As redes sociais são uma coisa muito boa, todavia, aqui como pelo resto do mundo, possibilitam igualmente e de forma abundante o crescimento da idiotia e da imbecilidade entre jovens e adolescentes, já para não falar dos restantes.
Podemos ter
poucas convicções na vida, mas de uma coisa estamos convictos, se porventura
não for a escola a ferozmente combater o avanço da patetice e da tontice através
do pensamento, do saber, da ciência e da cultura, num futuro não muito
distante, com certeza teremos um mundo governado por mentecaptos.
A Argentina
situa-se do outro lado do Oceano Atlântico, na América do Sul. Há lá uma cidade
bela como poucas, a sua capital, Buenos Aires. No passado fim-de-semana, foi eleito um novo
presidente. A Argentina fica longe, no entanto, talvez não seja completamente
despropositado, darmos uma vista de olhos sobre quais são as propostas
educativas e não só, deste novo presidente.
É usual dizer-se que a Argentina é o país
da América Latina, que culturalmente mais se assemelha ao continente europeu.
Até as agências de viagens o dizem, isto de modo a assim o promoverem como um destino
turístico moderno e sofisticado, mas simultaneamente com o seu quê de latino-americano
e exótico:
https://viagemcombagagem.com/2018/05/buenos-aires-nao-ha-na-america-um-lugar-tao-europeu/
Também por essa razão, ou seja, por se
assemelhar à Europa, não é despiciendo ver o que por lá se passa, não vá um dia
suceder por cá coisa igual.
O novo presidente eleito, de seu nome Javier Milei, quer reduzir radicalmente os gastos públicos, tendo deixado claro, que haverá fortes cortes nos ministérios da saúde, da educação, do trabalho e do desenvolvimento social. A sua original proposta consiste em aglutinar estes quatro ministérios num só, ao qual chamaria “Ministério do Capital Humano".
Na área da educação, Milei propõe um
sistema de vouchers, no qual a escola não seria nem obrigatória nem gratuita
para ninguém. "O
sistema obrigatório não funciona. Quem quiser estudar, terá um voucher e poderá
estudar. O dinheiro que o Estado guarda para isso será dividido entre as
crianças em idade escolar e o voucher é entregue aos pais, para que eles possam
escolher a escola que querem para os seus filhos", disse a esse propósito
o presidente eleito.
Como já se percebeu, Javier Milei, que se
auto-intitula como um anarco-capitalista, designação também ela inédita e
inovadora, tem propostas muito liberais e arrojadas para reduzir as despesas do
estado, contudo, e ainda assim, promete nem tudo privatizar. Nomeadamente,
promete não privatizar totalmente a educação, a saúde e, pasme-se, o futebol.
Na área da saúde as suas propostas não são
menos audazes. Propõe a criação de um "seguro universal", em que
doentes e médicos chegariam a um acordo sobre valores a pagar pelos cuidados
prestados.
Uma das suas propostas mais criativas é a
de que
seja legalizada a venda livre de órgãos humanos, solução que apresentou para resolver
a permanente escassez de órgãos para realizar transplantes. Abriu igualmente a
possibilidade de um dia num futuro mais ou menos próximo, seja também
autorizada a venda legal de crianças.
Durante
a campanha eleitoral apresentava-se de motosserra em punho, querendo com isso
simbolizar que iria cortar a direito nos gastos do estado.
O
invulgar penteado e o seu estranho comportamento valeram-lhe ser conhecido como
“El loco”, que é também o título da sua biografia.
Aí se conta como comunica “telepaticamente” com Conan, o seu cão morto. Convenceu-o disso uma veterinária “médium”, com quem se aconselha sobre os mais diversos assuntos, inclusivamente políticos.
Milei
trabalhou durante mais de uma década para vários meios de comunicação social,
sobretudo para as televisões. Como seria expectável, tinha também um autêntico
exército digital a trabalhar para o promover, principalmente, nas redes sociais
TikTok, Instagram, X (ex-Twitter) e Youtube.
Sendo
as referidas redes sociais onde os jovens e adolescentes mais se “informam” e
“cultivam”, muito naturalmente, votaram massivamente em Javier Milei (a partir
dos 16 anos o voto é voluntário na Argentina, e aos 18 passa a ser obrigatório).
Um
dos argumentos mais referidos para assim o fazerem, para além do homem ser despenteado,
foi o de que, com Milei no poder, marcas como a Sephora e a Victoria Secrets se
instalariam imediatamente no país.
Terminamos com a mais célebre personagem da banda desenhada argentina, a Mafalda. Noutros tempos, que não agora era coisa lida por jovens e adolescentes:
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