Nós gostamos do histórico Clube de Futebol Os Belenenses que, após há uns anos ter sido despromovido aos campeonatos distritais por questões administrativas, época após época tem vindo a subir de divisão e já está na Segunda Liga.
Temos saudades daqueles dos domingos antigos, em que pelo início da tarde íamos ver um desafio ao Estádio do Restelo. Íamos almoçar umas ostras junto ao rio, ou no Clube Naval ou lá perto, depois rematávamos com uns pastéis de Belém e logo de seguida subíamos a Rua dos Jerónimos e chegávamos ao estádio, donde lá do alto se via Lisboa, o Tejo e tudo.
Abaixo deixamos-vos uma foto de Matateu, o mítico goleador da equipa que joga de cruz ao peito.
Em Portugal, em
1835, ou seja há quase duzentos anos, foi criada uma divisão administrativa: os
distritos. Qualquer pessoa sabe que a divisão administrativa do país por distritos
está completamente obsoleta. Mesmo quem não tenha completado a escolaridade
obrigatória o sabe. E sabe-o porque por vezes tem que ir a uma sede distrito
para tratar de um assunto burocrático qualquer, mas se viver literalmente
meia-dúzia de quilómetros mais ao lado, já terá que ir a uma outra sede de
distrito para tratar do mesmo exato assunto.
Há cidades como Lisboa e o Porto, nas quais em seu redor há décadas cresceram imensas áreas metropolitanas, que em nada coincidem com as divisões distritais. Há regiões no interior do país, no centro ou no litoral, cujas dinâmicas e vivências também há décadas nada têm que ver com os distritos e, todavia, nada muda.
Ponhamos uns
quantos exemplos. Lisboa pertence ao distrito de Lisboa, mas se apanharmos um cacilheiro,
dez minutos depois, já estamos no distrito de Setúbal. Distrito de Setúbal
esse, que vai Alentejo abaixo e se estende até à fronteira com o Algarve.
Mas o distrito de Santarém também é bom, inicia-se quase à saída de Lisboa e prolonga-se até à zona centro do país, incluindo cidades como Fátima ou Tomar.
A norte não é
melhor. Em menos de meia-hora se vai do Porto a Braga, mas o Porto é um
distrito e Braga é outro. Entre Vila Real e o Porto também não se leva mais de
uma hora, mas, cá está, são dois distritos distintos.
Esta divisão administrativa é absolutamente ridícula. No século XIX podia fazer sentido, durante parte do século XX também, hoje em dia é simplesmente risível.
Quando se fala
de regionalização ai Jesus que lá vou eu. Que nem pensar, que querem é criar
mais tachos e roda o disco e toca o mesmo. E assim vamos cantando e rindo com
uma divisão administrativa criada em 1835 que já há muito não serve a nada nem
a ninguém. Mas pronto, em Portugal, para o bem e para o mal, há coisas em que
não se toca, ‘tá dito, ‘tá dito, mesmo que o ‘tá dito seja de 1835.
Dito isto, é
muito engraçado verificar que se continua a marcar greves de professores por
distritos. O respeito pelas tradições é uma coisa muito bonita e mais não
dizemos.
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