O título deste
texto, não tem nada a ver com o conteúdo do texto propriamente dito. Se alguém
está à espera de aprender qualquer coisa, o melhor é ir ler outros textos deste
blog. Temos alguns muito educativos e didáticos, é só procurarem. Neste em
específico, vão ser só parvoíces e devaneios.
Presumimos que
já captámos a vossa atenção, pois normalmente nos blogs e redes sociais, quanto
mais parvo for o que se escreve, maior número de leitores haverá. É a lei do
mercado a funcionar. Nós próprios até nos pelamos todos só para ler umas belas
parvoíces.
No título deste
texto fizemos um trocadilho entre “estamos quites” e “estamos Kitsch”. Não
sabemos se todos os nossos leitores terão apanhado a habilidade linguística,
pois que esta incluiu uma palavra de origem alemã, Kitsch, e outra de origem
portuguesa, quites. É um trocadilho de grande categoria. É inter-linguístico,
diga-se de passagem, só para o caso de alguém ainda não ter dado por isso.
Quem
eventualmente não apanhou a piada, não precisa de começar a interrogar-se sobre
a sua própria inteligência. Quem não a apanhou, enfim, não será lá muito culto
e inteligente, mas também não é por isso que é parvo e ignorante de todo. É
alguém que deve andar ali pela média. Seja como for, este era efetivamente um
trocadilho com um elevado grau de dificuldade, não estava assim ao alcance de
qualquer um.
Antes de
continuarmos, vamos fazer um trocadilho mais fácil, um que esteja ao alcance de
todos, mesmo daqueles com pouca ou nenhuma agilidade mental. Nós gostamos de
contribuir para elevar a autoestima de todos e portanto fazemos adaptações
curriculares sem problema nenhum. Cá vai então um segundo trocadilho, “estamos
kits”.
Este todos
apanharam, certo? “Estamos quites” e “estamos kits”. É uma bela piada.
‘Tá boa ou não
‘tá? Digam lá.
Bom, não importa
se ‘tá boa ou não ‘tá, hoje, a propósito do Festival da Eurovisão que ontem
decorreu, vamos falar-vos do Kitsch. Na verdade não é bem isso, daquilo que
efetivamente vos vamos falar é do Festival da Eurovisão, o Kitsch só apareceu
neste texto porque é domingo, está um dia de sol, os turistas passeiam por todo
o lado e, por consequência, apeteceu-nos fazer uns quantos trocadilhos
inter-linguísticos.
É compreensível,
a quem é que não apeteceria fazer trocadilhos inter-linguísticos vendo passar
pelas ruas da sua cidade tanta gente vestida com curtos calções e finas
camisolas de manga de alça? Chama-nos sobretudo a atenção as gentes vindas da
República Checa, de Itália, da Holanda e da Suécia. Garantimos-vos que dava para
fazer um belo festival, se era da Eurovisão ou não, isso logo se via.
Uma vez que
falámos do Kitsch, já agora aproveitamos para vos deixarmos uma definição. Uma
definição assim mesmo tipo daquelas tiradas diretamente da Wikipedia. Cá vai
então: Kitsch é um termo usualmente empregue para designar objetos vulgares,
baratos, sentimentais, que copiam referências da cultura erudita sem critério e
sem atingirem o nível de qualidade dos seus modelos, que se destinam ao consumo
de massas.
Vamos lá de uma
vez por todas falar-vos do Festival Eurovisão, programa a que ontem não
assistimos. A bem da verdade, há duas décadas ou mais que não assistimos a tal
programa, mas houve um tempo, já distante, em que assistíamos.
Há muito que não
assistimos ao festival, mas vemos as fotografias no jornal e o resumo no
telejornal. Lá por não termos quase nenhum conhecimento sobre um assunto, isso
não quer dizer que não possamos escrever extensamente sobre esse mesmo assunto,
era o que mais faltava.
Se porventura só
se escrevesse sobre assuntos dos quais se percebe alguma coisa, a larguíssima
maioria dos sites, blogs, redes sociais e publicações não existiriam. Afinal de
contas, estamos no século XXI e todos podem opinar sobre tudo e mais alguma
coisa, mesmo que ninguém perceba nada de coisa nenhuma.
Feito este
esclarecimento, vamos lá escrever sobre um assunto de que pouco ou nada
sabemos. Antes disso, lembrámo-nos que pode surgir na mente dos nossos leitores
a seguinte dúvida: mas o que tem o Festival da Eurovisão a ver com o Kitsch?
Ora bem, se não
sabem a resposta a essa questão, também não somos nós que a vamos dar. Quanto a isso podem estar descansados.
