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Deitados à sombra da bananeira

Queremos hoje falar-vos de um conceito pedagógico que não aparece em nenhum Projeto Educativo nem em qualquer documento oficial, mas que existe: “à sombra da bananeira”.

Com efeito, entre professores é frequente escutar-se por alturas do final do 1° período letivo e com o aproximar-se das primeiras avaliações, qualquer coisa deste género: não dou notas muitas altas agora, porque se o fizer, os alunos deitar-se-ão “à sombra da bananeira” o resto do ano.


Há também quem entre os professores, tenha a opinião exatamente oposta, ou seja, a de que as notas altas logo no final do 1° período, motivarão os alunos a estudar ainda mais durante o resto do ano letivo, de modo a que consigam corresponder, ou até superar, as expectativas que neles foram depositadas.


Nós não temos uma tese geral sobre esse assunto. Neste, como noutros casos, acreditamos que cada caso é um caso. Em qualquer dos casos, se alguém se quiser deitar à sombra da bananeira, poucos locais no mundo serão melhores para o fazer, do que a praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.

Abaixo, uma imagem de Botafogo em tempos idos.

Deixemos a pedagogia e falemos de futebol, mais precisamente do Botafogo, clube histórico da zona sul da cidade carioca. Claro está, que o Botafogo não tem a dimensão e o prestígio dos dois maiores clubes do Rio, o Flamengo e o Fluminense.

O Fla-Flu é um clássico intemporal que enche o Maracanã com centenas de milhares. O Botafogo é um tanto ou quanto mais modesto. Lá ganha um campeonato brasileiro, o Brasileirão, muito de vez em quando, ou seja, a cada três ou quatro décadas, e já é uma festa.


O nome completo do clube é Botafogo de Futebol e Regatas. O seu símbolo é uma estrela branca de cinco pontas sobre um fundo negro. Essa solitária estrela representa a Estrela D'Alva e foi adotada como emblema porque, aquando da fundação do clube, os seus atletas remadores, cedo madrugavam para treinar no mar da bela enseada de Botafogo, e frequentemente viam o planeta Vénus (a Estrela D’Alva) brilhando no céu.

Vem tudo isto a propósito de no Brasileirão deste ano, o Botafogo ter começado por ter notas altíssimas. Terminada a primeira fase do campeonato, ia à frente com dezasseis pontos de avanço sobre o adversário mais próximo. Nunca na história, o primeiro classificado do Brasileirão teve um avanço pontual tão significativo relativamente ao segundo.


Iniciou-se a segunda fase e o Botafogo foi empatando e perdendo jogo atrás de jogo. A maior parte deles sofrendo golos no último minuto. Jamais um clube tinha desperdiçado uma vantagem pontual tão grande. Pôs-se a dormir à sombra da bananeira, mas ainda assim lá se foi aguentando no primeiro lugar quase até ao fim.


Já mesmo na reta final passou para segundo e, chegada a última jornada, que foi anteontem, conseguiu a “proeza” de perder novamente, acabando o campeonato como quinto classificado. Em síntese, foi uma equipa brilhante durante a primeira fase, mas tão preguiçosa e desastrada no resto do ano, que acabou por chumbar.


Esta incrível história, que para sempre ficará registada nos anais do futebol, parece dar razão aos professores que não gostam de dar notas altas aos alunos no 1° período, para que eles não se percam e se deitem o resto do ano à sombra da bananeira.


Já agora, quem acabou por vencer o campeonato foi o Palmeiras, clube de São Paulo, que não se deitou à sombra das ditas, e acreditou e lutou pelo triunfo até ao último instante.

Como anteriormente dissemos, nós não temos uma tese geral acerca das altas notas ou classificações iniciais e das consequentes (ou não) sombras das bananeiras. Como já dissémos, acreditamos que cada caso é um caso, sendo que o Botafogo, é certamente um caso sem par.

