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Para quê estudar? Para sujar tudo, cá está.

 



Se perguntarmos aos alunos de uma turma de 3°, 6° ou 9° ano de escolaridade o que cada um deles gostaria de ser quando for grande, é muito improvável que algum deles responda que gostaria de ser canalizador, estucador, carpinteiro, padeiro, ferreiro ou calceteiro. Tudo nobres profissões, mas todas muito fora de moda.

 

O que é comum a todas estas profissões, é serem ofícios em que para os exercer é preciso sujar as mãos e tudo o resto. Em qualquer uma delas há ou pó, ou fagulhas, ou aparas, ou bocados de massa, ou lascas, ou qualquer outra coisa que nos deixa sujos a nós e ao que há em redor. Sendo que, nos tempos que correm ninguém gosta de se sujar a trabalhar ou fazer seja lá o que for.

 

Nos tempos que correm todos parecem associar o “clean” com elegância e sofisticação. Dir-se-ia até, que o estilo esterilizado se tornou uma espécie de ideal de vida da atualidade.

 

O estilo “clean” e esterilizado como ideal de vida observa-se em muitos bares, lojas e restaurantes da moda. Em tais locais, o estilo decorativo parece ter tido como fonte de inspiração as brancas paredes de uma clínica dentária ou a fria austeridade de uma sala de operações cirúrgicas, sendo que, o auge desta tendência aconteceu há uns anos em Londres com a abertura de um Bar-Restaurante muito em voga: The Pharmacy.



Dadas estas circunstâncias, quem é o jovem que vai querer ter como futuro profissional andar todo sujo e sujar tudo em seu redor? Nenhum, ou praticamente nenhum, está bem de se ver. O que (quase) todos querem é ter profissões “fashionable”, de preferência “fashionable-clinic”, que isso sim, é que é uma coisa de categoria, com prestígio, chique a valer.

 

Apesar da adopção do estilo esterilizado como um ideal de vida, há coisas que têm de ser feitas: pães, tesouras, mesas, desentupir os canos, estucar as paredes ou calcetar as ruas e avenidas. Como diria o outro: “It’s a dirty job but somebody got to do it”.

 

A desvalorização social desses ofícios é tão grave, que um jovem português caso tivesse reais aspirações a ser calceteiro, poderia legitimamente fazer-se a si próprio a seguinte pergunta: para quê estudar?

Com efeito, num concurso público lançado pelo Centro de Emprego e Formação Profissional, exigia-se que os eventuais candidatos não possuíssem estudos em demasia, ou seja, que quem quisesse ser calceteiro não possuísse habilitações superiores ao 6º ano.

Uma vez que a escolaridade obrigatória é de doze anos, há de ser muito difícil a um jovem aspirante a calceteiro ser admitido na formação, vai ter de se esforçar muito para chegar aos dezoito anos de idade sem ter passado do 6° ano de escolaridade. É uma árdua tarefa.

 

A história já tem meia dúzia de anos, mas poderia perfeitamente passar-se no dia de hoje. Aqui vos deixamos um link da revista “Visão” com todos os detalhes:

 

https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2017-03-24-estudou-nao-pode-ser-calceteiro/

 

Aqui chegados, talvez alguns dos nossos leitores mais “fashionables” pensem de si para consigo: bom, também para ser calceteiro, o 6° ano chega e sobra. Só que pensam muito mal, pois pressupõem que um calceteiro é exclusivamente alguém que assenta as pedras da calçada. Mas não, um calceteiro é também alguém com vizinhos, com família, com colegas e com amigos e, por consequência, um cidadão, um membro da sociedade.

Como deveria ser evidente, quanto mais e melhores estudos possuírem cada um dos membros da sociedade, melhor e mais desenvolvida será essa mesma sociedade. Isso tanto vale para um cirurgião plástico ou para um gestor de empresas, como para um professor, um cozinheiro ou um calceteiro, o princípio é o mesmo em qualquer dos casos.

Mas, para além disso, é também errado considerar-se que ser calceteiro é um trabalho menor. Bem sabemos que é um trabalho extremamente mal pago e em que não se perspetiva que num futuro próximo haja qualquer alteração nesse capítulo, contudo, lá por ser mal pago, não significa que não seja fundamental.

 

Fundamental? Perguntarão os nossos leitores. Sim, fundamental, respondemos nós.

Já nem vos queremos falar do quão fundamental é que a calçada esteja corretamente aplicada, pois caso contrário há o real risco de escorregadelas ou entorses.

Não queremos também falar-vos, até porque não somos sexistas, do quão fundamental é que a calçada não esteja mal aplicada, para que as mulheres consigam andar de saltos e assim ficarem suficientemente atraentes de modo a não permanecerem solitárias. O fundamental de que vos queremos mesmo falar é da identidade nacional.

