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A solidão dos professores (Capítulo II)

 


Como os nossos leitores hão de imaginar, ao longo dos já muitos anos da nossa vida, convivemos com centenas de professores. Conhecemos quem desesperasse numa sala de aula, quem se entusiasmasse e quem cumprisse metodicamente a função sem estados de alma.

Conhecemos inclusivamente quem fosse intercalando anos sem estados de alma com anos de desespero ou de entusiasmo e o seu exato contrário. A carreira docente é longa, dá para tudo.

 

A carreira docente dá para tanto, que hoje decidimos escrever um texto de autoajuda para professores. Sim, claro, nós bem sabemos que a autoajuda é uma grande tanga. Mas também sabemos que o mercado da autoajuda está avaliado em 3,8 biliões de euros só nos EUA. Portanto, há muito quem goste. Nós aqui fornecemos esse serviço de forma completamente gratuita. É de aproveitar, que amanhã termina a interrupção letiva da Páscoa e a luta continua. 

Quem tiver a paciência de nos ler, de certeza absoluta que amanhã vai entrar na sua escola muito mais feliz e confiante no seu trabalho e em si mesmo do que alguma vez foi na vida.

Se por acaso não resultar, nós fazemos a devolução do valor gasto para a morada que nos indicarem, sem portes nem quaisquer outros custos adicionais. Era uma piada. Perceberam, certo?

 

Falávamos ontem, no Capítulo I deste texto, da solidão dos professores. Para tal fizemos uma distinção entre “sentir-se só”, algo de angustiante e que pode ser terrível, e “estar só”, algo que pode constituir um momento para nos reencontrarmos connosco mesmo.

Em português a distinção nem sempre é nítida porque só existe a palavra solidão para designar as duas situações, mas em inglês a distinção é claríssima, há “solitude” e há “loneliness”.

 

Dissemos ontem também, que para um professor é indispensável saber estar só, ou seja, perceber quem é, o que quer, como agir e o que tem para dizer, pois só assim conseguirá ter a necessária estrutura para resistir a tudo o que sucede dentro de uma sala de aula e não se perder. 

Quem eventualmente ainda não tenha lido o que ontem escrevemos, pode fazê-lo em:

https://ifperfilxxi.blogspot.com/2023/04/a-solidao-dos-professores-capitulo-i.html


Portugal é um dos países da OCDE onde mais se consomem ansiolíticos e antidepressivos, atingindo números que duplicam os de países como a Holanda, a Itália ou a Eslováquia. Entre as classes profissionais que mais os consome, está a classe docente.


Este facto por si mesmo, é revelador que há muito quem se sinta só (loneliness) e por isso tenha caído nas trevas. Nós não temos nenhuns conhecimentos de psicologia nem de psiquiatria, no entanto, acreditamos que um dos melhores remédios para curar quem se sente só, é precisamente “estar só” (solitude), ou seja, reencontrar-se com quem se é, com o que se quer, descobrir como se vai agir e saber aquilo que se tem para dizer. 


Sintetizando, por um lado, a solidão resultante de nos sentirmos sós é tenebrosa, por outro lado, de um modo diametralmente oposto, a solidão resultante de estarmos sós pode ser luminosa.

Talvez quem nos leia, estranhe que adjetivemos a solidão como luminosa, todavia, cremos que essa estranheza acabará por se desvanecer ao longo deste texto.

 

Há uns anos, a SIC, na rubrica “Noites Longas", apresentou um programa de entrevistas que tinha como título “Of Beauty and Consolation” na versão inglesa e "O Belo e a Consolação" na tradução portuguesa.

A série constava de 24 conversas com vinte e quatro pessoas extraordinárias com diferentes percursos e visões da vida: artistas, cientistas, músicos e filósofos. Muitos desses episódios estão disponíveis no YouTube.

Há quem diga que esse talvez tenha sido o melhor programa de televisão alguma vez feito. O tópico acerca do qual todas essas vinte e quatro pessoas falavam, era de como a contemplação das coisas belas constitui um antídoto e um consolo para as agruras, frustrações, tristezas e arrelias da vida, ou seja, para tudo aquilo que nos faz sentir sós (loneliness).

 

No fundo, a contemplação das coisas belas é a melhor forma de nos reencontramos connosco mesmo. Quando estamos diante de uma bela obra de arte, quando lemos uma poesia ou escutamos uma linda melodia, é como se estas se refletissem em nós e nós nelas.

As belas coisas contemplam-se quando se está só (solitude), mas numa solidão fértil da qual nasce um luminoso encontro no qual descobrimos o que temos diante de nós e simultaneamente nos descobrimos a nós próprios.

Quem já não se encontrou a si mesmo numa música, num livro, num filme ou num quadro? Quem já não se encontrou no belo?

 

Há quase dois milénios, na antiga Atenas, Platão foi o primeiro a teorizar sobre o belo, talvez o devêssemos ler mais, pois provavelmente é um dos autores de maior atualidade.

 


Mais Platão, menos Prozac! Está ou não está boa? Está sim senhor. É uma óptima frase de autoajuda.


Mas continuemos o nosso caminho em busca da luz que nos traz o estarmos sós.

Pensemos por exemplo nos eremitas dos primeiros séculos do cristianismo. Quando estes voluntariamente se retiravam para as mais longínquas regiões dos mais áridos desertos ou para os mais inacessíveis, ásperos e escarpados penhascos. O que na verdade procuravam era a luz, neste caso, a luz divina. Sabiam que apenas estando sós e isolados do mundo, a poderiam encontrar, a essa luz que procuravam.