Não apenas o clube de futebol, mas também toda a zona do Rio de Janeiro com esse mesmo nome, Botafogo. O clube e a zona da cidade onde se insere, são um caso absolutamente único. Dir-se-ia que o melhor do seu destino se cumpre logo após a Estrela D’Alva aparecer nos céus, um pouco antes do sol nascer. O seu destino resolve-se nos começos, nos alvoreceres e nos amanheceres.


Tudo se inicia com belas manhãs, todas elas plenas de promessas. Todavia, lá para o fim do dia, já tudo se desfez, as promessas ficaram por cumprir e o que então resta é uma espécie de doce desilusão pelo que podia ter sido e nunca chegou a ser.

Tal e qual como um aluno que brilha intensamente no 1° período e depois desilude no resto do ano letivo. Tal e qual como o Botafogo que faz uma primeira volta genial no campeonato e de seguida é um autêntico desapontamento, acumulando tão-somente sucessivos fracassos.


Para se saber que os começos e os amanheceres são belos e promissores em Botafogo, basta olhar para a imagem abaixo e ver.

Em 1950 João pegou o violão e a mala, e foi dividir um quarto numa pensão em Botafogo com um amigo que se exasperava com ele por não fazer limpezas, não ajudar nas contas, dormir de dia e demorar umas duas horas na casa-de-banho. O João era também Gilberto, e ficou para a história como o pai da Bossa Nova.

As letras das canções da Bossa Nova falam-nos quase sempre de doces desilusões, de suaves desapontamentos e de coisas que prometiam acontecer, mas que afinal não puderam ser.

Reza a lenda, que a mais famosa dessas canções, Garota de Ipanema, terá sido composta na esplanada de um bar. Tom Jobim e Vinícius de Moraes, os outros dois pais da Bossa Nova, tinham por hábito beber uns uísques pela manhã, logo para começar bem o dia. João Gilberto não andava por muito longe dali e de quando em vez aparecia.


Pelas manhãs por lá passava uma linda garota a caminho da praia. Não sabemos se na esplanada estariam à sombra de uma bananeira, o que sabemos e ficou para a história, foi que Tom e Vinícius decidiram compor uma canção para registrar esses momentos em que a viam passar.


Apesar desses belos amanheceres na esplanada de um bar vendo a garota passar, o certo é que “in the end of the day”, a letra e a melodia refletem a melancolia, a doce desilusão e o suave desapontamento resultante das coisas que prometiam acontecer, mas que afinal não puderam ser. Nem Tom, nem Vinícius, nem João alguma vez chegaram a conhecer a dita garota, limitavam-se a vê-la passar.


"Ah, se ela soubesse que quando ela passa,
o mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor."

"Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?"

A canção “Garota de Ipanema” foi pela primeira vez apresentada em 2 de agosto de 1962, num show chamado “Encontro”. que reuniu Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.


Um piano, Tom Jobim. Uma voz, João Gilberto: "Tom e se você fizesse agora uma canção, que possa nos contar o que é o amor?" A resposta de Tom: "Olha Joãozinho, eu não saberia sem Vinicius para fazer a poesia..." Entra Vinícius de Moraes: "Para essa canção se realizar, quem dera o João para cantar..." E João remata: "Ah, mas quem sou eu? Eu sou mais vocês. Melhor se nós cantássemos os três..." E então os três cantam pela primeira vez: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça..."


Abaixo uma foto de Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes no bar Au Bon Gourmet, em 1962.

Vinícius de Moraes não era apenas um letrista de canções, foi igualmente um dos maiores poetas do Brasil. Em criança residiu em vários locais do bairro de Botafogo. Quando jovem, os seus pais mudaram-se para uma outra zona do Rio, mas ele decidiu permanecer em Botafogo, onde passou a morar com os avós paternos. Foi aí que fez o ensino secundário no Colégio Santo Inácio.


