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Como educar um adulto para ser responsável, saudável, próspero, sustentável e feliz

 


Como pelo título já terão adivinhado, hoje não queremos falar-vos nem da educação escolar das crianças, nem da dos jovens, queremos sim falar-vos da educação de adultos. 

Normalmente, por educação de adultos, entende-se uma série de atividades de aprendizagem formal e informal de caráter geral ou profissional, realizadas depois da formação inicial.

Isto é o que normalmente se entende por educação de adultos, contudo, também não é disso que vos queremos falar. Aquilo de que verdadeiramente vos queremos falar, é de toda aquela gente que escreve nos jornais e revistas, fala nas televisões, opina nas redes sociais e em muitos outros e diversos locais, e nos dá abundantes receitas, regras e conselhos para nos educar acerca do modo correto como devemos viver a nossa vida de adultos.

Fazem mais do que isso, todos esses “educadores de adultos", tentam que nos sintamos culpados por não vivermos segundo os ensinamentos que nos lecionam, e tentam igualmente reeducar-nos, para que percamos a vontade de fazermos as coisas como muito bem nos aprouver e passemos antes a viver segundo os seus preceitos. É para nosso bem, é o que todos nos dizem.

 

Desde psicólogos, a psiquiatras, passando por terapeutas, dietistas, cardiologistas, “influencers”, “YouTubers”, conselheiros sentimentais, gastrónomos, astrólogos, estrelas de TV, ecologistas, economistas e tantos outros mais, há imensa gente com um Projeto Educativo de Adultos que não se cansa de o promover e de o divulgar. Receitas, regras e sábios conselhos para que sejamos mais saudáveis, equilibrados, solidários, sustentáveis, prósperos e felizes, é coisa que não nos falta.

 

Sete dias por semana, a qualquer hora do dia ou da noite, lá nos veem dizer que não devemos comer isto ou aquilo, que álcool nem pensar, que o sol e o sal são perigosos, que o tabaco faz mal, que é preciso reutilizar e reciclar, praticar exercício físico, beber muita água, não gastar mais do que a conta e poupar, ter horas de sono regulares e tantas e tantas mais coisas. Uma pessoa até se perde no meio de tantas recomendações.

 

A julgar pelo que se vai lendo, falando e vendo, dir-se-ia que, assim em termos meramente genéricos, os homens são menos dados a acatar todas essas recomendações alheias que constam nos Projetos Educativos de Adultos, do que o são as mulheres. Ao que parece, têm mais dificuldade de aprendizagem e menos força de vontade.

É por isso que a esperança média de vida dos homens é menor do que a das mulheres. Eles, ao contrário delas, não fazem o que lhes dizem para fazer e toca a comer o que lhes apetece, a beber o quanto lhes dá na real gana, a dormir a desoras, a fazer noitadas, a gastar o que têm e não têm e a não ligar coisíssima nenhuma a nada de nada. Tudo isto, em termos meramente genéricos, claro está.

 

Conclui-se portanto, que essa resistência masculina em seguir receitas, regras e em obedecer aos ponderados e sensatos conselhos de todos aqueles “educadores” que só querem o seu bem, só faz é mal à saúde. Mas não só faz mal à saúde, como ainda por cima sai mais caro. Aos homens, bem-entendido.

 

Um exemplo muito concreto disto mesmo, é o seguro automóvel. Se porventura os homens fossem mais cumpridores das regras de trânsito e seguissem à letra as advertências da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, teriam certamente menos acidentes e a franquia do seguro automóvel, à semelhança do que sucede com as mulheres, sair-lhes-ia mais em conta.

 

Relativamente à segurança rodoviária em concreto, temos de nos resignar, aceitar e compreender que sejam dados conselhos e feitas advertências. De facto, há para aí muitos homens que são uns autênticos aselhas a conduzir, isto já para não falar em aselhices noutros departamentos, mas que se julgam muito habilidosos. Por consequência, mesmo sendo adultos, têm de ser educados. É a melhor forma de os convencer a não prevaricarem no trânsito e a eventualmente não provocarem a sua própria desgraça e a de outros.

Acerca disto em específico, nada a dizer: eduquem-se os adultos, sobretudo os homens, para que não haja tantos nabos encartados, armados em carapaus de corrida.

 

Se no que concerne à educação rodoviária nada há a dizer, já relativamente a outros objetivos do Projeto Educativo de Adultos, muito há para dizer. Chegou ao nosso conhecimento, não nos perguntem como, que a percentagem de homens que vão regularmente a uma consulta médica, é em média 10% inferior à das mulheres que o fazem. Estamos a falar de homens entre os 13 e os 65 anos, esclareça-se.

 

Até aos 13 anos de idade, as percentagens equivalem-se, depois dos 65, voltam a equivaler-se. É no intervalo de tempo entre uma idade e outra, que se distanciam. Na juventude, a diferença de percentagem entre homens e mulheres que vão regularmente a uma consulta médica chega a ultrapassar os 20%, sendo que, a média global se situa nos tais já referidos 10%.

 

Segundo os especialistas, os homens jovens, genericamente só recorrem aos serviços de saúde às sextas e aos sábados à noite, e muito concretamente, ao serviço de urgências.

Já os homens mais velhos, genericamente só vão ao médico à última, ou seja, quando se sentem mesmo aflitos com uma maleita qualquer, que lhes começa a atormentar o juízo.

