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O Camões dá para os dois lados (ou mais)


Por um lado, Portugal tem defeitos, tantos que nem os vamos enumerar. Por outro lado, tem também virtudes e coisas excelentes, como por exemplo, poetas e bola. Enfim, é um país em forma de assim-assim, um lugar contraditório, uma nação onde se vai andando, e que tal e qual como o Camões no seu tempo e a Seleção Nacional no atual, tem dias bons e dias maus, em síntese, dá para os dois lados.

Algo em que Portugal tem estado particularmente mal, é no modo como não tem assinalado em 2024 os quinhentos anos do nascimento de Luís Vaz de Camões.
Em maio de 2021 foi nomeada uma Comissária, uma Comissão de Honra e um Conselho Consultivo exclusivamente para isso, que deveriam ter apresentado um programa até ao final de 2022, mas não o fizeram, ou seja, atrasaram-se.

No entanto, estamos já a meio de 2024, e até agora nada, zero, niente, nicht. Pelos vistos, continuam atrasados. Dizem que no próximo dia 10 de junho é que vai ser, que vêm aí novidades. A ver vamos se conseguem apresentar qualquer coisa ainda antes de findar 2024 ou se fica para uma outra ocasião e, vergonhosamente, os quinhentos anos do nascimento do poeta nacional ficam por comemorar.

Mas indo por outro lado, que há sempre mais do que um lado por onde se ir, quatro dias depois, a 14 de junho, inicia-se o Campeonato Europeu de Futebol e com certeza que o Ronaldo “y sus muchachos” não deixarão ficar mal a nação, e mesmo que Camões não seja celebrado, o orgulho nacional não será ferido e, como sempre, tudo se há de arranjar e o que é preciso é que haja saúde e a gente se dê todos bem.



Neste entretanto, o governo anunciou que o futuro aeroporto de Lisboa a construir em Alcochete se irá chamar Camões. Cristiano Ronaldo já há um, no Funchal, não fazia sentido chamar Ronaldo também ao próximo. Ainda houve quem sugerisse Aeroporto Dolores Aveiro, mas acabou por ficar Camões.

Assim sendo, constata-se que há dois lados no modo como tratamos o Camões, um é o do aeroporto, e o outro o que ninguém lhe liga nenhuma, nem tão-pouco a Comissária, a Comissão de Honra e o Conselho Consultivo encarregues de assinalar o quinto centenário do seu nascimento.
Como dizíamos no início, o país é contraditório, ou é à grande, tipo vou dar o teu nome ao meu novo aeroporto, ou é a pontapé, tipo não me lembro sequer que fazes anos, nem mesmo sendo quinhentos.

Mas falemos do Camões de aeroporto. Não cremos que esse Camões seja bem o poeta. Diríamos que esse Camões é antes um nome que serve para tudo. É equivalente à palavra “coiso”, que também serve para tudo: dá-me aí o coiso, vamos lá ao coiso, o coiso vem cá ter, então sempre coiso…

O Camões de aeroporto é aquele cujo nome serve para baptizar coisas e coisos por todo o país. O poeta não é responsável por isso, aconteceu-lhe simplesmente, que depois de morto, o seu nome passou a ser usado para apadrinhar o que se quiser.

Primeiro foram ruas, largos, sítios, praças, avenidas, pracetas e até mesmos becos. Para quem não saiba, há um beco Camões em Alcobaça. O código postal é o 2245-121 ou 2245-243, dependendo dos sites que consultemos. No da junta de freguesia é um, no da câmara é outro, no site www.codigopostal.pt dá para os dois lados.
Num caso é 2245-243:


Noutro caso é 2245-121:

Mas há muito mais Camões de aeroporto, pois o homem é ainda um dia feriado, o 10 de junho, sendo igualmente nome de cafés, tabernas e churrascarias. Nós por cá temos um especial carinho pela “Casa Camões Rei das Lamujinhas”, que fica ali para os lados de Alcabideche.

Vejam bem, que até em São Paulo no Brasil, há uma padaria chamada Camões e, para além de tudo isso, que já não é pouco, não faltam também estabelecimentos de ensino cujo nome é o mesmo. E é por assim ser, que há muito quem diga que andou no Camões.

Certamente que não haverá outro ser em que tanta gente tenha andado tanto, como no desgraçado do Camões. Há escolas, colégios e universidades com esse nome em Lisboa, em Castelo Branco, em Famalicão, em Gondomar, no Porto, em Braga, em Constância, nos Açores e por muitos mais lugares de norte a sul do país, por consequência, há uma enorme quantidade de gente em Portugal que andou no Camões.

Se acrescentarmos a isto o Instituto Camões, que tem escolas de ensino da língua e da cultura portuguesa nos países lusófonos e por muitos outros locais do mundo, chegamos à conclusão que andar no Camões é uma prática de dimensão mundial, ou seja, andam nele por todos os lados.

Aparentemente, quando se diz “vai chatear o Camões”, a avaliar pela imensa quantidade de coisos e coisas que o poeta apadrinhou, não deve ter havido praticamente ninguém que de facto não o tenho mesmo ido chatear, mais que não fosse para lhe pedir o nome emprestado.



Poder-se-á perguntar, por que decidiu o governo português, que o futuro aeroporto de Lisboa em Alcochete se chamaria também Camões, se já há tantas coisas e coisos com esse nome. A nosso ver o governo decidiu bem, parece-nos adequado que os aviões aterrem no Camões e que seja através do dito que as gentes vindas de todos os lados do mundo penetrem na nossa amada pátria, faz sentido.

