Estamos em janeiro de 2022 e já não há vagas nas escolas privadas para o ano letivo 2023/2024. A avaliar pelo que está acontecer, parece que a tendência dos últimos tempos vai acentuar-se consideravelmente no próximo ano letivo, ou seja, mais privado, menos público.
O número de escolas públicas tem vindo a diminuir, havendo quase nove mil estabelecimentos a menos relativamente aos que havia há 20 anos, de acordo com dados do Ministério da Educação. Em contraste, os colégios privados têm crescido, assim como o número de estudantes que os frequentam. Deixamos-vos a notícia:
Ou muito nos enganamos, ou daqui a uns poucos anos já
não vai haver escassez de professores nas escolas públicas, pois o seu número
será tão diminuto, que uns poucos professores bastarão para dar conta do
recado.
Pelo caminho que vamos, num futuro próximo, frequentarão a escola pública tão-somente os alunos oriundos das famílias mais pobres, pois até mesmo os remediados procurarão encontrar uma forma de arranjar uns tostões para dela fugir.
Ou muito nos enganamos, ou daqui a uns poucos anos, as greves e manifestações não serão a favor de melhores condições salariais e de trabalho para os docentes, mas sim contra o despedimento massivo de professores do ensino público.
Ou muito nos enganamos, ou em breve a luta não será pela melhoria da escola púbica, mas sim pela sua sobrevivência.
Deus queira que nos enganemos.
Quando tal suceder, caso ainda por aqui andemos, não nos vamos esquecer de dar as mais sinceras condolências a todos os que ativamente contribuíram para aí chegarmos. Uns de um lado, outros do outro, e uns contra os outros, voluntária ou involuntariamente, nenhuns se têm poupado a esforços para encaminharem a escola pública para o abismo.
Não seria preciso dizê-lo, mas a escola pública é um dos pilares fundamentais de toda e qualquer sociedade, cuja aspiração seja a existência de igualdade de oportunidades para todos, independentemente, da sua classe social de origem.
Pelos vistos, a nossa sociedade parece já não querer
aspirar à igualdade de oportunidades, prefere antes que os filhos dos ricos se
safem, que os filhos dos remediados se vão tentando safar e o que os filhos dos
pobres, pobres sejam.
Em outubro de 1974, a socióloga Maria Filomena Mónica
foi autora de um documentário intitulado “Cinco Destinos”, no qual se retratava
como era a escola primária de cinco alunos oriundos de diferentes classes
sociais e que aspirações tinham.
Quarenta anos depois, a socióloga foi novamente à procura desses alunos, agora já adultos. O que resultou desse encontro, pode ser visto na reportagem cujo link abaixo vos deixamos. São trinta minutos que todos deviam ver:
A conclusão a que chegámos após assistirmos a essa reportagem, é que apesar da classe social em que se nasce ser ainda um fator importante no sucesso escolar e do que se faz da vida, progressos houve desde outros tempos, e não foram poucos.
Basta olharmos com atenção para esta reportagem, para vermos que há uma diferença imensa entre o Portugal passado e o Portugal presente. Sabe-se que o contributo da escola pública foi absolutamente decisivo para esse enorme avanço, ou, se calhar não se sabe.
Vá-se lá saber como é que tudo isto vai acabar...
Comentários
Enviar um comentário