 

A calçada portuguesa é um traço característico da identidade nacional, ou seja, é algo pelo qual nos identificam como portugueses por esse mundo fora. Mais do que isso, é algo que muito beneficia o turismo e faz com gentes de outras terras cá venham gastar uns cobres e a economia nacional não se afunde de uma vez para sempre.

Com efeito, só para darmos um exemplo entre outros possíveis, não há muito tempo, o jornal norte-americano New York Times publicou um artigo sobre a calçada portuguesa intitulado “In Lisbon, a Carpet of Stone Beneath Their Feet”:

 

https://www.nytimes.com/2019/03/30/fashion/pavements-limestone-lisbon-portugal.html

 

Se por um lado, a calçada portuguesa é celebrada por todo o mundo como uma requintada filigrana da pedra, por outro lado, a profissão de calceteiro é desvalorizada como sendo um ofício absolutamente menor, até mesmo por quem está encarregue pela formação profissional.

 

Em boa verdade, o que está presente nessa desvalorização, é exatamente o mesmo que está presente em muitas outras e variadas situações, ou seja, calceteiro é um ofício sujo e, como antes afirmámos, o que a sociedade atual fundamentalmente valoriza é o estilo “clean” e esterilizado, associando-o a elegância, sofisticação e sucesso.

 

Dada esta absurda situação, é com alegria que vemos que nem todos pensam do mesmo modo. Que há quem não tenha a mente esterilizada e procure caminhos diferentes dos habituais e não se importe de sujar as mãos e de sujar tudo em seu redor.

É o que sucede no Fundão, concelho onde foi implementado um Projeto Educativo que permite a todas as crianças locais aprenderem a fazer queijo, a tecer, a tocar bombo e a moldar o barro.

 

O objetivo deste projeto não é realizar atividades pontuais, ainda que regulares, ou ir fazer visitas de estudo, é sim um projeto global que integra transversalmente todas as áreas curriculares. É um projeto que funciona todos dias e em todas as horas letivas. Dura há oito anos e os docentes envolvidos afirmam que contribuiu decisivamente para diminuir a indisciplina nas escolas, fez com que os alunos tenham vontade de praticar exercícios que os façam pensar, desenvolveu-lhes o raciocínio lógico e melhorou consideravelmente as aprendizagens e os resultados académicos em todas as áreas curriculares, muito particularmente na matemática. Afirmam também que este projeto resolveu a falta de motivação que existia entre os professores.

 

Há no Fundão uma rede de "Casas e Lugares do Sentir" - a casa do barro, do bombo, das tecedeiras, pastorícia, do queijo e do mel - que estão muito ligadas ao saber fazer, à tradição, e que funcionam como laboratórios de aprendizagem.

Fazem-se também roteiros, que passam pela casa do sapateiro ou pela do ferreiro, e o interesse é tanto que já há escolas de outras partes do país a querer visitar estes laboratórios de aprendizagem.

Todavia, este Projeto Educativo não se resume a promover uma espécie de nostalgia pelo passado, muito pelo contrário, os alunos aprendem a moldar o barro como se fazia de uma forma tradicional, mas também têm impressores 3D que lhes permitem ver como é que as impressões 3D vão produzir uma peça.

 

O nome do projeto é “Raízes e Asas" e procura a simbiose entre tradição e inovação. Pretende ligar as crianças e os jovens às suas raízes, ao seu território e à sua identidade, mas também prepará-los para o mundo moderno, ensinando-os a programar.

 

Comparar este projeto do Fundão com o anúncio para calceteiros lançado pela Centro de Emprego e Formação Profissional de que anteriormente falámos e em que se exigia apenas o 6° ano de escolaridade, é de fazer chorar as pedras da calçada.

 

Mas em boa verdade, o esterilizado ideal de vida que atualmente está em voga, não se limita ao que aqui já fomos referindo, expande-se à mente das crianças e jovens através da literatura infantojuvenil.

Há poucas coisas menos divertidas e mais chatas do que passar os olhos por certos livros para crianças e jovens. É tudo tão neutro, tão politicamente correto, tão insípido, tão “clean” e com mensagens tão positivas que até dá dó.

 

Por hoje ficamos por aqui, mas no próximo texto deste blog prometemos desenvolver este tema com mais detalhe, mas só para vos abrir o apetite, queremos recomendar-vos um livro para crianças sobre um tema eterno. Está editado em inglês, “The big book of butts”, em espanhol, “El libro de los culos”, e em italiano, “Il Libro del sedere”.

 

Deixamos-vos a sinopse desse livro na edição original, a espanhola. Não a traduzimos, pois por alguma razão, parece ter mais “salero” e ser menos insípida do que em português:

“No conocemos a los culos. En este libro divulgativo descubriremos su historia, hablaremos de los culos humanos y de los culos del mundo animal, de los tipos de culos, ¡y de los colores que pueden llegar a tener! ¿Sabías que tener un culo nos vuelve más inteligentes? ¿Has oído hablar de los culos catapulta? No hay dos culos iguales, por eso es importante conocerlos bien.”

 




 


 


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