Se há tantos que andaram no Camões, outros quantos que vão ao Camões para petiscar ou até para ir à padaria, e uns muitos mais que o encontram na rua, em praças, pracetas largos ou becos, porque não levantarmos voo, entrarmos e sairmos do país também pelo Camões? Entrar e sair pelo Camões adentro parece-nos coerente com tudo o resto. É ou não é?

Façamos um breve desvio, um pequeno aparte. Quando há dois lados, a melhor forma de os ligar é erguer uma ponte. A outra grande empreitada nacional dos próximos tempos, é precisamente uma ponte, a futura terceira travessia sobre o Tejo, que ligará os dois lados do rio, ou seja, Chelas ao Barreiro e ao novo aeroporto. Propomos que o nome dessa nova ponte seja uma síntese do melhor da nação: bola e poesia.

Na verdade, como também a ponte dá para os dois lados, era bom que tivesse dois nomes, ou mais. Assim sendo, o tabuleiro que vai de norte para sul chamar-se-ia Fernando Pessoa e teria três faixas em homenagem ao mais conhecido trio de heterónimos do referido poeta. A faixa mais à direita seria Alberto Caeiro, a do meio Álvaro de Campos e da esquerda Ricardo Reis
Por sua vez, o tabuleiro que virá de sul para norte, chamar-se-ia Eusébio e teria uma via rápida à esquerda para se andar à pressa, onde se poderia circular a mais de duzentos à hora. Isto para honrar a memória da veloz velocidade, com que o pantera negra se deslocava nos relvados dos estádios. Às restantes duas faixas deste tabuleiro chamar-se-ia Dolores Aveiro e Georgina.

Uma coisa vos dizemos, seria apropriado que para se chegar ao novo aeroporto Camões se fosse pela Ponte Vasco da Gama. Pois se o poeta descreveu em “Os Lusíadas” a viagem de Vasco da Gama à Índia, seria justo que agora se invertessem as posições e se fosse ao Camões indo pela Vasco da Gama (apanharam esta? Indo, Índia, é boa, não é?).

Era giro dizer-se vamos ao Camões pela Vasco da Gama ou vimos do Camões pela Vasco da Gama. Mas dito isto, a nossa proposta para a nova ponte também tem graça. Dá para excelentes ditos, como por exemplo, vim do Camões pela Dolores mas a fila estava parada, já pela Georgina vinha-se bem. Indo e vindo.


Mas regressemos ao Camões, que foi isso o que hoje aqui nos trouxe. No título deste texto dizemos que o Camões dá para dois lados ou mais, mas que não haja confusões, como todos por esta altura já terão percebido, isto dos lados é algo de distinto dos lados do Pessoa, pois neste caso não há heterónimos. Camões há só um, a malta é que o dividiu em vários.

Tudo terá começado na escola e com a estranha estratégia pedagógica de dividir em “orações” o mais bonito poema épico da nossa literatura. Foi uma autêntica tragédia. Geração após geração, muitos foram os que ficaram a detestar para sempre o Camões e nunca mais foram com ele à bola.
Quem algures no tempo, terá tido a brilhante ideia de pegar num grande poema e fazê-lo perder todo e qualquer encanto? Isso não sabemos, no entanto, o coiso ou a coisa a quem surgiu tal pensamento, deveria ter uma justa homenagem, talvez se pudesse baptizar os WC’s do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete com os seus nomes.

Mas dito isto, agora como sempre, há gente que de poético nada tem, mas que de marrão tem muito. Por assim ser, os mais esforçados, rigorosos e aplicados estudantes empinaram a matéria e aquando dos testes e exames de Português sabiam dividir o Camões por todos os lados, o que certamente lhes valeu excelentes notas.
Ou muito nos enganamos, ou esse Camões cuja poesia foi dividida e transformada em matéria escolar, é o Camões que dá nome a aeroportos, a colégios, a padarias e pracetas e a becos.
É um Camões de gente séria, desses que cheios de orgulho batem com a mão no peito pelos feitos da nação. Todavia, o nosso Camões é outro, é um lírico, um pobre coitado, um malfadado, que vive amores e desamores. O nosso Camões é o que inspirou cantores e sente em si as mais profundas e sentidas dores.

Com efeito, preferimos aquele Camões em cuja lápide rezava assim: “Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu”. Ao invés do Camões de aeroporto ou desse que foi esquartejado aos bocados nas escolas, preferimos aquele que escreveu a estrofe…

Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram.
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Na verdade, a coisa poderia resumir-se do seguinte modo, há um Camões de fachada, que é o lado dele que agrada às gentes sérias, conservadoras e patrióticas, e há o lado do Camões lírico, o poeta que encanta quem gosta de andar por aí livre e solto, rindo, bailando e cantando ou então lastimando-se de andar mal de amores.

Foi este lado de Camões que inspirou músicos e cantores, como por exemplo, José Afonso, “Verdes são os campos”…


…ou ainda José Mário Branco, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.


E pronto, com estas canções terminamos este texto escrito à pala do Camões. Não sabemos se apanharam esta, pala, à pala…estão a ver ou não? Se não, é porque são zarolhos como o Camões, que só via de um lado, de um olho.

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