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Afinal não houve greve às notas!

 


Portugal seria um país com muita graça, não fosse o facto de a graça já estar um tanto ou quanto gasta. Houve para aí uma ameaça de que os professores poderiam fazer greve às reuniões de avaliação e não lançar as notas do 2° período, e logo parte da classe política e os “tudólogos” que abundantemente opinam nas televisões e jornais, imediatamente reagiram com horror: que não podia ser, que era uma irresponsabilidade, que era o fim do mundo e que rebébéu pardalinhos ao ninho.


Aparentemente, está instalada na consciência nacional, a ideia de que as notas são uma coisa importantíssima, são mesmo a coisa mais importante de todas. Não haver aulas é aborrecido, chateia e isso tudo, agora não haver notas, isso é que não, isso é que é uma autêntica catástrofe.

Em nosso entender, as notas lá terão a sua relativa importância, mas dito isto, cremos que não vale pena certos exageros e histerias que por aí vamos vendo.

 

Por incrível que pareça, esta ideia exagerada relativamente à importância das notas, já não se limita apenas ao contexto escolar. Extravasou. Vai-se fazer a revisão do automóvel e passadas umas horas, o concessionário telefona-nos para que classifiquemos o serviço prestado. É-se cliente de um banco ou de uma seguradora e, volta não volta, espetam-nos com um inquérito à frente para aferir o nosso grau de satisfação. As companhias de telecomunicações então, parece que nem dormem descansadas, se porventura não nos contactam com abundante regularidade para que avaliemos a qualidade dos seus produtos.

"A sua opinião é importante", dizem-nos em tais ocasiões. Então não se está a mesmo ver que é? Logo pelo que nos cobram e pelo tempo que nos fazem esperar em linha de cada vez que lhes ligamos a pedir assistência, percebe-se o quão importante a nossa opinião é.

Disso não há dúvidas nenhumas, para essas empresas, a nossa opinião é mesmo importantíssima, não fosse o facto de a nossa opinião não lhes importar absolutamente para nada.

Para cúmulo, no outro dia, uma vez terminada uma refeição num restaurante banal, juntamente com a conta, trouxeram-nos um papelinho para darmos uma nota de 0 a 10 ao atendimento, à decoração, aos acepipes, ao prato principal e à sobremesa. No fim do papelinho, havia também um item referente à avaliação global da experiência! Demos 10 a tudo, mas uma coisa é certa, nunca mais lá voltamos.

Mas que raio de mania é esta que há neste país com as notas? Sinceramente, não sabemos que resposta dar à nossa própria pergunta.

Ainda bem, que esta nossa pergunta não conta para a avaliação, caso contrário, já tínhamos tido má nota.

Mas imaginemos que esta nossa pergunta contava para a avaliação. E imaginemos também que continuávamos sem saber o que responder. Ou pior ainda, que respondíamos e falhávamos a resposta! Qual seria verdadeiramente o problema de falharmos? Em boa verdade, nenhum.


Falhar é frequentemente mais importante do que conseguir. Aliás, se formos a ver bem, raramente se consegue algo, sem que antes se tenha falhado. É como aprender a andar, foram muitas as vezes que tivemos de tropeçar, de cair e de nos voltarmos a erguer, antes que finalmente conseguíssemos dar o primeiro passo.

 

Vamos a um exemplo mais específico daquilo que acabámos de dizer. O que poderíamos nós pensar de uma escola, que foi frequentada por um total de 1200 alunos durante os seus vinte e quatro anos de existência, mas onde apenas cinquenta e cinco deles conseguiram obter um diploma?

À primeira vista, estes números parecem indicar-nos que estamos perante um falhanço monumental, contudo, a verdade é que a escola a que nos referimos, foi um dos maiores sucessos pedagógicas de que há memória. Sendo que, a sua influência foi tão decisiva, que se faz sentir até aos dias de hoje, muitos anos após ter já definitivamente encerrado as suas portas.

A escola de que vos falamos é o Black Mountain College. Foi fundada em 1933 no estado norte-americano da Carolina do Norte, tendo estado em funcionamento até ao ano de 1957.



O Black Mountain College foi fundado por um grupo de professores “rebeldes”. Todos esses docentes “rebeldes” gozavam de um enorme prestígio intelectual, contudo, havia uma quase total incompatibilidade entre as suas crenças e aspirações pedagógicas, e os métodos e práticas tradicionais que encontravam nas escolas onde trabalhavam.

Por conseguinte, esses professores, ao invés de viverem uma vida inteira de amargura e frustração, abandonaram a segurança de uma carreira certa e decidiram antes ir à aventura para tentar construir algo em que realmente acreditassem.

Com esforço e entusiasmo, conseguiram os financiamentos necessários. Obtiveram importantes donativos e apoios de instituições e fundações privadas, que quase por milagre, acreditaram no improvável e arrojado projeto educativo que lhes foi apresentado. Conclusão: por vezes, o impossível é possível.

 

Nos estatutos ficou consignado que a propriedade da escola pertencia aos docentes, sendo também estes que ficariam encarregues da sua direção. Ficou ainda definido, que todos os membros da escola sem excepção participariam nas decisões de âmbito pedagógico.



