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Que grande artista me saíste!

 




A História da Arte fala-nos das coisas do passado. Daquelas coisas que se podem ver ao desfolhar uma enciclopédia ou ao visitar um museu.

Contudo, a arte propriamente dita, não a sua história, renasce de cada vez que alguém se detém a olhar para as coisas presentes no mundo e as regista.

Pode registá-las desenhando-as com um lápis ou pintando-as com tintas e pincéis numa tela. Pode igualmente fazê-lo, simplesmente fotografando-as.

A arte revive e renasce de cada vez que alguém assim o faz, ou seja, que alguém desenha, pinta ou fotografa. Quando assim é, é como se subitamente nascesse um novo olhar sobre as velhas coisas do mundo e estas rejuvenescessem.

A arte nasce desse olhar renovado que pára e se detém sobre as coisas de sempre.

Quando não nos limitamos a passar pelas coisas sem vagar nem atenção, quando verdadeiramente detemos o nosso olhar e vemos, parece que afinal são as coisas de sempre, as que mais nos importam.

 

Coisas tão de sempre, como os frutos que nascem das árvores e servidos num prato são.

Frutos que Paul Cézanne (1839-1906) pintou repetidamente ao longo de toda a sua vida. Pintou-os centenas de vezes.

Frutos que alunos do 1º ciclo da Escola Teixeira de Pascoais em Lisboa quiseram retratar numa Polaroid.

 

         







Coisas tão de sempre, como aquelas estranhas raízes das árvores que decidem não permanecer debaixo da terra e se dão a ver.

Raízes que Vincent Van Gogh (1853-1890) decidiu escolher como tema para alguns desenhos e também para a última das suas obras.

Raízes que também os alunos quiseram dar a ver numa Polaroid.

 



  




Coisas tão de sempre, como enquanto se come ter defronte de si uma janela que se abre para um jardim.

Como naquela sala com uma grande janela que Pierre Bonnard (1867-1947) pintou inúmeras vezes aquando das estadias na sua casa de campo na Normandia.

E também como aquela outra grande janela do refeitório da Escola Teixeira de Pascoais, defronte da qual há um pequeno jardim. Janela e jardim que os alunos fotografaram.

 






Coisas tão de sempre, como estarmos deitados e a brincar e braços e pernas levantar no ar.

Como o fazem as ninfas que no Tejo brincam. As Tágides cantadas por Camões e esculpidas por José Cutileiro (1937-2021).

Como o fazem também os alunos da Escola Teixeira de Pascoais quando no recreio são eles quem brinca. 

 





Coisas tão de sempre, como haver sombras e luz, o contraste entre o negro e o branco, o azul do céu e círculos com cores quentes e vibrantes.

Círculos e cores como aqueles com os quais Wassily Kandinsky (1866-1944) inventou a pintura abstrata.

Entre o céu azul e o pavimento de igual tom, há paredes brancas, sombras e também círculos de quentes cores. É assim o recreio da Escola Teixeira de Pascoais. É assim que nos surge numa Polaroid.

 








Coisas tão de sempre, como a música que se toca num canto íntimo e recolhido de uma sala.

Lá fora é dia claro, a luz entra pela janela, mas para haver música, para que esta revele os seus mistérios, convém que haja também um pouco de escuridão.

Como nessa sala levemente escurecida de um quadro de Johannes Vermeer (1632-1675) onde uma senhora toca lute. A luz exterior entra pela janela, mas apenas se deixa vagamente entrever.

A luz e a leve escuridão da sala que Vermeer pintou, são muito afins às presentes numa Polaroid em que se retrata uma sala da Escola Teixeira de Pascoais onde uma aluna aprende violino. 

 



 




Dizíamos no inicio deste texto que a História da Arte nos fala das coisas do passado. Dizíamos também que a arte, não a sua história, renasce de cada vez que alguém se detém a olhar para as coisas presentes no mundo e as regista, as de sempre.

Nada mais temos a dizer, cremos que basta olhar para as Polaroids que aqui vos deixámos e ver.

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