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Quando o telefone toca


Atualmente, a vida deve ser verdadeiramente chata e desinteressante. Damos graças a Deus e a todos os santos, por termos crescido em tempos muito melhores que os atuais. Tempos em que de facto estávamos vivos e tínhamos amigos, família, amores e outras gentes com quem podíamos sempre falar, estivessem estes ou não ao nosso lado.

Vem isto a propósito, de ter sido com enorme espanto, que ficámos recentemente a saber, que hoje em dia, os jovens, e os também já não assim tão jovens, pouco falam ao telefone.

 

(Um parênteses: quando acima dizemos telefone, englobámos no mesmo conceito quer os telefones fixos, quer os telemóveis. Melhor dizendo, englobávamos, pois há pouco descobrimos que estávamos equivocados, que não são a mesma coisa. Antes tarde do que nunca.)

 

Uma vez fechados o parênteses, é importante esclarecer quem nos lê, que a nossa ignorância relativamente a telemóveis é enorme. Tanto assim é, que estávamos perfeitamente convencidos, que a juventude atual passava a vida ao telefone. O que para nós, era o mesmo que dizer, que passava a vida ao telemóvel. Era. Só que afinal não é.

 

Este nosso equívoco, advinha do facto de que, seja em que lugar for, vermos sempre inúmeros jovens continuamente com o telemóvel na mão. O que nós não sabíamos, é que entre a juventude e também entre os já não assim tão jovens, o telemóvel é usado para tudo, mas quase nada para telefonar. O que agora descobrimos com grande espanto, é que afinal um telemóvel não é de todo em todo o mesmo que um telefone.

 

Um telemóvel serve para enviar mensagens, como máquina fotográfica, como relógio, como mapa, para fazer pesquisas e também para saber as novidades dos que estão do outro lado do mundo e dos que moram ao virar da esquina. Serve para tudo, até como lanterna. Isso já nós sabíamos, o que não sabíamos, era que para o que menos serve, embora residualmente também para isso sirva, é para falar com alguém. Ou seja, para telefonar.

 

Dado tudo isto que recentemente descobrimos, a única coisa decente que podemos fazer, é escrevermos fazendo um exercício de nostalgia. Uma espécie de requiem pelos telefones. Pelos fixos, claro está. Pois que, ao rigor, já percebemos que os telemóveis não são telefones.

 

Caso ainda tenhamos telefone fixo em casa, quando este toca, o mais certo é que seja alguma empresa de telemarketing. Consequentemente, na maior parte dos casos, nem sequer vale a pena atendermos. Que diferença imensa com outros tempos, não assim tão longínquos! Que diferença!

 

Nesses tempos, quando o telefone tocava, ou era para recebermos uma chamada que ansiosamente aguardávamos, ou era uma surpresa. Uma surpresa boa ou má, logo se via. Em qualquer dos casos, quando o telefone tocava, havia sempre alguma, quando não muita, excitação no ar.

 

Que diferença para os tempos de agora, em que quando o telemóvel toca, em 99% dos casos sabemos exatamente quem nos liga, uma vez que está assinalado no visor e, ainda para mais, ligam-nos para nos dizer pouco ou nada. Tipo, onde é que estás, a que horas vens, está tudo bem, como é que vai isso, como correu dia, fizeste as compras e outras irrelevâncias do mesmo género. Atualmente, quando o telemóvel toca, excitação no ar é tudo o que não há.

 

Com a invenção do telefone, referimo-nos especificamente aos aparelhos fixos e não aos telemóveis, bem-entendido, nasceu simultaneamente uma nova forma de comunicar: a conversa telefónica.

Significa isto, que a aparição do telefone trouxe consigo um outro modo de falar e uma forma de linguagem inédita, dando assim origem a um tipo de conversa que antes não existia: a conversa telefónica.

A conversa telefónica não se diferenciava de todas as outras conversas apenas por ser feita através de um aparelho, distinguia-se fundamentalmente por ser uma maneira única de nos relacionarmos com os outros e simultaneamente connosco próprios.

 

Em certo sentido, a conversa telefónica era quase metafísica. Dava-nos a possibilidade quase mágica de falar com uma ausência que estava presente, ainda que apenas pela voz.

Nos primórdios do telefone, era quase impossível que as pessoas não sentissem que estavam a ter uma experiência mística, algo que, salvaguardadas as devidas distâncias, se assemelharia a quando Moisés subiu ao Monte Sinai e o Senhor criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, saiu da sua ausência e fez-se-lhe presente pela sua voz.

 

Uma conversa telefónica exigia tempo, intimidade e dedicação. Enquanto estávamos a falar ao telefone, não estávamos a fazer outras coisas. Falávamos ao telefone num espaço sossegado e destinado a esse efeito, não num sítio qualquer. 

Claro que quando estávamos num telefone público, o sossego era relativo, mas ainda assim, os espaços públicos destinados a esse efeito, eram o mais recolhidos possível, frequentemente havia inclusivamente cabines. Em síntese, mesmo não tendo os telefones públicos grande sossego, a intenção que o houvesse estava lá. O paradigma era esse.

 

Ao telemóvel fala-se em qualquer lado e de qualquer maneira, nos transportes públicos, enquanto se caminha, no café, à refeição, no meio de uma intempérie ou seja onde for, o paradigma é exatamente oposto ao do que exista com o telefone.

