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Poderão os novos professores ser o sal da terra?



Ao contrário do que se poderá pensar, vendo somente os noticiários nacionais, a falta de novos professores não é algo que suceda exclusivamente em Portugal, pois a situação é mais ou menos semelhante em grande parte da Europa.
 
Vejamos alguns exemplos dos casos mais significativos. Na Alemanha estima-se que vá existir um défice de 25.000 professores durante os próximos anos, sendo esta uma das piores situações. Em França, as coisas não estão tão más, mas ainda assim, ficaram 4000 lugares por preencher no ano letivo de 2022-23. Na Polónia, faltam 20.000 professores e na Hungria 16.000. Em Inglaterra na década de 2010-2020 formaram-se 270.000 professores, mas neste entretanto, 81.000 deles já abandonaram a profissão. Na Suécia vai ser necessário formar 153.000 professores até 2035. Em Itália há 150.000 lugares em escolas que são agora ocupados por professores contratados, quando antes não era assim. Em resumo, relativamente à falta de professores, o mal é geral.
 
Como se dizia no velho oeste, procuram-se professores “Dead (ou pelo menos reformados) or alive”.

 
As causas para que, de alguns anos a esta parte, a profissão de professor ter deixado de ser apetecível e seja agora quase maldita, são sobejamente conhecidas. Remunerações relativamente baixas, desprestígio social e condições laborais pouco dignas, algumas até indignas, foram os ingredientes para uma receita perfeita, cujo resultado foi que rapidamente se passasse de um excesso à falta de professores.
 
Parece agora inimaginável, que há cerca de uma década, houvesse um alto responsável governamental a sugerir a emigração aos professores portugueses e os incentivasse a abandonarem a sua zona de conforto e a procurarem emprego docente noutro sítio, como por exemplo, em Angola ou no Brasil. Se alguém foi, está na hora de regressar.
 
Mas independentemente de tudo isto, que já há muito sabemos, terá de haver algo mais, algo de uma outra ordem. Ou seja, as condições económicas, sociais e laborais em grande medida explicam a falta de professores, contudo, temos que incluir igualmente nesta equação, que a maior parte dos jovens atuais não sentem qualquer vocação ou apetência pela profissão docente, e que não o sentem, por razões que estão muito para lá das já conhecidas e referidas.
 
Estamos em crer, que mesmo que as condições económicas, sociais e laborais dos professores fossem melhores, ainda assim, isso não faria com que muitos mais dos atuais jovens optassem pela carreira docente. Certamente que haveria uns tantos mais, mas não muitos mais. Por assim ser, importa-nos perceber o porquê.
 
Na realidade, a razão para tal é muito clara, ou seja, nos tempos que correm, os professores estão permanentemente diante da própria impossibilidade de o serem.

Significa isto, que são muitos os professores pela Europa inteira, que têm diariamente defronte de si alunos, quando não turmas completas, cujas necessidades de todo o tipo são muito mais vastas do que aquelas a que a escola pode atender. Para além disso, ou precisamente por isso, aprender o que os professores lhes pretendem ensinar, é das últimas coisas que lhes interessa.
 
Pense-se nos milhares de escolas situadas em bairros com grandes e graves problemas económicos e sociais. Pense-se nas crianças e jovens que vivem nesses locais. Pense-se em seguida, no quão difícil será fazer com que essa rapaziada se interesse minimamente pelas matérias e conteúdos que os docentes supostamente lhes deverão ensinar. Pense-se nisso.


Mas pense-se também em bairros mais finos, onde vivem crianças e jovens superprotegidos, mimados e habituados a fazerem valer a sua vontade, e cujo principal objetivo na vida é passarem largas horas on-line a jogar ou a trocar mensagens. Pense-se como ensiná-los se deve aproximar bastante de uma missão impossível.  

É de tudo isto e muito mais, aquilo de que falávamos, quando antes dissemos que os professores estão permanentemente diante da própria impossibilidade de o serem.


Não é que, quando alguém equacione seguir a carreira de docente, pense de si para consigo, de um modo perfeitamente consciente, que ser professor é estar permanentemente exposto à própria impossibilidade de o ser e por isso desista. No entanto, e mesmo que o seja de uma forma inconsciente, essa é uma noção que está presente e que condiciona a escolha profissional que se faz, ou que, neste caso em específico, não se faz.

Quem é que quer ser professor para depois viver uma vida inteira a interrogar-se sobre a sua própria possibilidade de o ser? Poucos, quase ninguém. Quem é que quer ser professor para depois se questionar permanentemente sobre o que faz? Poucos, quase ninguém.

Dantes, quem ia para professor, imaginava que uma vez chegado a uma escola, lá haveria alunos que quisessem aprender o que teria para se lhes ensinar, e que estariam disponíveis para escutar. Todavia, hoje em dia, toda a gente sabe que a realidade não é exatamente essa. Por consequência, quase ninguém quer ir para professor, porque sabe que muitos alunos não querem aprender o que terá para se lhes ensinar, e também que não estão disponíveis para escutar.

Dito isso, ir para professor para quê? Só para se confrontar com a impossibilidade de o ser? Assim de repente, parece não valer grandemente a pena.


