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Trinta anos a dar aulas, e afinal era uma falsa! Mas e se fosse essa a solução para a falta de professores?



Um caso que atualmente dá que falar nas notícias, é o da professora de matemática que durante três décadas deu aulas, sem que para tal tivesse a respectiva habilitação. A docente não só deu aulas, como foi também autora de manuais escolares, ocupou cargos pelas escolas por onde passou e era muito bem-vista quer por alunos, quer por encarregados de educação, o seu nome é Paula Pinto Pereira.


Há duas formas de reagir ao tomar-se conhecimento de tais notícias, uma é com indignação, dizendo-se que é uma vergonha, uma usurpação de funções, que a senhora deveria ser exemplarmente castigada e tudo o mais, a outra é esboçar um leve sorriso, ou mesmo desatar a rir.

Independentemente das considerações sérias éticas, legais e morais que cada um de nós possa fazer sobre tal assunto, o certo é que é impossível não sorrirmos, ou até rirmos, ao sabermos que alguém conseguiu ludibriar o sistema durante trinta anos.

Portugal não é Hollywood, mas se o fosse, tínhamos filme. Frank Abagnale Jr. nasceu em 1948 e ainda está vivo, tornou-se muito conhecido na América inteira, por durante anos ter ocupado de forma fraudulenta diversas funções, sem que ninguém o tenha apanhado, foi advogado no estado do Louisiana, médico na Geórgia, piloto da Pan America Airlines e outras coisas mais.

O FBI andou sempre de olho em Abagnale, mas o homem era um mestre do disfarce, um autêntico artista, e só após longos anos, é que as autoridades o conseguiram apanhar em falso.
Em 2002 Steven Spielberg realizou o filme “Catch me if you can”, cuja história se baseia na biografia de Abagnale, na película o homem é interpretado por Leonardo DiCaprio. No excerto abaixo, podemos ver como Abagnale ainda jovem, se faz passar por professor de francês. A cena tem a sua graça:



Uma coisa que muito nos surpreendeu, foi terem aparecido diversos articulistas e colunistas a defenderem nos jornais a falsa professora, não era coisa que adivinhássemos. Entre eles, conta-se o famoso Miguel Esteves Cardoso, cuja crónica sobre esse tema aqui vos deixamos na íntegra:


O argumento do Esteves Cardoso não é parvo de todo, com efeito, se o próprio Ministério da Educação cria programas como “As novas oportunidades” e outros, para reconhecer, validar e certificar as competências que as pessoas foram adquirindo ao longo da sua vida profissional, porque não reconhecer, validar e certificar os trinta anos de serviço desta professora?

Mas para além de não ser completamente idiota, a tese do Cardoso aponta-nos um caminho ainda completamente inexplorado para recrutar professores, ou seja, “o jeito para dar aulas”.
Até ao presente momento, o recrutamento é feito entre docentes que possuam ou habilitação própria ou habilitação suficiente para o ensino, caso se seguisse a ideia do Esteves, poder-se-ia também começar a abrir concursos de docentes para quem tivesse apenas “jeito para dar aulas “. Quiçá não será esta a solução para a atual escassez de professores...

Nós bem sabemos que o Miguel Esteves Cardoso é um senhor com tendência para ser jocoso. Mais do que isso, sabemos também que nas décadas de 80 e 90 do século passado, escreveu crónicas geniais, primeiro no Expresso e depois no Independente. Mas dito isto, o facto é que esta em particular não tem lá grande graça, tem até um tom de ode ao trabalho da professora não habilitada, que é um tanto ou quanto apologético.

É certo que uma professora conseguir ludibriar durante três décadas seguidas o sistema educativo tem uma certa piada, dá para esboçar um sorriso e até rir, mas entre isso, e elevar-se a senhora aos píncaros, como se ela fosse a representante suprema da arte de ensinar, há uma intransponível distância.

Mas se ao cronista Cardoso se dá o devido desconto por o homem ter tendência para ser jocoso, e se lhe perdoa igualmente alguns dislates por noutros tempos nos ter legado excelentes crónicas, já ao jornalista e colunista Henrique Monteiro, não lhe são devidas tais atenções.

Quem é o Monteiro? O seu maior feito profissional foi ter sido diretor do semanário Expresso entre 2008 e 2011. Aí continua semanalmente a publicar uma coluna de opinião, que a bem dizer, não nos adianta nem nos atrasa. Para além disso, dissemina no mesmo jornal, com a mesma frequência e usando o pseudónimo Comendador Marques de Correia, crónicas de humor.

O Henrique Monteiro talvez seja uma excelente pessoa, isso não sabemos, mas dito isto, só com muita boa vontade, é que alguém poderá achar piada ao que ele escreve.
Todavia, e ao que parece, há muita boa gente disposta a ter essa tal boa vontade e a afirmar que lhe acha graça. Uma vez que isso não se deve certamente ao facto do homem “ter jeito para escrever”, e muito menos ainda por ele ter um aguçado sentido do humor, tal benevolência só poderá mesmo explicar-se por ele ser efetivamente uma excelente pessoa, e não haver quem não goste do homem.

Aqui fica uma fotografia do Henrique, numa pose que só nos pode enternecer.



Tal como o Cardoso, o Monteiro também discorreu acerca da falsa professora, tendo dado à sua divagação, o melancólico título de “Lamento por Paula Pinto Moreira”. O texto foi publicado no Expresso no dia 24 de setembro de 2024, tendo portanto sido escrito mesmo no início do outono.
Folhas acastanhadas caíam das árvores, surgiu um primeiro dia frio, as andorinhas partiram, o Henrique ficou tristonho, algo macambúzio, e vai daí saiu-lhe um título amargurado e taciturno: “Lamento por Paula Pinto Moreira”.

