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Os Beatles e a educação de crianças e jovens



Em 1492 Cristóvão Colombo descobriu a América e o mundo nunca mais foi mesmo. Em 1964, há precisamente sessenta anos, os Beatles aterraram em Nova Iorque no aeroporto JFK e a América nunca mais foi a mesma.

Em 1964 estávamos num tempo, em que uns meses antes o Presidente John Fitzgerald Kennedy tinha sido assassinado. A crise dos mísseis de Cuba também tinha sido recente. Havia armas nucleares soviéticas nessa ilha tropical, apontadas diretamente à América, a uns poucos quilómetros dela.

Dadas as circunstâncias, os EUA ameaçaram carregar no botão nuclear, caso as armas soviéticas não fossem retiradas de Cuba e o fim do mundo esteve mesmo à beira de acontecer, foi por um triz.

Para quem queira perceber, como foi por pouco que o mundo se salvou, aqui fica uma lição de História, que conta o acontecido nesse momento em quatro minutos e uns quantos segundos:



Sendo esse o contexto, durante essa época de Guerra Fria, milhões de jovens e crianças norte-americanas foram obrigadas na escola e não só, a regularmente fazerem exercícios e simulacros, para se prepararem para a eventualidade de um ataque nuclear.

Incutia-se o medo a todos desde pequeninos, e foi assim que toda uma imensa geração foi educada e cresceu com a nítida sensação, de que o apocalipse atómico estava já ali, mesmo ao virar da esquina.


Mas não era só isso, nessa época praticamente todo o sistema educativo norte-americano sofria de esquizofrenia e vislumbravam-se inimigos imaginários por todo o lado. Não raras vezes nesses tempos, havia fortes desconfianças de que a classe docente estivesse ao serviço dos vermelhos, o mesmo é dizer, dos comunistas e da União Soviética.

Uma vez que os professores e as escolas estavam encarregues de propagar o conhecimento, não faltava quem acusasse os docentes de serem comunistas. Então como sempre, o conhecimento é algo que combate e se opõe ao medo, por tal razão, em épocas em que há muita gente interessada em promover o medo, quem propaga o saber é imediatamente olhado de lado e com desconfiança.

Abaixo um cartaz desse período, no qual se alertava as crianças e as famílias para estarem atentas, não se fosse dar o caso dos professores serem vermelhos e andarem a ensinar aos meninos e meninas a ideologia comunista.


Na América de então, foi criado um Comité de Atividades Contra-Americanas que se dedicava a editar livros, a realizar filmes e a produzir cartazes, cujo objetivo era alertar a população para o perigo vermelho, ou seja, os comunistas. Os professores foram um dos principais alvos dessas campanhas de propaganda.

Por exercerem uma atividade vista como potencialmente perigosa, a "doutrinação" das novas gerações, muitos professores foram interrogados e demitidos. Não se sabe o número exato, mas calcula-se que tenham sido mais de dez mil.

O Comité de Atividades Contra-Americanas fez publicar um livro que se iniciava assim: “Este livro é para lhe contar o que as mentes mestras por trás do comunismo têm planeado fazer com o seu filho em nome da 'educação'.”

Abaixo mais um cartaz de propaganda, que difundia o medo nas famílias, relativamente ao que os professores andariam a ensinar aos seus petizes nas escolas.


Uma vez despedidos, os professores tinham enormes dificuldades em encontrar um novo emprego na área da educação. Muitos ficaram desempregados durante anos, sendo que outros, mais remédio não tiveram do que mudar de profissão.

Na verdade praticamente nenhuns dos professores americanos interrogados, perseguidos e depois despedidos, professava a ideologia comunista, no entanto, os factos eram coisa que a ninguém interessava averiguar, o que na realidade importava e muito, era difundir a desconfiança e o medo.

A escola, à época como ao dia de hoje, é um sítio óptimo para aterrorizar as populações. É bastante fácil fazê-lo, basta começar a gritar que os valores familiares estão em perigo, que os inocentes petizes estão a ser doutrinados numa qualquer ideologia contrária à família e pronto, está o pânico criado.
Como sempre sucede em tais ocasiões, imediatamente se formam movimentos de mães para ferozmente defenderem as suas crias e salvá-las das escolas, dos professores e das suas perniciosas ideologias.


Há abundantes pesquisas, teses e livros sobre o que sucedeu nesse tempo, sabendo-se que a larguíssima maioria dos professores afetados, foram acusados por motivos absolutamente ridículos. Bastava uma mãe denunciar um professor ao Comité de Atividades Contra-Americanas, acusando-o de ser comunista por este ter abordado na escola um qualquer tema que ela não achava que devia ser abordado na escola, para imediatamente o docente ter a vida estragada.

Qualquer coisa servia para uma denúncia, nos arquivos há queixas de mães relativas a professores que recomendam a leitura de livros, há professores acusados de falarem de países estrangeiros, há outros que cometeram o crime de falar de economia e se porventura algum falasse de religião ou política, estaria desde logo condenado.
Docentes que falassem de arte moderna, eram imediatamente considerados como sendo subversivos e abordar um assunto como por exemplo a música Rock, era algo que deixava todas as mães com os cabelos em pé e prontas para fazerem uma cruzada contra o professor.

Abaixo um cartoon da época, em que uma professora é interrogada pelas autoridades por ser suspeita de ler livros, uma atividade altamente perniciosa, própria de quem tem como objetivo destruir os valores familiares e inculcar nas crianças a ideologia comunista.