 

Abaixo, uma imagem de um mosteiro em Metéora, na Grécia, local para onde, desde o século XII, os monges se retiravam em busca da luz.


Em boa verdade, aprender a “estar só” é uma forma de nos iluminarmos. Aquele que sabe estar só, como que tem uma espécie de aura. A luz nunca o abandona, nem mesma na mais obscura noite.

Se os eremitas necessitavam de se retirar para locais inóspitos para se isolarem, não são todos os que precisam de o fazer, há quem mesmo no centro das maiores e mais populosas cidades encontre lugares para estar só.

Estar só, por exemplo, para chorar. Em Nova Iorque foi recentemente lançada uma curiosa App, a NYC Crying Guide. A App anuncia-se como um manual para chorar fora de casa, diz-nos quais são os piores e o melhores sítios para o fazer.


Para quem porventura estiver a pensar viajar até Nova Iorque, aqui fica o link:

https://cryingnewyork.tumblr.com

 

Desde já avisamos que em Nova Iorque os elevadores são péssimos lugares para chorar, nunca se consegue estar mais de quinze segundos sozinho. Recomenda-se o metro, especialmente, a linha 7. Aí uma pessoa pode chorar abundantemente que ninguém lhe ligará nenhuma! É o sonho de qualquer chorão! Há quem apanhe esta linha do metro ao menos uma vez por mês para poder chorar à vontade.

As casas de banho dos escritórios ou repartições também são um bom sítio. São perfeitas para uma choradeira rapidinha, tipo um ou dois minutos. Para os mais românticos, o melhor é apanhar o ferry até Staten Island ali por alturas do lusco-fusco.

É uso dizer-te que chorar faz bem, lava a alma. É mais uma boa frase de autoajuda para quem nos lê. É ou não é? Claro que é. Mas mesmo assim sendo, nós não somos muito dados às lágrimas, por conseguinte, avancemos.


Uma vez que estamos na América do Norte, por lá vamos continuar. Vamos procurar outras formas de se estar só, que não a chorar.

Os eremitas procuravam na solidão a iluminação da luz divina, mas há quem na solidão seja iluminado pela luz elétrica. É o que o sucede com as personagens dos quadros do pintor norte-americano Edward Hoopper (1882-1967).

 

No sua célebre obra Nighthawks de 1942, Hopper retrata um restaurante modesto situado algures numa qualquer esquina de Manhattan. É noite. Ao balcão, três personagens, dois homens e uma mulher. Parecem encontrar-se ali por mero acaso. Do outro lado do balcão, o empregado.

Questionado acerca do seu quadro, Hopper respondeu o seguinte: “unconsciously, probably, I was painting the loneliness of a large city”. Mas disse mais do que isso, disse também acerca do quadro, que ele “didn't see it as particularly lonely".

Não o via como “as particularly lonely” porque as luzes da grande cidade são como uma espécie de redenção para quem se sente só.

As luzes da grande cidade são uma alternativa a quem se sente só em casa diante dos ecrãs de televisão, de computador, de telemóvel ou simplesmente a olhar para as paredes.

Cá está, mais um belo conselho para o nosso catálogo de auto-ajuda. Este até dava para um slogan em inglês e tudo: "Bright Lights, Big City".

 


Nas grandes cidades, não é luz divina que nos ilumina quando estamos sós. Nas grandes cidades reencontramo-nos connosco mesmo banhados pela luz elétrica. Era isso mesmo que se cantava num música de sucesso dos anos 60, "Downtown". 

Vamos lá todos cantar, que quem canta seus males espanta:

“When you're alone and life is making you lonely, You can always go Downtown. When you've got worries all the noise and the hurry, Seems to help I know, Downtown. Just listen to the music of the traffic in the city, Linger on the sidewalk where the neon signs are pretty, How can you lose? The light's so much brighter there, You can forget all your troubles, forget all your cares, So go downtown. Things will be great when you're”.

 

Bom, já chega. Já demos bastantes conselhos de autoajuda para quem não queira sentir-se só, mas sim estar só consigo mesmo e reencontrar a luz, a saber, um retiro espiritual, a contemplação da arte, cantar ou ir passear para a Baixa e beber um copo ou ver as montras.

 

Só quem for mesmo macambúzio é que não fica bem disposto com os nossos conselhos. Um último conselho, se nada disto servir, ainda assim, podem ir para a praia apanhar sol, pode ser que se faça luz.

De algum modo, a praia é uma síntese de tudo o que antes dissemos. Quem se põe a olhar o mar e o infinito horizonte, está também numa espécie de retiro espiritual e, assim como assim, pode sempre levar-se uns fones ou um livro e perdermo-nos e encontrarmo-nos na leitura ou audição de uma bela obra musical ou literária.

Na praia, como em qualquer lugar, o que temos de fazer é estar atentos às coisas belas, pois são estas o melhor antídoto para agruras, frustrações, tristezas e arrelias da vida, ou seja, para tudo aquilo que nos faz sentir sós.

 

Pedimos-vos que não façam como o polícia da imagem abaixo, que na década de 50, decidiu multar uma senhora por usar bikini. Não sejam insensíveis às coisas belas que isso só vos faz é mal, é este nosso último conselho de autoajuda.

 






 

 


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