Não sabemos por quem, nem porquê. O que sabemos é que somos muito lidos nos Estados Unidos, os bons USA. Há uma anedota que começa assim: iam dois alentejanos num avião para a América, após umas já longas horas de voo, um deles diz ao seu compadre que tem de ir à casa de banho. Levanta-se e vai. Passado uns bons minutos, o alentejano que ficou sentado no seu lugar começa a estranhar a demora do companheiro, até porque o comandante anunciou que se iriam iniciar os preparativos para a aterragem. Posto isto, decide levantar-se e ir bater à porta da casa de banho. Lá chegado, diz o seguinte: “Compadre vamos a despachar, olhe que já estou a ver Nova Iorque”, ao que o outro num tom aflito, do interior da casa de banho lhe responde: “E eu estou a ver Chicago”.
Hoje vamos passear a Chicago. E porquê? Por nada de especial, simplesmente porque “We like America, and America likes us”. Dito isto, apetece-nos ir à “the most American of American cities”.
Chicago não tem a sofisticação e o glamour de Nova Iorque, nem tem sol, praias e estrelas de Hollywood como tem Los Angeles. Chicago é simplesmente uma cidade de gente normal, onde não há grandes excêntricos, nem sucedem coisas esplendorosas, muito embora por vezes haja coisas espantosas, como aquela que Frank Sinatra viu e disse numa canção com o nome dessa cidade: “I saw a man who danced with his wife in Chicago”.
Se fosse domingo e estivéssemos em Chicago, o melhor sítio que teríamos para passar a tarde seria junto ao rio Sena, em Paris. “Un dimanche après-midi à l'île de la Grande Jatte” seria a nossa escolha.
A nossa e a de muitos outros. Como o casal que olha em frente para o Sena, ele com um distinto bigode, ela elegante e refinada, ambos numa pose impecável. A uns quantos passos, um homem meio sentado, meio deitado, olha na mesma direção, enquanto fuma o seu cachimbo. Perto dele, um cachorro, que talvez pertença à dama que se prepara para bordar, um pouco mais ao lado, o seu marido. Atrás deles, duas jovens, sentadas à sombra de uma mesma árvore. Uma delas pousou o seu chapéu na erva, talvez para se poder dedicar ao seu bouquet. A outra mantém o seu chapéu aberto, apesar de estar abrigada do sol. Olha para a menina de vestido branco que vem de mão dada à sua mãe.
Dia de luz, festa de sol e um barquinho a deslizar no macio azul do rio. Tudo isto é paz, tudo isto traz uma calma de verão e então o barquinho vai e a tardinha cai.
A pintura abaixo intitula-se “Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte”, da autoria do pintor francês George Seurat, e é uma das jóias da coleção do The Art Institute of Chicago.
Uma vez a Julia Roberts decidiu partir à pressa para Chicago. E que foi ela lá fazer? Foi ao casamento do seu melhor amigo, Michael, cuja noiva era a Cameron Diaz, uma estudante de 20 anos da Universidade de Chicago e proveniente de uma família abastada.
Como é evidente Julia não vai a Chicago para ser a dama de honor da Cameron Diaz. Logo para abrir as hostilidades, diz a Michael que está muito desapontada com ele por se ir casar com alguém que ela sabe ser errada para ele. Ela conhece-o bem, melhor do que ninguém, e vaticina-lhe um casamento infeliz, uma vez que a noiva em nada se parece com ele.
Mas não se fica pela conversa, envolve-se em toda uma série de tropelias com a única intenção de sabotar o casamento. Faz-se amiga da noiva levando-a ela e a Michael a um bar karaoke, depois de descobrir que Cameron Diaz é uma péssima cantora.
Julia e Michael são ambos desde há muito habitués dos bares de karaoke, Cameron Diaz nem tanto e acaba por fazer uma triste figura aos olhos de todos e sobretudo aos de Michael, que era isso mesmo que Julia pretendia.
Julia foi a um jantar num restaurante no qual estava presente toda a família da noiva. Entre ela e Michael há olhares, atenções, subtilezas e canções. Neste caso, “I say a little prayer for you” que todos os comensais decidiram acompanhar. É uma das melhores cenas do filme “My best friend wedding”:
Mas deixemos o casamento e falemos agora de um famoso trompetista de Chicago, que tinha um estilo boogie que ninguém mais conseguia tocar. O homem era o melhor no seu ofício. Mas então bateram-lhe à porta, tinha sido recrutado e teve de se ir embora. Agora está no exército. Foi encarregue de tocar o trompete para anunciar a alvorada. Ele é o boogie woogie bugle boy da Companhia B.
Ele toca para os soldados todas as noites, que dançam até irem dormir. Acorda-os da mesma forma a cada manhã. Eles batem palmas e batem os pés. Ele é o boogie woogie bugle boy da Companhia B.
Esta é a história que as Andrew Sisters nos contam numa canção, que se inicia assim: “He was a famous trumpet man from out Chicago way. He had a boogie style that no one else could play…”
Frank Lloyd Wright foi provavelmente o melhor arquiteto de sempre, obras como Museu Guggenheim ou a Casa da Cascata são ícones do estilo moderno. É em Chicago que se encontra a Fundação com o seu nome, que anualmente atribuiu o Prémio Pritzker, ao qual chamam o Nobel da arquitetura. Dois portugueses já o venceram, Siza Vieira e Souto Moura.
É também em Chicago que se encontram algumas das suas melhores obras, como por exemplo, a Robie House, que é inclusivamente património mundial. Foi projetada e construída entre 1908 e 1909, sendo reconhecida como o melhor exemplo de suas obras do período da Prairie School, um estilo arquitetónico exclusivamente e genuinamente norte-americano.
E é precisamente com essa casa, que se situa no tranquilo subúrbio de Hyde Park, junto a um bosque, que terminamos este nosso este nosso passeio de domingo pela All American cidade de Chicago.
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