do sentido que a Hortênsia tinha dada à sua afirmação, e pensam para si próprios: claro que não foi por causa disso que amaste menos o Inácio, foi mais por causa do Firmino da mercearia, onde ias fazer o avio da semana. Que esse sim, tinha sempre bons produtos hortícolas.

Era também o que a Hortênsia, quando em noites de consoada se punha a degustar as rabanadas, melancolicamente pensava para si mesma, ou seja, no avio da mercearia. Só que não o podia confessar, que era uma mulher séria. Assim, esforçava-se por afastar de si tais ideias, pois que mais a mais era natal, uma noite santa, e parecia mal pensar nessas coisas, nesses avios.

 

A tia-avó Maria de Fátima, que é uma parente assim mais de segundo ou terceiro grau, também se ria das chalaças, mas de um modo mais circunspecto e até ligeiramente condescendente. Por via das dúvidas, jamais deixa de esclarecer os restantes comensais, que a sua descendência direta, filhos e netos, é de uma categoria distinta da dos presentes à mesa.

São gente de respeito, que se licenciou com excelentes notas, bem casados, com boas casas e empregos estáveis e de prestígio. É certo que nunca a convidam para a ceia de natal, mas isso é porque moram longe, para lá de Carcavelos, e vivem vidas muito ocupadas.

Na Páscoa não lhes dá jeito convidarem-na porque recebem sempre a visita de uns amigos do norte. No verão também não a convidam para lado nenhum, mas isso é porque vão de férias para o estrangeiro, e entre tratar do passaporte, fazer as malas, apanhar o avião e tudo o mais, a azáfama é mesma muita e não dá.

Os filhos e netos da tia-avó Maria de Fátima são um exemplo, são os bons alunos da família. A tia-avó Maria de Fátima teve muita sorte, pois nunca se portaram mal, nunca tiraram más notas e nunca deram problemas. Sempre foram muito estudiosos. Eles gostam muito dela, com certeza que no dia em que a tia-avó Maria de Fátima falecer a vão chorar muito.

 

Lá para o fim do repasto, segue-se a tão aguardada troca de presentes. O normal é que cada um olhe para as prendas recebidas e sinta uma certa desilusão. Ou bem que os presentes não servem para nada, tipo bibelôs e coisas desse género, ou bem que servem, mas são de um mau gosto absolutamente atroz. Quando há talões de troca, menos mal, quando não os há, resta a tristeza.

 

Esforçámo-nos tanto para nada. Andou uma pessoa a deixar mensagens subliminares a toda a família, que gostaria de receber de presente uns belos sapatos da marca tal e tal, e saem-lhe umas meias. Andou uma pessoa a dizer a meio mundo que as camisas da loja XPTO são feitas dos mais finos tecidos, e acaba por receber um conjunto de lenços para assoar o ranho, quando não um par de cuecas. Decididamente, não vale a pena.

 

Tendo-se instalado esta atmosfera de anticlímax pós-prendas, há sempre alguém que tenta desanuviar o ambiente concluindo: o que importa é estarmos reunidos. Ah, pois é. É isso mesmo que importa, bela conclusão. É tal e qual como nas reuniões de avaliação nas escolas, o que importa é estarmos reunidos.


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