Novembro é um mês tão bom como outro qualquer para opinamos sobre o que não sabemos. Pouco ou nada sabemos sobre a gestão do Sistema Nacional de Saúde, a nossa área é mais a da educação. No entanto, por todo o lado temos ouvido dizer que novembro, na área da saúde, vai ser um mês dramático, e portanto, também queremos dar a nossa opinião e dizer se sim ou se não.
Temos ouvido dizer que novembro vai ser dramático a especialistas, a políticos, a jornalistas, a médicos, a utentes e a gente que não é nada disso, mas que também o diz. Em síntese, se todos têm falado, também não vai ser este blogue que vai ficar calado.
Mas que podemos nós dizer sobre o S.N.S.? É fácil: há demasiadas urgências fechadas, vai-se a um hospital e passa-se lá o dia para se ser atendido, as listas de espera são longas de mais, há muitos os médicos que vão para o setor privado e sem os milhares de horas extraordinárias pagas, nada funciona.
E pronto, em resumo é isto. Não é nada de particularmente original, mas também não são considerações que nos deixem ficar mal. Genericamente, é basicamente o mesmo que todos os dias ouvimos no telejornal.
Mas se porventura quiserem que digamos a nossa opinião relativamente à solução para os problemas do S.N.S., também não nos fazemos rogados. É fácil: é preciso que todas as urgências estejam abertas, que quem lá vai seja atendido mais rapidamente, que se diminuam as listas de espera, que haja mais médicos no setor público e que tudo isto se consiga sem recorrer a horas extra de trabalho.
Simples não é? Genericamente, percebemos qual era a solução, a vermos televisão.
Como os nossos leitores já terão percebido, quer o diagnóstico que fizemos do S.NS., quer o que dissemos ser necessário fazer, são apenas generalidades e palavras vãs que nada resolvem, nem a ninguém ajudam. Todavia, todos os dias as ouvimos ditas por especialistas, políticos, jornalistas, médicos, utentes e gente que não é nada disso, mas que também as diz.
Se pouco ou nada sabemos sobre a gestão do S.N.S. sabemos um pouco sobre palavras e o uso que delas se faz. Pensemos, por exemplo, na palavra “dramático”. Em termos teatrais, um drama é um enredo que se situa algures entre uma tragédia e uma comédia.
A palavra drama nasceu no teatro. Originalmente, um drama é uma encenação onde o cómico se mistura com o trágico, numa complicada sequência de episódios, de carácter comovente ou patético. A definição é muita antiga, foi estabelecida há milénios, mais precisamente na época da Grécia clássica.
Bem sabemos que as palavras evoluem e ganham outros sentidos e significados, contudo, por muito que evoluam e mudem, só têm algum sentido e significam algo de válido, enquanto não perdem total contacto com a sua raiz, pois caso contrário, são apenas generalidades ou palavras vãs.
Assim como fizemos o diagnóstico e apontámos a solução para o S.N.S. usando generalidades e palavras vãs, de igual o modo o poderíamos fazer para a TAP, para a N.A.T.O., para a O.N.U. ou para qualquer outra coisa.
Nós não o vamos fazer, mas é só ligar a TV, abrir um jornal ou ir à internet, para ouvir e ler quem o faça. Pode-se também ir a uma taberna ou a um café, que à parte uma eventual falta de fineza retórica, na prática, a conversa é exatamente a mesma.
Nós gostamos que os nossos alunos aprendam a dizer coisas válidas e com significado e não meras generalidades e palavras vãs, por isso criámos o guião "Ser moderno é ser atrevido" .
Com a intenção de preparar os alunos para uma visita de estudo ao MAAT, onde iríamos ver obras de arte moderna, debatemos o significado da palavra "moderno". Constatámos que, para eles, moderno é quem tem um telemóvel de última geração, veste a última moda ou conduz o último modelo de uma conhecida e muito publicitada marca de automóveis, mas ser moderno não é nada disso, é atrever-se a inventar novos significados sem por isso perder as raízes...
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