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A poesia não está na rua

 

Morreu por estes dias a poeta Adília Lopes, sendo que, ao longo do tempo, por várias vezes neste blog a citámos. Muito embora não tenhamos nem de perto nem de longe o talento que Adília tinha, tentamos aqui fazer como ela fazia, ou seja, ir falando de assuntos graves e sérios, com alguma poesia e uma certa dose de ironia.

Nós gostamos de ironizar, e até mais do que isso, de embirrar. Embirramos com o que não tem sentido nem significado. Uma das coisas com as quais mais embirramos, é com os gestos, práticas e atos vazios, ou seja, com tudo aquilo que se faz sem se perceber a razão ou o porquê, e apenas porque sim ou porque todos o fazem assim.

Por exemplo, já embirrámos com o Halloween, pois chateia-nos que as escolas todos os anos se encham de crianças e jovens mascarados de bruxas, de vampiros e coisas do género. Pouquíssimos desses fazem ideia de qual a origem e o significado do Halloween, contudo, anda tudo a celebrar uma data cujo sentido ignora.

Mas quem diz o Halloween, diz outras coisas. Também já embirrámos com as Vilas de Natal, com a neve artificial e com as pistas de gelo que nesta época do ano pululam por Portugal inteiro. Isto porque, Jesus Cristo nasceu em Belém, na Palestina, um lugar quente e seco, onde não consta que alguma vez tenha nevado e no qual não faz frio.

Mas se há celebrações e eventos vazios de sentido e significado, também há modas que assim o são. Aqui há tempos, entrámos numa loja de artigos desportivos e deparámo-nos com a secção “Walking”. Em tal secção pode adquirir-se vestuário, calçado e outros apetrechos para se praticar a modalidade “Walking”, que consiste pura e simplesmente em andar.

O sentido e significado da palavra inglesa “walking” é esse mesmo, ou seja, andar. Dito isto, faz-se de conta que “Walking” é um conceito inovador e uma recente e moderna tendência (em inglês diz-se trend), quando na verdade não o é, pois há milénios que a humanidade pratica a modalidade a que agora se chama “Walking”.


Um dos livros de poesia de Adília Lopes intitula-se “Andar a pé”. Ir de um sítio para outro caminhando, percorrer as ruas da cidade, deambular pelos lugares, calcorrear becos e esquinas e mover-se por avenidas, é uma coisa alegre e divertida que poucos fazem, pois quase todos hoje em dia preferem deslocar-se de carro.

Que significado ou sentido tem, que para trajetos de cinco ou dez minutos, ou mesmo de um quarto de hora, se use um automóvel? Em nosso entender, nenhum. A esse propósito, aqui fica um poema de Adília Lopes:

Se Newton andasse
a andar de carro
pelo pomar
em vez de andar
a andar a pé
não tinha dado
pela queda da maçã

Se Rousseau andasse
a andar de carro
em vez de andar
a passear a pé
não tinha escrito
aquele livro
tão bonito

Detesto carros
são uma porcaria

Mas lembro-me
do Luís taxista
que guiava tão bem
e que me disse
"dê um abraço meu
à sua mãe"

Numa crónica escrita em 2002 para o jornal Público, Adília Lopes diz-nos a respeito do exercício físico, que ela, ao invés de ir ao ginásio, prefere antes andar atrás do gato. Diz-nos igualmente, que não aprecia cursos de natação sem água, o mesmo é dizer, práticas sem sentido nem significado. Para além disso, também nos fala de pedagogia, de ações de formação e de papelada. Aqui fica uma passagem desse seu texto:

"…quando meto a chave à porta e o meu gato Mémé tenta fugir para a escada, digo com uma voz falsamente grave: “Para trás, senhor doutor rapaz”. Quase sempre o Mémé consegue escapar-se, galga os três lanços de escadas que separam o meu andar do zimbório do prédio onde vivo, eu vou atrás dele e descemos os dois depois, eu com ele ao colo. Como neste momento estou muito farta de aulas, de escolas e de cursos, não me passa pela cabeça frequentar um ginásio. Assim, a subir e a descer a escada por causa do Mémé, faço um exercício físico que me diverte e que é de graça. Prezo aliás muito a academia e os académicos. Não estou a ser irónica. Cursos de natação sem água é que não. Tenho horror a aulas com retroprojector, com acetatos ou com modernices informáticas que substituem o professor a escrever no quadro com o giz ou a escrever no quadro com a caneta. Uma coisa são cursos, outra coisa é um faz-de-conta. Tanto congresso, tanto colóquio, tanta ação de formação, tanta pasta de plástico, tanta papelada!"


É sabido que Adília Lopes viveu praticamente toda a sua vida numa rua do bairro de Arroios em Lisboa. Tal não significa apenas que aí tivesse a sua morada, é mais do que isso, significa também que raras vezes ao longo da sua existência se afastou daquela dúzia e meia de quarteirões situados entre os Anjos e a Estefânia.

Nessa dúzia e meia de quarteirões, algures em Arroios, habita uma gente cujo modo de viver resiste. Não é gente pobre nem rica. À maior parte dela, nem nunca lhe terá ocorrido dedicarem-se à prática de Walking, andam de um lado para o outro e pronto. Halloween é coisa que nunca viram sem ser no cinema ou na TV. Neve e gelo sabem que existe na Serra da Estrela. Quando se deslocam a algum lado por ali perto vão a pé, até porque, se fossem de carro, era o cabo dos trabalhos para o estacionar.