O histerismo contra o comunismo, como está amplamente demonstrado pelos historiadores, não tinha na América qualquer razão de ser, e muito menos o tinha nas escolas. Na realidade, o que o Comité de Atividades Contra-Americanas verdadeiramente desejava, era que o medo se instalasse e se propagasse, e isso consegui-o.

Com efeito, a perseguição e demissão de muitos professores teve como consequência que nas escolas, tanto nas salas de aula, como fora delas, docentes e estudantes evitassem tocar em muitos e diversos temas, com medo de serem considerados comunistas.

Na revista The American Legion, publicação muito acarinhada pelo Comité de Atividades Contra-Americanas, fez-se uma capa em que se questionava se as escolas tinham mesmo de contratar professores vermelhos, ou seja comunistas. Mais do que isso, sugeria-se no subtítulo e logo na capa da revista, que os professores comunistas eram todos aqueles que advogassem a liberdade académica.


Em resultado de tudo isto, houve toda uma geração americana que cresceu cheia de medo. Nas escolas inculcava-se o receio de que o fim do mundo estaria próximo, pois o apocalipse atómico era tão-somente uma questão de tempo, e inculcava-se também o medo de se falar de muitos e variados assuntos, e de se debater livremente qualquer tema.

Essa geração foi crescendo, e quando os Beatles chegaram à América, a maior parte dela estava a sair da adolescência. Fartos de viverem no medo e com receio de se expressarem, desejavam ardentemente que houvesse uma explosão, só que não atómica, mas sim social e cultural. A vinda dos Beatles à América foi o carregar no botão de ignição para que tal acontecesse.

Ainda mal os Beatles tinham aterrado e logo aí se percebeu que estávamos no início de uma revolução. No aeroporto havia uma imensa multidão, como jamais se tinha visto, só para os ver chegar. Os Beatles descem da escada do avião e, como mais tarde confessariam, estavam perfeitamente “flabbergasted” com o que viam.

The Fab Four seguem depois para uma conferência de imprensa, ainda no aeroporto. Mais uma enchente, desta vez de jornalistas. Apenas pelo modo como se apresentaram e responderam à comunicação social, todos compreenderam imediatamente que estavam a assistir ao nascimento de qualquer coisa de diferente.

Os Beatles estavam completamente descontraídos, gracejavam e tinham ditos meio cómicos, meio provocatórios, em resumo, não tinham medo. Até a forma como se mexiam e movimentavam era distinta daquela que os americanos estavam habituados a ver. Para a juventude de então, os Beatles representavam o exacto oposto do ambiente sério, rígido, pesado e pré-apocalíptico em que tinham crescido.
Aqui fica um breve registo dos primeiros momentos dos Beatles na América:



O primeiro concerto em território norte-americano foi em Washington D.C., e nesse momento ficou demonstrada a enorme proximidade dos Beatles com a juventude americana.

Os ritmos e melodias dos Beatles foram desde o início profundamente influenciados por sonoridades originárias da América, como por exemplo o gospel, o doo-wop, o R&B, o soul, o funk e o rock. Estilos musicais esses, que eram bastante mal-vistos pelas mães, pelas famílias, pelas escolas e pelas demais instituições.

Todos esses tipos de música eram considerados subversivos e até pecaminosos, possuíam sons e ritmos demasiado livres e falavam de temas e assuntos, que os adultos não consideravam próprios para os jovens.

Através do link abaixo, podemos ver e ouvir um reverendo a pregar numa missa de domingo, algures na década de 50, contra a nefasta influência do Rock and Roll:



No entanto, os Beatles chegaram à América e aí a torrente foi tão forte, o desejo de escapar a uma educação castrante tão intenso, que não houve forma de conter a vontade de viver de uma geração.

No link abaixo podemos ver os Beatles no referido concerto de Washington, a interpretar um tema originário da América, “Twist and Shout”. Mais do que isso, podemos também verificar como os jovens parecem libertar-se gritando e movimentando-se dos anos de chumbo, de medo e do ambiente pesado e bafiento em que cresceram:



Neste entretanto, agora, neste final de 2024, para assinalar os sessenta anos da ida dos Beatles à América, o grande realizador Martin Scorsese lançou um documentário no qual mostra a profunda influência social e cultural que o grupo teve nos Estados Unidos. Aqui fica o trailer:



Seja na América, seja em Portugal, há hoje em dia quem queira ressuscitar esse bafiento ambiente educativo norte-americano de meados dos anos 50 do século XX, que se baseava no medo que as crianças estivessem a ser contaminadas por terríveis ideologias, na ausência de liberdades académicas e na repressão da livre expressão de opiniões.

Para o tentarem fazer, o método é o mesmo de sempre, ou seja, propagandear por aí que os valores familiares estão a ser atacados e incentivar as mães a lutar pelas suas crias em perigo, estando em permanente alerta com o que os professores lhes ensinam nas escolas.

A toda essa gente saudosa desse tempo, e para finalizarmos o nosso texto de hoje, aconselhamos um livro. Um de finais da década de 60, de um abnegado cristão norte-americano, que dissertou sobre como o hipnotismo, o comunismo e os Beatles estavam a corroer os valores tradicionais e familiares da América.

É um clássico, ascendeu a essa condição por ser um dos mais ridículos livros alguma vez escritos, apesar disso, continua a vender-se bem e em 2024 há cada vez mais quem o leve a sério.

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