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Sete maravilhas de Portugal (as três primeiras)


Ontem esforçámo-nos claramente por dizer mal de Portugal, hoje e nos próximos dias vai ser ao contrário, só vamos dizer-vos bem da nossa nação. 
Iniciamos agora uma série de textos nos quais vos vamos falar de sete maravilhas nacionais, começamos por três e posteriormente continuaremos com as restantes.

Não pretendemos elogiar os pontos turísticos deste país, a sua história, as tradições e aquilo de que toda a gente diz bem, queremos sim destacar outras coisas.

Dito isto, claro que também não vos vamos falar de “spots” secretos, tipo de uma praia espetacular à qual ninguém vai, de um impressionante castelo de todos desconhecido ou ainda de um restaurante bom e barato num “rooftop” que é um regalo para o paladar e prós olhos. Nada disso, a nossa intenção não é essa, é outra.

A nossa intenção é falar-vos daquilo que há de exemplar, seja isso ou não apreciado por turistas nacionais e estrangeiros. Nesse contexto, não valerá certamente a pena falarmos de sol, de praia, de típicas vilas e aldeias e de como os gentes são simpáticas hospitaleiras. Isso são tudo assuntos que não nos interessam, pois que coisas dessas há em muitos outros lugares e não somente por cá.

Assim sendo, vamos ao que em Portugal é verdadeiramente excepcional. A nossa primeira escolha é a Cinemateca Portuguesa, uma autêntica maravilha. É certo que há cinematecas noutros países, não é uma originalidade nossa, contudo o trabalho que a portuguesa desde há muitos anos faz é absolutamente inigualável.

Primeiro há várias sessões diárias onde qualquer um pode ir ver as maiores obras primas da sétima arte, tenham estas sido realizadas anteontem ou há cem anos. Olhem que isto não é coisa pouca, o ter-se assim sem grandes dificuldades acesso ao que de melhor se fez ao longo de toda a história do cinema. Sem a Cinemateca a nossa incultura visual seria certamente bastante maior, tendo-a é uma maravilha para quem se quiser maravilhar com filmes.

A Cinemateca conserva e dá a ver imagens filmadas por todas as terras de Portugal desde que o cinema existe, é um património imenso que está disponível para qualquer um através da Cinemateca Digital. Tanto podemos ver uma excursão a Alpiarça em 1933, como uma exposição agrícola em Estremoz em 1927, como banhistas na Figueira do Foz em 1946 ou ainda as danças dos ranchos de Matosinhos e Penafiel em 1936.

A Cinemateca tem uma vertente pedagógica muito intensa, organiza festivais temáticos, debates e encontros, trabalha com escolas, tem uma biblioteca aberta e edita livros. Entre essas edições estão os livros com escritos de João Bénard da Costa, que foi diretor da Cinemateca durante décadas e foi quem melhor escreveu sobre filmes em toda a história de Portugal.

Alguém uma vez disse que Bénard da Costa era o professor que gostava de ter tido e não teve. Compreende-se que o tenha dito, pois as lições que ele generosamente dava a quem ia assistir às sessões da Cinemateca, baseavam-se na crença de que o cinema é um milagre. O que ensinava era a ver o espanto e a magia que existem nos filmes, sendo que, os que dão a ver magia e espanto, são efetivamente os professores que todos querem ter.

Bénard da Costa dedicou a maior parte da sua vida a mostrar filmes, a escrever e a falar sobre eles, o seu esforço pedagógico seguia o que se diz num verso de Sophia, “Outros amarão as coisas que eu amei”.



A nossa segunda maravilha fica no meio do país, trata-se do Centro de Artes Visuais de Coimbra (CAV). São raros os que visitam Coimbra e vão ao CAV ou sabem sequer que ele existe. No entanto, o edifício onde funciona está carregado de História e de histórias.

Em 1542 foi aí fundado o Real Colégio das Artes, por iniciativa do rei D. João III que pretendia renovar o ensino em Portugal, apostando em instituições laicas e de caráter humanista. No ano de 1555, o Colégio acabou por ficar sob a tutela da Companhia de Jesus, que logo no ano seguinte entregou o edifício ao Tribunal do Santo Ofício, tendo a Inquisição aqui funcionado até 1821.

Não deixa de ser um tanto ou quanto irónico que num edifício destinado a ser um colégio com vista à difusão de ideias renascentistas e humanistas, viesse depois a ser a sede de uma instituição repressiva cujo único objetivo era julgar, reprimir e condenar essas mesmas ideias.



Desde 2003 é no sítio que foi antes colégio de artes e tribunal do santo ofício que funciona o Centro de Artes Visuais. A partir da década de 80 do século XX, havia anualmente em Coimbra os Encontros de Fotografia.
Foi nesses encontros que pela primeira vez se pôde ver em Portugal fotógrafos fundamentais como Henri Cartier Bresson, Joel-Peter Witkin, Manuel Alvarez Bravo, Robert Frank, Walker Evans entre muitos outros. Foi também nesses mesmos encontros que fotógrafos nacionais como Paulo Nozolino, Jorge Molder, Gérard Castello Lopes ou Daniel Blaufuks tiveram grandes exposições. Em síntese, os Encontros de Fotografia de Coimbra eram uma maravilha.