São gente cosmopolita mesmo que raramente ou nunca, tenham entrado num avião. Convivem diariamente com pessoas de noventa nacionalidades diferentes, mas ao contrário do que acontece em zonas mais finas, não se incomodam nada com isso. Italianos, franceses, alemães, paquistaneses, nepaleses, brasileiros e outros tantos, ao fim de umas semanas são apenas vizinhos. Em síntese, são gente boa, sem pretensões nem manias, como aquela descrita na poesia de Adília:

Só gosto das pessoas boas
quero lá saber que sejam inteligentes artistas sexy
sei lá o quê
se não são boas pessoas
não prestam

Numa outra crónica do jornal Público, a poeta diz-nos onde andou na escola:

“Andei na Escola Preparatória Marquesa de Alorna, no Bairro Azul, em Lisboa, entre 1970 e 1972. E foi lá, graças a duas excelentes professoras de Português, Maria Emília Caires, no 1º ano, e Maria Crisanta Santos, no 2º ano, que comecei a ter consciência de ter prazer em escrever. Tenho tantas recordações tão nítidas dessa época que me quero limitar à mais lírica: na aula de Desenho, que tinha grandes janelas, viam-se árvores verde escuro a serem atravessadas pelo vento. Eram árvores banais, podiam ser cedros, lembravam ciprestes. Aquilo dava-me vontade de chorar, emocionava-me a um ponto sem retorno e de onde eu retornava à usura deste mundo trémula como as árvores. Que isto seja banal numa adolescente sensível é o que menos importa. Acho que a literatura e a religião estão aí.”

O que esta passagem de Adília nos diz, é que a poesia está em saber olhar as coisas simples, como aquelas que se podem observar através do vidro de uma janela. Mas é mais do que isso, a poesia é também sentir um sentido e um significado naquilo que se observa, mesmo que seja meras árvores. Mas quem diz árvores, diz cebolas:

Gosto das cebolas
e das pessoas

Mas as pessoas
são como as cebolas
fazem chorar

A bem dizer toda a poesia de Adília Lopes tem o seu quê de doméstico. Muitas das coisas de que ela fala são as que podem ser observadas de uma janela, seja esta da escola ou a de casa, ou então coisas que pertencem ao interior de um lar, como por exemplo, gatos, brinquedos ou alfinetes. Abaixo uma ilustração de Luís Manuel Gaspar inspirada na obra da poeta.


Há um poema de Adília que reza assim:

É tempo
de regressar
a casa

A poesia
não está
na rua

É com ironia que Adília glosa o célebre dito de Sophia, “A poesia está na rua”. Adília e Sophia são muito distintas, todavia, foi Sophia quem mais influenciou Adília, segundo o que ela mesma afirmou.

Adília conheceu Sophia de Mello Breyner Andresen quando tinha dez anos, numa livraria na Baixa lisboeta. “Nessa livraria havia um andar superior para os livros infantis. Foi lá que encontrei o livro Noite de Natal, com ilustrações de Maria Keil.” Esse exemplar que Adília guardou a vida inteira foi autografado por Sophia, apenas “Sophia”, a tinta azul.

A relação poética entre Adília e Sophia tem sido tema de inúmeras teses académicas e de muitos artigos de jornais e revistas, porém, ela não é nada óbvia. Mas mesmo não sendo, é explicável de uma forma simples, ou seja, ambas se espantam e encantam com a beleza do que as rodeia.

Se Sophia se espanta e encanta com o mar, com conchas, com as nuvens, com a liberdade, com a aurora e com a formosura dos templos gregos, Adília espanta-se e encanta-se com coisas corriqueiras, daquelas de trazer por casa e, sobretudo, com a simplicidade das gentes. Atentemos nesta sua passagem abaixo:

"Em 81 disse à Dr.ª Manuela Brazette, psiquiatra, "Eu sou feia". Ela disse-me "Não é ser feia. Não há pessoas feias. Não tem é atractivos sexuais". Lembrei-me então do homem que em 74, tinha eu 14 anos, se cruzou comigo no Arco do Cego. Lembrei-me do homem, da cara do homem vagamente, mas lembrei-me muito bem do que ele me tinha dito ao passar por mim. Tinha-me dito "Lambia-te esse peitinho todo". Lembrei-me também da meia-dúzia de outros homens que durante a minha adolescência me tinham dito quando eu passava "Coisinha boa" e "Borrachinho". Ainda hoje me sinto profundamente agradecida a esses homens. Pensei que estavam a avacalhar, que eram uns porcalhões. Mas quem estava a avacalhar era a Dr.ª Manuela Brazette, ela é que é uma porcalhona. Acho que um homem nunca consegue ser mau para uma mulher como outra mulher.”


Pelo que sabemos através da sua poesia, Adília Lopes  sofria algo por não ter tido um namorado. Não é nada de muito complexo que necessite de psicoterapia ou de profundas reflexões, é só um desgosto.

Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)

Na realidade, vai-nos fazer falta a simplicidade com que Adília Lopes dizia o que tinha a dizer, não precisava de grandes complicações nem teorias, nem de colóquios ou ações de formação. As palavras saíam-lhe simples e diretas como estas com as quais nos despedimos:

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico

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