Vamos mudar o menu deste blog, mas antes disso, queremos confessar-vos as nossas demoníacas perversões. Assim, vimos hoje aqui expô-las de modo a expiar os nossos fundos pecados.
Em nossa defesa só podemos alegar não termos tido força suficiente para afastar as tentações que nos assolaram. Não há, nunca houve, nem haverá, quem pelo menos uma vez na vida não se tenha deixado cair em tentação. Não sendo mais que os outros, foi o mesmo nos sucedeu a nós com este blog, caímos em tentação. Só que não apenas uma única vez, mas sim montes delas.
Com efeito, a cada vez que fomos tentados, não resistimos e cedemos. Pervertemo-nos e fomos assim desviando-nos das rectas intenções com que inicialmente criámos este blog, deixando que um demónio nos arrastasse por sinuosos caminhos. Aconteceu, e quanto a tal já nada há a fazer, a não ser constatar que fraquejámos. Aquele que nunca pecou, que nos atire a primeira pedra.
Dito isto, em princípio cremos estar a salvo de alguma pedrada. Se porventura não for esse o caso e alguém pegar mesmo num calhau e se atrever a nos atirar, só podemos esperar que lhe falte a pontaria e o nefasto projétil passe bem ao largo de nós.
Não é por nada, mas se efetivamente nos acertassem, eram bem capazes de nos magoar e de nos fazer doer a valer. Sinceramente, apesar das nossas tão grandes culpas, ainda sim, não julgamos merecer tanto e tal intenso sofrimento.
A esse propósito, na imagem abaixo, apresentamos-vos uma obra do artista conceptual norte-americano Richard Long, que nos incita a refletir longamente sobre a densidade e consistência das pedras e o profundo modo como nos podem afetar.
É uma obra de arte contemporânea à qual não somos indiferentes, bem pelo contrário, as suas potencialidades deixam-nos imediatamente alerta, inquietos e desassossegados. Em síntese, possui a característica distintiva das grandes obras de arte, ou seja, faz-nos pensar e olhar em nosso redor.
Mas regressemos à nossa confissão. É uma pura verdade, que criámos este blog com a mais pia e pedagógica das intenções, ou seja, a de partilharmos os guiões de aprendizagem que semanalmente fomos construindo e trabalhando com os nossos alunos. Só que, como se sabe e se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio.
Quase sem que déssemos por isso, o Belzebu e todos os demais demónios começaram a atentar-nos. Com as suas subtis artes de sedução, insinuaram-se tentadoramente por nós adentro, segredando-nos e incitando-nos a que começássemos a opinar sobre os mais diversos assuntos, que comentássemos as polémicas da atualidade e que fizéssemos graças e graçolas e muitas outras diabruras.
E assim foi, mesmo sem que intencionalmente o tenhamos desejado, deixámo-nos seduzir pelo Mafarrico. Demos-lhe ouvidos e este blog passou a ser um palco privilegiado para os desejos que ele em nós despertou: darmos as nossas opiniões, comentarmos a atualidade e fazermos graças e graçolas.
O maléfico poder do Cão Tinhoso é tal que, a pouco e pouco, os guiões de aprendizagem foram passando para segundo ou mesmo terceiro plano, e o blog que tinha originalmente sido criado com a nobre intenção de os partilhar, transformou-se numa coisa diferente, mais rebelde, luxuriante e desafiante. “Nostra culpa, nostra maxima culpa” que deveríamos ter sido fortes e resistido aos avanços do Chifrudo.
Mas a partir de agora chega, vimos a luz celestial e decidimos retomar o caminho certo. Se o demónio daqui para a frente nos voltar a atentar, só temos uma coisa a dizer-lhe: “Vade retro, Satanás”, assim desta forma, meio em português, meio em latim, de modo a que o Cornudo entenda perfeitamente que somos poliglotas e gente com estudos, e se sinta intimidado e vá bater a outra porta.
Para os que eventualmente não saibam, informamos que este nosso blog existe há quase um ano e meio, sendo que, nesse espaço de tempo, tivemos perto de 80 000 visualizações.
A larguíssima maioria é proveniente de Portugal como é normal, contudo, temos também milhares de visitas oriundas do Brasil, outras tantas dos Estados Unidos e, pasme-se, outras mais vindas de Singapura. Temos um único leitor em Guernsey, um país que antes nem sabíamos que existia. Deixamos-vos uma fotografia.
Como já contámos, a ideia inicial subjacente à criação deste blog era a de partilhar os guiões de aprendizagem que fomos construído. Todavia, como também já dissemos, rapidamente nos desviámos do recto caminho. Primeiro foram só uns breves olhares à atualidade, depois uns quantos inocentes comentários e opiniões, posteriormente umas graças e, quando demos por nós, estávamos perdidos, o blog tinha-se transformado num imenso forrobodó.
Dito isto, ficamos conversados e confessados. Seja qual for a penitência, estamos prontos para nos voltarmos a concentrar no que importa. Assim sendo, anunciamos-vos desde já o percurso que traçámos para nos redimirmos: voltar a colocar no centro das atenções a partilha dos guiões de aprendizagem.
Porém, há um problema. É uma maçada, pois há sempre um “porém”, que normalmente vem também sempre acompanhado por um problema. O facto é que por muito que nos confessemos, nos penitenciemos e clamemos aos sete ventos “Vade retro, Santanás”, temos o diabo metido no corpo. A verdade é que já não conseguimos passar sem opinar, comentar e gracejar.
Como resolver tal situação?
A solução só pode passar por fazermos um pacto com o diabo. O acordo é simples, o demo permite que publiquemos e partilhemos candidamente os guiões de aprendizagem, contudo, uma vez cumprida essa missão pedagógica, as trevas tomarão conta do que escrevemos e a propósito dos temas desses mesmos guiões opinaremos, comentaremos e gracejaremos sobre tudo o que muito bem nos aprouver.
Bom, por hoje vamos andando, que temos de nos ir preparar para assinar o demoníaco contrato, no entanto, prometemos que amanhã vos explicaremos todos os termos e condições do acordo, para que saibam como funcionará este blog a partir da próxima semana e possam continuar a ler-nos.
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