É um clássico das escolas deste país, que se justifique as eventuais dificuldades dos alunos e consequentes maus resultados académicos, com a falta de preparação prévia, ou seja, com a ausência de pré-requisitos.
No ensino superior, os docentes queixam-se da falta de pré-requisitos dos alunos e atribuem esse défice ao ensino secundário. Também os docentes do ensino secundário se queixam do mesmo, só que neste caso, a responsabilidade parece estar no 3° ciclo. Como seria previsível, o 3° ciclo passa as responsabilidades para o 2° ciclo, o 2° ciclo para o 1° ciclo, o 1° ciclo para o pré-escolar que, por sua vez, responsabiliza as famílias.
Esta forma de pensar não é exclusiva das escolas. Sempre que um governo toma posse, justifica o que corre mal com as medidas tomadas pelo governo anterior, que, por sua vez, já fazia exatamente o mesmo relativamente ao governo precedente.
Se quisermos ser rigorosos, a culpa de todos os atuais problemas da nação é de D. Afonso Henriques. Mas, se quisermos ser ainda mais rigorosos, talvez a raiz dos nossos problemas seja ainda anterior. Com efeito, já o imperador romano Júlio César (100-44 a.C.) dizia assim:
“Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar."
Esse povo somos nós.
Nicolau de Maquiavel
viveu na bela cidade de Florença entre 1469 e 1527. Foram poucos os homens cujo
nome, como Maquiavel, deu origem a um adjetivo. Todos sabem o que é ser-se
maquiavélico, poucos sabem quem foi Maquiavel.
A mais célebre citação de Maquiavel, é a de que “Os fins justificam os meios”. Foi precisamente esta frase que deu origem ao adjetivo maquiavélico.
O facto era que Maquiavel era tudo menos maquiavélico. A sua única intenção era aconselhar corretamente, para que se mantivesse no poder, o maior e melhor príncipe que alguma vez governou Florença, aquele que fez a glória e esplendor dessa cidade: Lorenzo de Medici, Il Magnifico.
Um dos conselhos
que Maquiavel deu ao Príncipe, foi o de que, se porventura algo corresse mal,
pusesse as culpas em quem governou antes dele.
Vamos agora
falar-vos do nosso fado. Dantes, no longínquo tempo em que quem vos escreve era
criança, ouvíamos a nossa avó discutir com as vizinhas. O que verdadeiramente
as tirava do sério, à avó e às vizinhas, era que os guitarristas de então já
não acompanhavam o ritmo do fadista.
Nem as suas pausas, nem os seus silêncios, nem as suas acentuações. Ou seja, parecia-lhes a elas, que os guitarristas tinham esquecido a sua razão de ser: acompanhar o ritmo de quem cantava.
Na perspetiva
dessas velhas e desaparecidas senhoras, por muito bem que um guitarrista
tocasse, se não acompanhasse o ritmo do fadista, por excelente instrumentista
que fosse, isso de pouco importava.
Mudemos de assunto. Talvez haja quem pense, que para se cantar o fado, tem de se ter pelo menos um pré-requisito, a saber, ter uma boa voz. Mas não.
Um dos maiores fadistas de sempre, o Alfredo Marceneiro, não tinha voz absolutamente nenhuma. Esse pré-requisito não tinha ele. Mas e então? Não era por isso que não cantava e bem.
Deixamos-vos o fado da Mariquinhas para cada um avalie por si:
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