Quando se fala ao telemóvel, há quase sempre ruído de fundo, ou da rua, ou do trânsito ou de outras conversas que decorrem em nosso redor. Nada a ver com a tranquilidade e o sossego que nos envolvia durante uma conversa telefónica.

 

Para além disso, é também hábito que se fale ao telemóvel enquanto se vai fazendo outras coisas. Também nada a ver com a exclusividade que se costumava dedicar a uma conversa telefónica.

 

Com o aparecimento do telemóvel, as conversas à distância mudaram, perderam intensidade e intimidade. São conversas que se fazem em qualquer lado, haja ou não sossego em redor, e de qualquer maneira, estejamos ou não ocupados com outra coisa. Às conversas por telemóvel não se lhes dá a relevância que se dava às conversas telefónicas.

 

Tendo as conversas mudado, tornou-se inevitável que mudassem muitas outras coisas, sobretudo as relações amorosas, familiares e de amizade. As antigas conversas telefónicas favoreciam todas essas relações, mas agora que se estão a extinguir, a pergunta que nos atormenta, é o que mais se estará extinguir conjuntamente com o telefone e a sua subsequente substituição pelo telemóvel. Que formas de conversação, de intimidade, de espera, de intriga, de companheirismo e de muitas outras coisas vão desaparecer para sempre quando já não houver conversas telefónicas?

 

Aparentemente, uma das formas mais comuns de comunicar à distância nos dias de hoje, é o WhatsApp. Usa-se o WhatsApp tanto ou mais, de que quanto dantes se usava o telefone. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Há uma grande diferença em falar “com” alguém e falar “a” alguém.

Com o WhatsApp está-se apenas “a” falar a alguém, não “com” alguém. Fala-se a alguém que pode ou não responder. Pode responder de seguida, mais logo, amanhã, para a semana ou nunca. O WhatsApp é uma interação de sucessivos monólogos, não uma conversa.

Quando se fala “a” alguém e não “com” alguém, não há interrupções, as vozes não se entrecruzam e não há qualquer sinal de como reage o outro: se suspira, se chora ou se ri. Do que realmente se passa do outro lado, nada sabemos, quando muito temos uns caracteres no visor do telemóvel, mas o que temos sobretudo é o silêncio.

 

Terminamos aqui o nosso requiem pelo telefone e pelas conversas que nele se faziam, mas isso não quer dizer que tenhamos terminado. Iniciamos agora uma viagem musical em cujo tema é o mesmo.

 

Em meados dos anos 80, houve dois grandes sucessos que de algum modo anteciparam o aparecimento do telemóvel e das suas despiciendas e irrelevantes “conversas”.

Um deles foi “I just called to say I love you” de Stevie Wonder. Como? Ligaste para dizer "I Love you?" Mas a que propósito? Não podias ter esperado que eu chegasse a casa? Era assim tão urgente? Não tens mais nada com que te entreter? Mas que maçada!

O outro sucesso era “Hello” de Lionel Ritchie. A determinada altura da canção dizia-se assim: “Cause I wonder where you are and I wonder what you do. Are you somewhere feeling lonely or is someone loving you?”

Mas o quê ó Lionel, ligaste-me para saber "where I am and what I do?" Hás de ter uma grande coisa a ver com isso. E se me sentir "lonely" é cá comigo, de certeza que não vais ser tu que me vais consolar. "Is someone loving you?" Mas que raio de conversa vem a ser essa? És metediço ó Lionel. "Hello, is it me you're looking for?" Não, não é de ti não, deixa-te lá estar. Deve ser engano, um bom resto de dia, com licença.

 

Se “I Just called to say I love you” e “Hello” eram duas cantigas muito típicas dos anos 80, ou seja, melosas e um bocado para o irritante e já a antecipar a irrelevância das conversas por telemóvel, outras cantigas houve que souberam fazer justiça ao telefone e à grandeza das conversas que nele se tinham.

 

Uma delas é de 1966 e intitula-se “Se telefonando”. É interpretada por Mina e foi composta e orquestrada pelo grande maestro Ennio Morricone. É uma das mais populares canções italianas de sempre e teve inúmeras versões.

No vídeo que então foi gravado, podemos apreciar como Mina veste de um modo absolutamente elegante uma enorme quantidade de cabos telefónicos, passeando-se sofisticadamente pela cobertura de uma estrutura industrial.

 


Também em Portugal, houve quem incluísse os telefones nas suas cantigas, um deles foi José Cid. A canção é do início do anos 70 e chama-se “A pouco e pouco”. É a história de um dia de trabalho de um jovem casal, desde o despertar até ao deitar. Contudo, às cinco e meia em ponto, estava José Cid ainda no emprego, telefona-lhe a mulher para lhe dizer o seguinte: "não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer".

 

A resposta que José Cid lhe dá, demonstra-nos imediatamente e com cristalina evidência, que vivíamos no mundo pré-telemóvel, em que quando se conversava ao telefone era para se falar de coisas intensas, íntimas e relevantes. À frase “não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer”, José Cid responde “Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito”.

Só por ter dado esta resposta ao telefone, José Cid já merece ficar na história da música portuguesa. 

Agora sim, terminamos, e da melhor forma, com José Cid:

 



 

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