Na génese pedagógica do Black Mountain College estavam a interdisciplinaridade e o trabalho colaborativo entre alunos e professores. A escola contava com aulas de filosofia, psicologia, literatura, matemática, latim e história. A arte era a área onde se uniam todas as aprendizagens das diferentes disciplinas, o que sucedia através da realização de trabalhos práticos em pintura, escultura, dança, música, teatro ou de tudo isto por junto.

A formação humanística não pretendia apenas que os alunos assimilassem conhecimentos, aspirava também ao seu amadurecimento emocional e intelectual num contexto de experimentação, de discussão e de troca de ideias. O objetivo era que aprendessem ativamente através da experiência pessoal e não passivamente pela mera transmissão de conteúdos.

 

O Black Mountain College era uma escola sem notas nem classificações, ainda que, essas fossem arquivadas burocraticamente para os casos de transferências. Não existiam exames nem provas, pois os alunos eram continuamente criticados e avaliados, quer pelos professores, quer pelos seus próprios colegas, através dos projetos práticos que concretizavam.

 

Entre os alunos do Black Mountain College, contam-se algumas das figuras mais importantes da cultura norte-americana. É de umas quantas dessas figuras, que vos vamos agora falar.

Comecemos pelo músico John Gage (1912-1992), que foi um dos mais influentes compositores de todo o século XX. Cage foi o pioneiro da música aleatória e do uso de instrumentos não convencionais, bem como do uso não convencional de instrumentos convencionais, sendo considerado uma das figuras chave das vanguardas artísticas.

A sua obra mais famosa intitula-se 4’33. É uma peça de 1952 e é composta de quatro minutos e trinta e três segundos de absoluto silêncio. Segundo o próprio Gage, esta peça musical levou cerca de cinco anos a ser escrita. Para quem quiser perceber a importância desta composição, deixamos o seguinte link:

 


Deixamos-vos também a versão para orquestra de 4’33. Versão em que, por acaso, o silêncio dura sete minutos e uns quantos segundos. Vale a pena escutar com atenção:




Como já anteriormente referimos, John Cage foi aluno do inovador e pedagogicamente revolucionário Black Mountain College. Apesar da sua música 4’33 ser radicalmente nova e diferente de toda a que lhe antecedeu, nós, quem aqui vos escreve, ainda assim, conseguimos entrever pontes com a pedagogia tradicional nessa sua composição.

Com efeito, na pedagogia tradicional, os professores pedem com muita frequência aos alunos que estejam em silêncio. O que nos faz desconfiar, que talvez John Cage tenha querido prestar uma homenagem subliminar a esses pedidos e à pedagogia tradicional com a sua célebre composição musical. Será?

Em qualquer dos casos, convidamos os nossos leitores a fazerem um exercício mental e a darem uma nota a esta “greve” às notas musicais que John Gage compôs em 1952.

 

Um outro aluno do Black Mountain College, foi o artista plástico Robert Rauschenberg (1925-2008). As suas obras fazem parte das coleções dos mais prestigiados museus do mundo e no ano de 2019, houve um quadro seu que foi vendido num leilão pela linda quantia de 89 milhões de dólares. São muitas notas, não haja dúvida.

 

Em 1953, Robert Rauschenberg criou uma das suas mais famosas obras de arte, "Erased de Kooning Drawing"Pegou num desenho a lápis do também artista Willem de Kooning e, com uma simples borracha, apagou-o.

A obra faz atualmente parte da coleção do San Francisco Museum of Modern Art.

 


Mais uma vez, nós, quem aqui vos escreve, entrevemos uma homenagem de um antigo aluno do inovador Black Mountain College à pedagogia tradicional. Com efeito, é também muito comum que os professores peçam aos alunos, sobretudo aos de mais tenra idade, para apagarem tudo o que fizeram e fazerem de novo.

O que nos faz desconfiar, que talvez Robert Rauschenberg tenha querido prestar uma homenagem subliminar a esses pedidos e à pedagogia tradicional com a sua célebre composição pictórica. Será? 

Que nota teria hoje em dia Robert Rauschenberg em EVT?

 

Houve ainda outros alunos do Black Mountain College, que se tornaram figuras proeminentes no mundo da cultura, como por exemplo, o pintor Cy Twombly (1928-2011), cuja obra abaixo, de 1954, é um dos “Highlights” do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

 


Mas talvez o mais importante de todos os alunos que frequentaram o Black Mountain College, seja o bailarino e coreógrafo Merce Cunningham (1919-2009). De algum modo, inventou quase do nada a dança contemporânea. Fez-nos perceber como é belo ser moderno. Nota máxima para ele.

 


Como dizíamos no início deste texto, Portugal é um país com muita graça. Continua é com a mesma graça que tinha em 1933, quando o Vasco Santana foi sujeito a exame e finalmente conseguiu tirar uma boa nota. Foi merecida, pois então, se ele até sabia o que era o esternocleidomastóideo...




 




 


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