Um dos mais claros sinais de que algo correu mal nas escolas nas últimas décadas, é haver muito quem ande no supermercado com um ananás virado ao contrário!
Dado o alto intelecto de quem nos lê, estamos em crer que a maior parte dos nossos leitores nem farão sequer ideia àquilo a que nos estamos a referir, todavia, se não o fazem, vão agora passar a fazer.
Ao que se sabe, atualmente é em supermercados que se combinam encontros escaldantes, e para os combinar, mais não é preciso do que virar-se um ananás ao contrário e dirigir-se a uma certa hora para a secção de vinhos.
Abaixo fica um link com uma detalhada explicação acerca do assunto, onde todos os procedimentos associados a este tema estão muito melhor explanados, do que aquilo que nós alguma vez seríamos capazes de fazer. É ler:
Como quem abriu o link terá constatado, a situação neste momento é a seguinte: quem pretender encontrar um parceiro/a amoroso deve colocar no carrinho do supermercado um ananás virado ao contrário e à hora certa seguir para o corredor dos vinhos.
Uma vez lá chegado, o passo seguinte é chocar com o seu carrinho de compras com o de outra pessoa, para assim lhe demonstrar que nela tem interesse. Há sinais adicionais a ter em atenção, por exemplo, chocolates no carro de compras sugerem o desejo de uma aventura sem mais, já os legumes indicam que se quer ter uma relação mesmo à séria.
Abaixo uma imagem de Carmen Miranda, mulher de uma época distante, em cuja qual o ananás já estava bem lá no alto, quase meio metro acima da testa.
Dito isto, a que propósito dissemos nós no início deste texto, que algo correu mal nas escolas nas últimas décadas? Provavelmente é esta a pergunta que farão, e muito bem, os nossos mais atentos leitores.
Há duas formas de responder a essa questão, a primeira delas é afirmar que esta recente história do ananás no supermercado, é um claro sintoma de um défice de educação sexual geral da população. Mais adiante explicaremos porquê.
A segunda resposta possível, é dizer-se que o ananás virado ao contrário, é um sinal evidente que existe uma carência de formação na população sobre como fazer a gestão de emoções.
Em síntese, temos duas possibilidades de resposta ao porquê de andarem as gentes a combinar encontros com um ananás virado ao contrário no supermercado:
a) As gentes têm um défice de Educação Sexual;
b) As gentes têm falta de formação ao nível da gestão de emoções;
Vamos então escalpelizar cada uma destas duas opções. Quem gosta de escalpelizar, como é o nosso caso, não vai logo à primeira, consequentemente iniciamos a escalpelização pela segunda hipótese, que, neste caso em específico, é a b), ou seja, “As gentes têm falta de formação ao nível da gestão de emoções”.
Vamos a definições científicas. Ora bem, a gestão de emoções é a capacidade de entendermos as próprias emoções, orientando de seguida as nossas ações com base nesse entendimento prévio.
Segundo o reputado neurocientista António Damásio, uma emoção é uma resposta comportamental automática e inconsciente a um estímulo. Quer isto dizer, que quando somos acometidos por uma qualquer emoção nem sequer pensamos, reagimos à toa e lá vai disto. Sendo que, na maior parte das vezes em que tal sucede, quando caímos em nós e nos damos conta do que fizemos ou dissemos, já o caldo está entornado, a loiça partida e tudo feito num oito.
Estando nós de posse destes conhecimentos neurocientíficos, percebemos então, que uma pessoa minimamente sensata e reflectida, só se dirigiria a um supermercado com intuito de atravessar a secção dos vinhos com um ananás virado ao contrário, à procura de outros em iguais circunstâncias, se porventura reagisse repentinamente e sem pensar, a uma qualquer coisa (uma emoção) que subitamente lhe desse.
Uma pessoa sente uma emoção a vir de dentro por si acima, nisto fica desvairada e reage espontaneamente, de um modo completamente inconsciente e sem raciocinar, e de repente, dá por estar num corredor de uma superfície comercial, com um fruto tropical de pernas para o ar no carrinho de compras e rodeado de garrafas de vinho. À sua volta há outros que tais, que reagiram igualmente de forma irreflectida a uma mesma qualquer emoção que veio por si acima, e em consequência disso, acabam todos juntos no supermercado a fazer figura de parvos.