Uma vez tendo concluído o título que encabeça o seu texto, Monteiro lançou-se por ali afora e continuou a sua redação da seguinte maneira: “Um papel determina se alguém é bom professor? Um diploma transforma alguém em pedagogo? O que dizem alunos, colegas, diretores, pais, não tem qualquer relevância? Paula Pinto Pereira deu 30 anos de boas aulas de matemática, mas foi expulsa por um papel. Temos professores a mais?”

Aqui fica o link do artigo, que só está acessível para assinantes do Expresso. Quem não o é, também não perde muito, pois o essencial da tese do Henrique está todo dito no excerto que acima já transcrevemos, o resto, feitas as contas, é palha.


Como se deduz do que o Monteiro escreveu e da pergunta que faz, “Temos professores a mais?”, na sua abalizada opinião, a nação lusitana está desperdiçar os seus vastos recursos humanos, pois segundo o seu parecer, há muita gente sem habilitação para ser docente, que poderia muito bem estar a dar aulas nas escolas.

É precisamente nesse contexto, que o Monteiro levanta duas relevantes questões: “Um papel determina se alguém é bom professor? Um diploma transforma alguém em pedagogo?”

Ó Monteiro claro que não, tens toda a razão, mas para quê um papel? Mas para quê um diploma? Como diz o Esteves Cardoso, desde momento que se tenha jeito para dar aulas, está a andar, toca tudo a ir para as escolas lecionar.

Mas deixemos o Monteiro, pois há um outro articulista que discorreu sobre a falsa professora, a saber, o célebre humorista Ricardo Araújo Pereira. Para o fazer, serviu-se da sua coluna semanal no semanário Expresso.

Desta vez todos podem ler tudo o que Araújo Pereira disse, pois mesmo sendo o Expresso on-line só para assinantes, ainda assim, houve alguém que publicou o artigo na sua totalidade num blog. Aqui fica:


Para quem não se deu ao trabalho de abrir o link acima, abaixo fica o início do texto do Ricardo: “Eu já tinha ouvido falar em burlas para obter o licenciamento de projectos imobiliários que valem milhões, ou para vender por muito dinheiro um bem sem valor algum. Mas a professora Paula Pinto Pereira terá alegadamente burlado o Estado português com o objectivo de ir ensinar Matemática na Escola Secundária do Barreiro. Tenho sérias dúvidas de que isto possa ser considerado uma burla. Se eu, sob falsos pretextos, conseguir convencer alguém a dar-me com um barrote nas costas, serei um burlão que merece castigo ou um desgraçado a quem se deve compaixão?”

É certo que o Ricardo está a fazer humor, e é nesse contexto que deve ser lido, posto isto, fez uma graça, na qual faz equivaler dar aulas, a levar-se com “um barrote nas costas”. Não tem assim grande piada, mesmo que em certos casos, a humorística analogia possa ser apropriada.

Mas o ponto que verdadeiramente queremos comentar do texto do Ricardo é este: “O aspecto mais repugnante deste caso é o seguinte: o alegado esquema da professora Paula Pinto Pereira foi descoberto na sequência de uma denúncia anónima (…) No sistema de ensino português, o problema não são os professores que querem ensinar. Já a figura do queixinhas anda a dar cabo disto há décadas.”

Ora bem, nós também não gostamos particularmente dos queixinhas, no entanto, soubemos que no último domingo o Ricardo Araújo Pereira se queixou na cerimónia dos Globos de Ouro, que os humoristas andam a ser perseguidos, que coitados, não podem fazer uma piada, que são logo processados.

Segundo disse o Ricardo, a categoria dos humoristas “é a única em que um dos nomeados pode ser processado por fazer o seu trabalho, não acontece nas outras"
Isto foi dito, porque a sua colega humorista Joana Marques, foi processada pela banda musical Anjos por ter gracejado acerca de uma sua atuação.


O Ricardo tem toda a razão, contudo, como ele muito bem sabe e longamente explica no seu excelente livro “A doença, o sofrimento e a morte entram no bar”, nada disso é novo, não é de agora, é assim desde sempre.



Nesse livro, Araújo Pereira conta-nos a lenda de São Lourenço, o santo padroeiro dos humoristas. O dito mártir cristão foi condenado à fogueira, sendo que, aquando da execução da sentença, fez-se engraçado e disse para os seus algozes: “Por favor virem-me ao contrário, deste lado já estou assado.”



Na verdade, o Ricardo queixou-se, tal e qual um queixinhas, pois se compararmos o pedido de indemnização dos Anjos com a condenação à fogueira de São Lourenço, é uma mera brincadeira. Dito isto, era giro ver o Araújo Pereira a fazer humor com isso, a gozar com a Joana, ao invés de se solidarizar com a sua colega de trabalho.

Em síntese, para o Ricardo o humor também parece ter os seus limites, ou seja, não se aplica ao trabalho desenvolvido pelos humoristas. Assim sendo, e se pensar melhor, talvez o Araújo Pereira possa compreender, que haja professores que se sintam incomodados por haver quem lecione sem habilitações, mesmo que disso possam sorrir ou até rir.
A propósito da sua consideração acerca da falsa professora em que diz “No sistema de ensino português, o problema não são os professores que querem ensinar. Já a figura do queixinhas anda a dar cabo disto há década”, o que nós podemos dizer é que “quem diz é quem é”.

E pronto, com isto ficam arrumados o jocoso Cardoso, o amigo Henrique e o engraçado Ricardo.

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