Ora bem, aqui chegados, impõe-se uma conclusão, a eventual solução para a falta de professores, para além da melhoria das condições económicas, sociais e laborais, só pode ser uma, ou seja, fazer perceber a toda a gente, que ser professor ao dia de hoje, é uma coisa muito diferente do que era antigamente.

Se dantes um professor tinha a expectativa de ir a uma sala de aula transmitir conhecimentos a alunos que estavam disponíveis para deles se impregnarem, agora é com frequência que se verifica que tal é uma impossibilidade, sendo por isso, que é decisivo fazer perceber a toda a gente que a escola está completamente diferente.

Há atualmente locais em que os alunos até terão disponibilidade para aprender o que professor lhes pretende ensinar, outros em que só a terão conforme os dias, e ainda outros em que não a terão de todo.
 
Sabendo-se isso e agindo-se em conformidade, percebe-se imediatamente que a função de um professor, e por consequência da escola, não pode ser exercida da mesma forma de sempre, e que consoante é o meio circundante, assim terá de ser o docente.
 
De nada serve que intitulados especialistas venham para as televisões e jornais com soluções genéricas, que supostamente seriam aplicáveis por todo o lado. Décadas disso, são a prova mais do que evidente, que o caminho não é esse, pois as escolas e respetivos alunos não são uniformes, bem pelo contrário, são bastante diversos.
 
Um excelente professor num bom colégio privado, uma vez colocado numa escola situada num bairro degradado, deparar-se-ia imediatamente com as suas próprias impossibilidades, sendo que, o contrário também é verdade.
Desse modo, só quando a sociedade se consciencializar de que ser-se professor é atualmente coisa muito diferente do que era antigamente, e igualmente que o exercício da prática docente é bastante distinta consoante a escola onde se está colocado, só aí, é que talvez renasçam novas vocações docentes.

Que não haja dúvidas, por muito complicado e difícil que se apresente o trabalho diário de professores e os alunos sejam desinteressados e indisciplinados, ainda assim, é possível dar-lhes a volta, tem é de se mudar de estratégia.

Chamemos em auxílio da nossa argumentação, o Padre António Vieira. Um dia estava o dito a pregar em São Luís do Maranhão no Brasil, dizia então assim: “Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária e importante é a esta terra para emenda e reforma dos vícios que a corrompem.”

Mas apesar de muito pregar, o Padre António Vieira sabia que ninguém o ouvia, tal e qual como muitos alunos não ouvem os seus professores. Dito isto, Vieira usou a seguinte analogia, os pregadores são o sal, e quem os escuta é a terra, e a seguir disse assim: “O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar!”

Tendo chegado à conclusão que os homens não o escutavam, Padre António Vieira, como Santo António tinha feito séculos antes em iguais em circunstâncias, decidiu então mudar de estratégia e pregar aos peixes: “…quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar, e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão.”


Quando Santo António pregou aos peixes, estes, ao contrário dos homens, ouviram-no. Mas logo após os homens terem visto tal milagre, também eles decidiram ouvi-lo. A lição é simples, por vezes basta mudar de estratégia para quem não nos ouve, logo passe a escutar-nos.
E é isso mesmo que nos diz Vieira ao relatar a história de António que ninguém ouvia: “Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.”

Em resumo, mudando de estratégia, tanto o pregar de António como o de Vieira, aos quais antes ninguém escutava, voltaram a ser o sal da terra.

Quem nos lê, poderá dizer. que milagres em educação não existem, mas nós dizemos-vos que não. Contamos-vos um, só para exemplificar. Pensemos na Venezuela, um país com imensos e enormes bairros de barracas, onde não existem as mínimas condições sanitárias e o crime reina. Foi precisamente aí, que há quarenta anos foi fundado El Sistema.

Como crianças e jovens não iam à escola, e quando iam, era só para chatear os professores, alguém pensou que valia a pena tentar uma outra estratégia. Vai daí começou a implementar aulas de música em todas as escolas.
A música não era apenas uma disciplina artística, passou a ser o centro em redor do qual todas as outras aprendizagens se faziam. O sucesso foi colossal, e desde então foram centenas de milhares de crianças e jovens que encontraram na música uma via de desenvolvimento intelectual e de promoção social, escapando assim à ignorância e à miséria.


Entre todos esses que cresceram com El Sistema, encontra-se Gustavo Dudamel, que ao dia de hoje, é provavelmente o mais conceituado maestro do mundo, tendo a seu cargo a Orquestra Filarmónica de Los Angeles e a Orquestra da Ópera de Paris. Nada mau, para um rapaz vindo da Venezuela.

Para findar. deixamos-vos uma parte de um concerto dirigido por Gustavo Dudamel, em que podemos verificar que os habitualmente sossegados, atentos e circunspectos espectadores de música clássica, se soltam, se levantam, saltam e dançam.
Ora bem, se é possível fazer um milagre e arrancar dos seus lugares os sérios frequentadores de concertos eruditos, também há de ser possível equivalente milagre e sentar nos seus lugares e fazer com que estejam com atenção alunos desinteressados e indisciplinados. Provavelmente só é preciso que haja novas vocações.

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