Isso de levantar
a autoestima e fazer adaptações curriculares está tudo muito bem, mas o que
tem o Festival da Eurovisão a ver com o Kitsch, é daquelas coisas que toda a
gente sabe, mesmo quem não sabe nada de nada.
Dantes, antes de
ser dia do Festival da Eurovisão, era dia do Festival da Canção. O Festival da
Canção é que era o grande momento. A gente queria lá saber da Eurovisão. Mais a
mais, Portugal ficava sempre nos últimos lugares, quando não mesmo no último, e
ninguém ligava nenhuma às nossas canções.
Para além disso, na Eurovisão cantava-se em estrangeiro e não se percebia nada do que eles diziam. Não existisse o bom do Eládio Clímaco para fazer as traduções e nem o título da canção a gente sabia o que queria dizer.
Só uma perguntinha, porventura conhecem alguém que se chame Eládio? E Clímaco? Apostamos que não.
Quantas gerações
de portugueses não terão ficado traumatizadas e com a autoestima destruída para
sempre, por verem o Festival da Eurovisão e estarem continuamente durante a
votação a ouvir os júris dos outros países a dizer “Portugal, Zero points”, “Portugal,
Zero points”, “Portugal, Zero points”… É por essas e por outras, que o
Festival da Canção é que era bom.
No Festival da
Canção, as famílias reuniam-se e convidava-se a vizinhança, até havia bolos e
um cálice de vinho do Porto a acompanhar. A história do Festival da Canção
começa muito antes de termos sequer nascido, mas isso é o que acontece com a
maior parte das histórias, quer com a do D. Afonso Henriques, quer com a do
Pinóquio.
As mais antigas
canções do Festival da Canção com as quais fomos convivendo ao longo da vida
são “Sol de Inverno” de Simone de Oliveira e “Ele e Ela” de Madalena
Iglesias. A primeira de 1965, a segunda de 1966.
Existirão muitas
outras canções festivaleiras desses tempos, mas estas duas são as que
conhecemos, e portanto, é destas que vos vamos falar. Já bem basta não sabermos
nada do Festival da Eurovisão e pormo-nos a falar extensamente dele, não é
preciso também pormo-nos a falar de canções que não conhecemos de lado nenhum,
nem nunca ouvimos.
Não é preciso
chegar a tanto, a bem dizer, ainda não somos “Influencers”, por consequência, é
difícil conseguirmos falar extensamente e com propriedade sobre aquilo de que
pouco ou nada sabemos.
Ainda não tínhamos
nascido nos anos em que as canções “Sol de Inverno” e “Ele e Ela” foram
vencedoras do Festival da Canção, mas conhecemo-las perfeitamente desde a mais
tenra idade.
Simone de
Oliveira e Madalena Iglesias disputavam o título nacional de rainhas da música.
Enquanto Simone era densa, grave, poética e um tanto ou quanto melancólica,
Madalena era Pop, ligeira, fresca e atrevida.
Ouçamos as duas,
primeiro Simone, depois Madalena:
Uma vez ouvidas
as músicas, não temos muito mais a dizer nem sobre o Festival da Canção, nem
sobre o Festival da Eurovisão. Já vimos que ontem ganhou a Suécia. Fomos ouvir
a música, mas não aguentámos até ao fim. Se querem a nossa opinião, é horrível,
é mesmo Kitsch.
Até sentimos
vergonha alheia. Neste caso, sentimos vergonha pelos suecos. Isto tinha de
acontecer logo aos suecos, povo donde proveem uns dos poucos intérpretes
musicais que venceram um Festival da Eurovisão e seu sucesso e fama não se
desvaneceram em apenas um mês. Alguém sabe quem foi Les Assya, os Olsen
Brothers, a Lordi ou a Duncan Laurence?
Tudo antigos
vencedores da Eurovisão, ou seja, autênticos desconhecidos. Agora se falarmos
nos ABBA, também eles vencedores da Eurovisão, esses apostamos que toda gente
conhece.
As canções dos
ABBA também eram assim um bocado para o Kitsch, isto já para não falar nas
roupas e penteado, observem.
Após anos de
mega-sucessos, no início dos anos 80, os ABBA gravaram o seu último álbum. Na
nossa opinião é o melhor de todos, e de longe. Ao invés da cantarem alegremente
refrões que nada queriam dizer, como por exemplo, Chiquitita ou Mamma Mia, as
letras deste último álbum falavam sobre envelhecer, separações, a perda da
inocência e outros assuntos semelhantes. Eles sabiam do que estavam a falar,
porque nesse período passaram por todas essas situações, exemplo máximo disso
mesmo é a canção “The Winner Takes It All".
Terminamos
precisamente com essa canção, este texto em que escrevemos sobre aquilo de que
nada sabemos.
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