As exposições distribuíam-se por lugares inusitados da cidade, no Jardim Botânico, em igrejas e mosteiros, em antigas instalações industriais abandonadas, em hotéis, na Quinta das Lágrimas, no Laboratório Chimico e claro, no edifício situado no Pátio da Inquisição.

Os Encontros de Fotografia já não se realizam, mas o CAV é o herdeiro de todo o seu espólio e o continuador do espírito que lhes esteve subjacente. O centro organiza imensas exposições de fotografia, edita livros, promove conversas, oferece cursos e visitas guiadas a crianças e adultos, enfim, uma maravilha.

O edifício do CAV foi renovado para o receber, contudo, o arquiteto optou que nas suas paredes, salas e percursos ficassem marcas do tempo em que ali funcionou a inquisição. O lugar onde isso se sente mais intensamente é numa antiga cela onde está instalada a título permanente uma escultura de Rui Chafes, “Aproxima-te, ouve-me".

É impossível entrar nessa cela, ver a imensa esfera de negro ferro realizada por Rui Chafes e não pressentir vozes, gritos e lamentos vindos de uma época distante, do lado de lá do tempo.


Passemos então à terceira e última maravilha de hoje, o MACE, que fica no Alentejo, mais concretamente em Elvas. E o que é o MACE perguntarão alguns dos nossos leitores. É simples, é o Museu de Arte Contemporânea de Elvas.

Todos associam o Alentejo às migas, às planícies, às herdades, ao cante e a bons vinhos, serão poucos os que o associarão à arte contemporânea, no entanto, ela está lá. O museu foi inaugurado em 2007 e está instalado num edifício do século XVI, que era o antigo Hospital da Misericórdia.

O seu acervo é constituído por mais de 800 obras de arte contemporânea, todas de artistas portugueses. Não se pense que por o museu se situar no interior do país, a sua coleção tem obras menores ou menos importantes, nada disso, é exatamente o oposto. Por exemplo, uma das mais conhecidas obras de Joana Vasconcelos, “A Noiva”, está em Elvas.

Numa sala cujas paredes estão cobertas por belos azulejos barrocos, bem ao centro, como se fosse um convencional lustre, está “A Noiva”, o que parecem pendentes efetivamente não o são, são sim 14000 tampões.
Segundo a própria artista, esta sua obra pretende ser uma reflexão sobre a tradição do casamento, bem como a sua associação a conceitos sobre a virgindade e a intimidade das mulheres. A peça já passou por alguns dos principais museus do mundo. Esteve em Paris, no Palácio de Versalhes, mas retiraram-na devido à imensa polémica que causou.

O que sobre tal nos apraz dizer, é que “A Noiva” na cosmopolita e liberal cidade de Paris não se aguentou, mas que se aguenta perfeitamente na pacata e tradicional cidade de Elvas. É ou não é uma maravilha?


Mas há no museu de Elvas outras peças bastante interessantes. É costume dizer-se por aí que os alentejanos estão sempre a fazer a sesta, se o estão ou não, é coisa que não sabemos, o que sabemos sim, é que a escultora portuguesa Susanne Themlitz criou uma peça que está no Alentejo que se intitula “O Estado do Sono”.

A dita obra é constituída por colmeias (caixas e cortiça), um escadote, troncos, canas, papel de parede, ganchos, sacos de plástico, tijolos e mais uns quantos materiais. Há também duas figuras com baldes enfiados na cabeça.

Ao entrar na sala o visitante é confrontado com uma sensação antagónica de estranheza e familiaridade. O caótico conjunto de objetos, seres, utensílios de trabalho e materiais rudimentares que aparentam não ter ali nenhuma função evidente, contribui para que quem vê construa na sua mente múltiplas narrativas, e é isso que a artista quer.

O significado desta peça é claro, num movimento de zapping visual vemos um universo imaginário onde a personificação dos objetos se confunde com a objetualização de seres andróginos. É essa tensão que anima o desequilíbrio e a fragilidade que se sente nas estruturas, cuja inverosimilhança nos remete para um estado diferente daquele de quando estamos acordados. Perceberam ou já está tudo a dormir?

Tendo ou não entendido a intenção artística da autora, o certo é que é uma maravilha ver a tradicional sesta alentejana reinterpretada numa obra de arte contemporânea.



E pronto, por hoje ficamo-nos por este trio de maravilhas nacionais, amanhã logo prosseguiremos rumo às restantes. Neste entretanto aqui ficam os sites dos sítios que falámos:

O da Cinemateca:

O do Centro de Artes Visuais em Coimbra:

O do Museu de Arte Contemporânea de Elvas:

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