 

A explicação para estes dados estatísticos, segundo os mesmos especialistas, é a de que, sejam os homens adultos ainda jovens ou já maduros, tendem sempre a pensar no seu próprio corpo como se este fosse um castelo que aguenta estoicamente com todas as investidas e mais algumas. Um castelo absolutamente inabalável, que a tudo resiste firme e hirto. É esse o resultado da errada educação que, genericamente, tiveram. Confirmam-no também os especialistas.

 

Dizem ainda os especialistas, que, genericamente, os homens agem como se acreditassem piamente, que nada os pode derrubar. Razão pela qual, tendem a não cuidar da sua alimentação, a trabalhar sem olhar a horas, a beber álcool desalmadamente, a fumar muito, a não dormir o suficiente, a fazer sexo com quem calhar e a ter os mais variados comportamentos de risco. Em síntese, tendem a agir como se não ligassem patavina à sua própria saúde. Tudo isto genericamente, como é bom de ver.

 

Por assim ser, os homens veem como um símbolo de debilidade, que um médico, e nem falemos sequer no caso de ser uma médica, tenha o poder de lhes mudar ou condicionar o seu “lifestyle”.

É de homem com H grande, por exemplo, nunca faltar ao trabalho, nem que esteja com 40° de febre, ou, para dar um outro exemplo, nunca usar protetor solar. Para muitos homens, genericamente, a masculinidade está associada à valentia, à força e, sobretudo, ao risco.

 

Até aqui estaria tudo muito bem, pois se um homem é adulto, é autónomo e sabe os riscos que corre por querer ser um homem com H grande, era deixá-lo estar sossegado. O problema é que não. Há muito quem o queira educar.

 

Quando não deixam um homem com H grande estar em paz, ou porque são da família, ou lhe têm amor ou amizade e se preocupam e gostam dele, menos mal. Compreende-se e agradece-se o cuidado de quem nos estima. Todavia, quando não é nada disso o que está em causa, quando a um homem adulto, o que verdadeiramente pretendem é (re)educá-lo à força, aí é que a porca torce o rabo.

 

Pegamos numa publicação de grande circulação e lemos o seguinte:

“Comer uma salada, usar protetor solar, chorar ou ir ao médico não são ações que sirvam para definir a masculinidade, mas há demasiado tempo que existe a ideia de que assim é. É esta masculinidade tóxica que condiciona o comportamento de milhões de homens na forma como habitam e cuidam dos seus corpos.”

 

É impressão nossa, ou no que acima está escrito, já não se vislumbra a preocupação, o cuidado, a estima, o amor ou a amizade de alguém que nos quer bem, mas sim a intencionalidade de um Projeto Educativo de Adultos?

 

Masculinidade tóxica?! Mas a que propósito tóxica? Estamos a falar do quê? De reeducação?

 

Como é evidente, quem escreve tais coisas, deve ter a melhor das intenções e há de ser alguém muito didático, porém, tal não significa que adultos autónomos e senhores do seu destino, tenham que seguir os seus conselhos, regras e receitas, ou sequer de lhes dar a mais leve atenção.

 

Se um homem adulto não quiser comer salada, nem chorar e só ir ao médico quando se sente aflito, por qual razão não o há de poder fazer? Melhor ainda, se um homem adulto quiser definir a sua masculinidade pela quantidade de cozidos à portuguesa que enfarda, pelo número de litros de vinho que emborca ou por outra alarvidade qualquer, por que o hão de querer matricular à força na educação de adultos?

 

No mundo atual, pelo menos no Ocidente, toda a gente que tenha nascido homem ou mulher, feio ou bonito ou seja lá o que for, pode ainda assim ser o que muito bem quiser. Por nós, nada contra, somos liberais. Contudo, se um homem quiser ser um homem com H grande, isso é que parece que já não pode ser, esse é logo apelidado de tóxico e tem de ser reeducado. Balelas.

 

Até agora temos falado de homens, mas isto da educação de adultos, quem diz homens, também diz mulheres. Ou melhor ainda, diz homens e mulheres. A educação de adultos não tem qualquer pudor em entrar até mesmo no mais íntimo e pessoal dos sentimentos humanos: o amor.

 

Deparámo-nos há dias com um artigo de jornal em que um Senhor Professor-Doutor em Psicologia, especialista em Terapia Cognitiva e Master em Bioética, explicava aos seus leitores, o que era um amor saudável.

Nós não temos um grande currículo académico, mas mesmo assim sendo, estávamos capazes de jurar a pés juntos, que a expressão “um amor saudável” é uma contradição nos termos.

 

Aparentemente, o Projeto de Educação de Adultos do referido Doutor em Psicologia, especialista em Terapia Cognitiva e Master em Bioética, propõe-se explicar aos seus “alunos” os cinco procedimentos chave para se viver um amor saudável. Nós não vos vamos dizer quais são esses cinco procedimentos chave. E porque não, perguntarão os leitores, simplesmente porque não nos apetece. Que resposta tão imatura, pensarão os leitores. Ai sim? Imatura? E depois? Quererão os leitores também ser reeducadores?

 

Bom, uma coisa podemos dizer-vos, são conselhos muito úteis, ponderados e sensatos, acreditamos que quem os siga, terá certamente uma relação muito saudável e tranquila, um amor é que não vive. No fundo, é esse o problema da “educação de adultos”, com tantas recomendações, conselhos, receitas e regras, não deixam que se viva e o que nós queremos é viver.

 

Bom, vamos esperar que nenhum dos nossos leitores se ponha a viver à maluca e depois nos venham pôr a culpa. Como se diz numa canção, a culpa não é do sol, se o meu corpo se queimar, a culpa é da vontade…



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