O poeta teve muitas paixões. Para além das mulheres, era também um apaixonado pela boémia, gostava da simplicidade e nutria uma espécie de amor platónico pelo clube do seu coração, o Botafogo. Não era frequentador de estádios e enquanto os outros apoiavam o clube com a presença nos desafios, Vinícius expressava o seu amor através das palavras.


No Botafogo desses tempos, jogava o maior futebolista brasileiro de sempre: Mané Garrincha. Oficialmente o maior de sempre é Pelé, o menino bonito, que aos dezasseis anos já era uma estrela mundial. Portou-se bem toda a vida e nunca se deitou à sombra da bananeira, conseguindo fazer uma longa carreira cheia de inúmeros sucessos.

Depois transformou-se num homem de negócios, num embaixador de causas nobres pela ONU e chegou inclusivamente a ministro. Foi sempre um exemplo para todos. Ao morrer teve um funeral de estado. Já Garrincha faleceu novo, vítima de cirrose.


Garrincha, a quem chamavam “A Alegria do Povo”, era tudo menos disciplinado. Portava-se quase sempre mal e não era exemplo para ninguém. Nasceu no interior do Brasil, mas celebrizou-se como jogador no Botafogo, clube do qual ainda hoje é a maior lenda.

Foi mais um, cujo destino amanheceu esplendoroso, mas anoiteceu desastroso. No seu epitáfio lê-se o seguinte: “Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo, Mané Garrincha”.

Mané Garrincha, era um génio com a bola nos pés e ultrapassava facilmente todos os adversários mesmo em momentos de aperto, o espaço de um pequeno guardanapo era para ele um enorme latifúndio. Vinícius de Moraes dedicou-lhe um poema que intitulou “O Anjo das Pernas Tortas”.

A um passe de Didi, Garrincha avança 

Colado o couro aos pés, o olhar atento 

Dribla um, dribla dois, depois descansa 

Como a medir o lance do momento. 


Vem-lhe o pressentimento; ele se lança 

Mais rápido que o próprio pensamento 

Dribla mais um, mais dois; a bola trança 

Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento! 


Num só transporte a multidão contrita 

Em ato de morte se levanta e grita 

Seu uníssono canto de esperança. 


Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool! 

É pura imagem: um G que chuta um o 

Dentro da meta, um 1. É pura dança!


Quis o destino que Garrincha se encontrasse com Elza Soares, uma outra personagem que ascendeu rapidamente, para no fim acabar por se afundar completamente.

Elza e Garrincha eram celebridades quando se juntaram. Foi o encontro de um dos maiores jogadores de futebol, já bicampeão mundial pelo Brasil, com uma das maiores estrelas da música.


Garrincha era casado com a namorada da adolescência e tinha sete filhas. Elza era uma cantora negra, viúva, que cantava com grunhidos, de um jeito só dela. A tradicional e conservadora sociedade brasileira de então era contra o romance, mas ele e ela pouco quiseram saber disso. O escândalo foi enorme.

Mas como tudo o resto de que falámos neste texto, acabaram por se deitar à sombra da bananeira. Foram muitas as noites perdidas e as longas maratonas alcoólicas, o que teve como consequência a decadência. A música e o futebol foram ficando para trás e o dinheiro começou a faltar.

O que começou como o amanhecer de um novo amor, anoiteceu em anos de relacionamento marcados por traições, agressões e depressões. Elza e Garrincha, morreram no mesmo dia, 20 de janeiro, com um intervalo de 39 anos.


Terminamos com uma canção, “Eu sou a outra”, tema gravado por Elza Soares no qual conta a sua história com Garrincha. À época em que foi lançada, a letra enfureceu ainda mais a imprensa e a conservadora opinião pública brasileira. Nas estações de rádio quebravam o disco com a canção no ar. Mas dito isto, parece-nos uma bela canção para se escutar deitados à sombra de uma bananeira:

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