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O cinema na escola (da vida)

 


Portugal tem, e bem, um Plano Nacional de Cinema. É uma iniciativa que só devemos louvar e acarinhar. Em nosso entender, esse plano deveria ser implementado em todas as escolas deste país, sem excepção.

Dito isto, e subitamente reorientando este nosso início de conversa muito para lá do âmbito da educação, perguntamos-vos o que é na verdade um plano diante da imensidão da vida?

Como um dia alguém disse, e não por acaso um cineasta, se quiserem fazer com que Deus se ria, a melhor forma de o conseguirem é contarem-lhe quais são os vossos planos.

 

Há muitas coisas que foram inventadas, que se não o tivessem sido, não era por causa disso que passaríamos pior. Pelo contrário, há outras que caso não existissem, a sua ausência faria com que nunca tivéssemos chegado a ser quem somos. Entre estas últimas, encontra-se o cinema. Se porventura o cinema não tivesse sido inventado, as nossas vidas teriam sido totalmente diferentes do que são.

 

Os filmes puseram-nos ideias estapafúrdias na cabeça, fizeram com que nascessem em nós absurdos desejos que antes não tínhamos, trataram de nos pôr a pensar e a sentir o que nunca pensámos pensar ou sentir, e sugeriram-nos que nos aventurássemos por improváveis caminhos.

Em conclusão, não existindo o cinema, se calhar as nossas vidas teriam decorrido perfeitamente de acordo com os planos para elas traçados. Foi o cinema que nos desencaminhou. Não fossem os filmes e poderíamos ter indo andando de acordo com o previsto, mas o ponto é que se assim fosse e tivesse sido, as nossas vidas seriam incomparavelmente mais pobres, limitadas e desinteressantes.



Não dizemos tais coisas porque os filmes nos distraem, nos divertem e nos fazem passar o tempo. Não é de nada disso que se trata. Se fosse tão-somente para nos distrairmos, divertirmos e passarmos o tempo, certamente que arranjaríamos outras coisas mais giras para nos entretermos e o cinema pouca falta nos faria. Dizemo-lo sim, porque os filmes moldaram decisivamente quem somos, fazendo-nos ver, sentir e perceber coisas que de um outro modo, jamais veríamos, sentiríamos ou perceberíamos.

 

Os filmes deram-nos a ver terras longínquas e levaram-nos a viajar no tempo, mas sobretudo, deram-nos a ver e levaram-nos a viajar pelo interior de nós mesmos. Não é apenas na tela de fundo branco que os filmes se projetam, projetam-se sobretudo no fundo de nós.

Tal como numa sala de cinema há um feixe que atravessa o escuro, quando vemos um filme há igualmente um feixe de luz que atravessa a nossa escuridão interior e lhe traz luz, iluminando o que sentimos, pensamos, receamos e desejamos.

 

Há modos de sentirmos, pensamentos que temos, desejos que crescem em nós e receios que nos assaltam, que se o cinema não existisse, também não existiriam ou, a existirem, seriam de um modo completamente distinto.

Num filme, os nossos mais íntimos anseios e temores metamorfoseiam-se em imagens e encenam-se numa narrativa e nos seus personagens. Vamos ao cinema e vemos projetado simultaneamente no fundo da tela e no fundo de nós quem somos.

 

A história até pode passar-se em locais distantes como Nova Iorque, Pequim ou Zanzibar, e os intérpretes podem ser belos, ricos e famosos numa escala que vai muito para além da nossa realidade, ainda assim, o que se passa no filme, é o mesmo que diariamente se passa connosco: dúvidas, medos, momentos felizes, ilusões, desilusões, cansaços, aventuras…

 

No cinema vemos que o que sentimos e quem somos, se alarga e transforma. Vemos que as nossas aventuras quotidianas, os nossos dramas, os nossos amores, os nossos afazeres, as nossas alegrias e tristezas ganham horizontes que antes não tinham, expandem-se. O cinema transforma as nossas vidas interiores (e por vezes as exteriores) em algo de maior, numa coisa “Bigger than Life”.



O cinema tal como aqui o entendemos ainda existe, mas agora apenas resiste. Assistir a um filme na televisão, já para não falarmos em computadores, tablets ou telemóveis, pouco tem que ver com uma experiência “Bigger than Life”.

As salas em centro comerciais, servem mais para consumir pipocas e refrigerantes, do que propriamente para ver um filme. Para além disso, os filmes que por lá passam, são coisas um tanto ou quanto despiciendas, cujo objetivo é apenas entreter. Nada a ver com os grandes filmes que redefiniam quem somos, o que sentimos e pensamos.

 

Precisamente por todas estas razões, é de vital importância a existência de um Plano Nacional de Cinema que possa dar a ver filmes a crianças e jovens, e lhes ensine que há histórias, personagens e lugares que podem mudar a nossa história e refazer os nossos planos. Filmes que alarguem a vida e façam pensar no que nunca pensámos e sentir o que jamais sentimos.

 Aqui fica o site do Plano Nacional de Cinema para quem o quiser consultar:

https://pnc.gov.pt

 

O Plano Nacional de Cinema, como é natural, centra a sua ação educativa fundamentalmente nas crianças e jovens, nós acreditamos que há um filme para cada idade. Na verdade há vários filmes para cada idade, mas há sempre um com o qual temos mais afinidades.

 

Não será o mesmo aos seis, aos dezasseis, aos trinta e seis ou aos sessenta e seis. O tempo muda-nos, e por consequência, em diferentes idades queremos pensar e sentir diferentes coisas.