Tudo isto só revela que há gente adulta com muita falta de formação ao nível da gestão de emoções, pois se a tivessem tido e soubessem gerir o seu comportamento, quando sentem uma coisa a vir de dentro por si acima, jamais agiriam tão inopinadamente e fariam tais tristes figuras.
Não há portanto dúvidas, que a escola falhou nas últimas décadas, pois caso assim não fosse, quando em crianças, as atuais gentes adultas, teriam aprendido a ser mais ponderadas e a não reagirem impulsivamente e de forma parva a qualquer coisa (uma emoção) que de repente as assaltasse.
Continuemos a nossa escalpelização e passemos agora a escalpelizar a hipótese a), ou seja, “As gentes têm um défice de Educação Sexual”.
Para nós é de uma evidência total, que quem vai ao supermercado com intuito de ter um encontro sexual, tem um claro défice de educação nessa matéria. Imaginemos a situação inversa, isto é, que alguém ia a um prostíbulo para comprar um quilo de fruta, umas quantas leguminosas, uns iogurtes, peixe, carne, shampoo e detergente para a máquina de lavar a roupa.
Cremos que o exemplo inverso fala por si, pois se conhecêssemos quem se dirigisse a um prostíbulo com o objetivo de fazer as compras da semana, diríamos que essa pessoa beneficiaria muito se voltasse a frequentar a escola e tivesse umas aulas de educação para o consumo.
A esse propósito, aqui ficam os documentos orientadores da Direção-Geral de Educação:
A conclusão é simples e óbvia, quem vai a um prostíbulo fazer as compras da semana ou do mês sofre de um nítido défice de Educação para o consumo, sendo o contrário também verdade, ou seja, quem vai ao supermercado à procura de um encontro de cariz erótico, sofre de um grande défice de Educação Sexual.
Nós não estamos aqui para ensinar ninguém, ainda assim, temos dois conselhos.
Se por acaso sentirem uma súbita e incontrolável vontade de ir ao supermercado com um ananás ao contrário, de modo a não fazerem figuras tristes e a eventualmente não se arrependerem desse repentino impulso, o mais aconselhável é irem à mercearia. Desse modo, não só auxiliam o comércio local, como certamente o dono do estabelecimento, seja ele paquistanês, do Bangladesh ou português, vos dará uma lição de gestão das emoções e dir-vos-á para terem modos e se comportarem como adultos que são.
Percebemos assim que competirá aos merceeiros colmatar o défice de gestão de emoções da população em geral. Estamos em crer que os merceeiros saberão estar à altura da situação, nos supermercados já se viu que não se pode confiar.
Segundo conselho, se efetivamente forem ao supermercado, para, como pessoas perfeitamente normais se irem abastecer de víveres e de outros produtos, nunca deixem que o vosso ananás se vire ao contrário. Pois se tal suceder, poder-vos-á caber a vós cobrir o défice de décadas de Educação Sexual nas escolas.
Atentem bem nisto, pois o pressuposto é este, se alguém vai para o supermercado voluntariamente com o ananás ao contrário, é porque esse alguém efetivamente sofre do já amplamente referido défice de Educação Sexual. Se por acaso essa pessoa vos encontra na secção de vinhos, e vendo que sois alguém perfeitamente normal, o mais certo é que, no meio de uma cambada de parvos, vá logo direito a vós.
Pensem se por acaso o caso fosse convosco, ou seja, se estivessem no meio de um magote de malucos no supermercado e lá vissem alguém com juízo. Não era com essa pessoa que preferencialmente iriam ter? Pois claro que sim.
É a mesma coisa, sendo vós, os nossos leitores pessoas normais e com juízo, o mais natural é que numa situação dessas atraíssem imediatamente todos os doidos em volta.
Em síntese, este nosso segundo conselho poder-se-ia resumir da seguinte forma: se não quereis ser vós, ó leitores deste blog, a cobrir o défice de décadas de Educação Sexual nas escolas, evitem aproximar-se da secção de vinhos e, inadvertidamente, levarem convosco um ananás de pernas para o ar. Caso contrário, ides ser vós quem atrairá todas as atenções, uma vez que sois as únicas pessoas mentalmente sãs, num mundo de loucos.
Seguindo estes nossos dois conselhos, cremos que o nosso país ficará em paz, o progresso continuará e a parvoíce e os défices educativos tenderão a diminuir.
Em síntese, um final feliz!

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