O que agora nos propomos fazer, é partilhar com quem nos lê quais os filmes com os quais nas várias etapas da vida, ou seja, na infância e juventude, na vida adulta e na velhice, pensamos ter mais afinidades e de que modo estes nos marcaram.

É uma escolha meramente pessoal, não se trata de um qualquer ranking ou de uma lista. Como é evidente outros farão outras escolhas, esta é simplesmente a nossa.

 

Comecemos pela infância e juventude. Há quem nunca tenha tido uma verdadeira infância, há infâncias que terminam abruptamente aos oito ou nove anos e há outras que se prolongam até aos catorze. Há infâncias felizes e infelizes. Há também juventudes que duram quase até aos trinta e outras que acabam aos dezoito. Em qualquer dos casos, não nos importa aqui estabelecer limites muito definidos, chamemos-lhe apenas infância e juventude.

 

Provavelmente o filme que mais nos marcou na nossa infância e juventude foi o “Lawrence da Arábia”. Filme realizado em 1962 por David Lean. Não vos vamos agora aqui fazer o resumo do filme, apenas dizer-vos a marca que nos deixou, ou seja, o que nos ensinou.

 

Em determinado momento da história, Lawrence, um oficial britânico, cavalga por um extenso e tórrido deserto acompanhado por exércitos de tribos que o seguem e lhe são fiéis. Chegados ao seu destino, constata-se que um dos seus mais dedicados companheiros de armas ficou para trás, que estará perdido algures no meio deserto. Lawrence quer imediatamente ir resgatá-lo da morte certa. Todos o aconselham a não o fazer pois o sol já vai alto e o calor é demasiado intenso. O seu companheiro está condenado, estava escrito que era esse o seu destino, dizem-lhe.

Lawrence não os ouve e parte de regresso ao deserto, observam-no como se já o vissem morto. Muitas horas depois, Lawrence regressa e traz consigo o seu companheiro de armas. À chegada é aclamado e profere então a frase que a nós nos marcou para sempre:

- Nothing is written!

Em boa verdade, essa frase deveria ser a de todas as infâncias e juventudes. Nada está escrito, ser criança ou jovem deveria ser precisamente aprender a ter todos os futuros possíveis. 

Deixamos-vos o momento épico em que Lawrence regressa do deserto:

 


Passemos agora a um segundo capítulo, à vida adulta, aquela que se inicia com o fim da juventude e termina com a entrada na velhice. O filme que escolhemos para esse período chama-se “Os Chapéus de Chuva de Cherbourg” e foi realizado em 1964 por Jacques Demy.

 

Geneviève, tem dezessete anos e vive com a sua mãe, trabalhando ambas numa modesta loja de guarda-chuvas, da qual são proprietárias. Ela apaixona-se por Guy e ele por ela, todavia, Guy tem que partir para a guerra da Argélia por dois anos. Geneviève quer esperar por Guy, mas a pouco e pouco a realidade impõe a sua lei e acaba por casar-se com alguém que lhe traz conforto e estabilidade. Quando Guy regressa, é também ele apanhado pela realidade e acaba por se conformar, tomando a sensata opção de se casar com uma boa e honesta rapariga que conhece desde pequeno.

 

Este filme marcou-nos porque nos mostrou o quão dilacerante é transitar da infância e juventude para a vida adulta. Deu-nos a ver que afinal nem tudo era possível, que feitas contas, tínhamos que fazer renúncias.

Pior do que isso, o que se pressente nesse filme, é que a vida adulta é toda ela feita de sensatez, de obrigações, de conformações e de abdicações. Se na infância e juventude nada parecia estar escrito, agora a ata tinha sido lavrada e dada por encerrada e tudo aparentava estar registado e assinado por todos os presentes.

Deixamos-vos o melancólico momento em que Guy diz a Geneviève que tem de partir por dois anos:

 


É certo que ainda não chegámos à velhice, mas se tudo correr bem e o diabo não atrapalhar, mais tarde ou mais cedo lá chegaremos. Não sabemos como vai ser, no entanto, tivemos um vislumbre através do filme de Ingmar Bergman, “Morangos Silvestres”.

 

A história narra uma viagem do idoso professor Isak Borg na companhia de sua nora e de três jovens. Durante o longo percurso, ele reflete sobre a vida, a morte e a existência humana.

 

Na cena final do filme, Isak recorda os verões da sua infância e juventude. Verões passados num idílico bosque sueco situado mesmo à beira de um lago. Sabemos pelo desenrolar da história, que estando agora perto do final, Isak olha para a sua vida e pergunta-se porque razão foi renunciando a quase tudo o que queria e o que o fez ceder às obrigações que se iam impondo. Em síntese, porque foi sempre tão sensato e não soube preservar em si a insensatez da infância e juventude. Pouco importa Isak, que agora é tarde:

 


Para terminarmos, deixamos-vos um padlet com uma série de filmes de animação que fomos mostrando aos nossos alunos. Filmes que não lhes mostrámos para ilustrar um qualquer conteúdo ou matéria, mas sim para que vissem que, antes de mais tarde na vida eventualmente terem de fazer algumas renúncias e de se submeterem a umas quantas obrigações, por agora tudo é possível e nada está escrito. Na verdade, tudo é sempre possível e nunca nada está escrito.

Padlet Cinema na Sala de Aula

https://padlet.com/asofiacvieira/cinema-na-sala-de-aula-q8unvcd74lsmbaag

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