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Robert De Niro’s waiting…


Hoje vamos falar-vos das Bananarama, de Robert De Niro, de Amadeo de Souza-Cardoso, de Nova Iorque e, porque não, do Trump. De caminho falamos-vos também de casinos, de taxistas, de Sharon Stone e de problemas informáticos. Querem mais? Chega-vos? 

Seja como for, uma coisa é certa, não há como este blog para vos falar de assuntos múltiplos que nada têm a ver uns com os outros. Ou será que têm? Ah….e já agora, também vos vamos falar da máfia e de gangsters.


Andaríamos ali por meados dos Anos 80, quando a banda britânica feminina Bananarama lançou uma canção que não teve o sucesso estrondo de outros temas do grupo, mas que foi muita apreciada por uns quantos: “Robert de Niro’s Waiting…”

A letra do tema é algo sombria e fala-nos de “Hopes dashed to the floor”, dizendo-nos coisas como “Boys living next door are never what they seem”, e ainda que “A walk in the park can become a bad dream”. Em síntese, por trás da aparência leve, ligeira e Pop de “Robert de Niro’s Waiting…” parece despontar qualquer coisa de mais misterioso, triste e sinistro. 

Os Anos 80 eram inocentes, suaves, amenos e um tanto ou quanto parvos. Foi uma década de tal modo palerma, que mesmo quando se escutavam temas musicais cuja letra pouco ou nada tinha de divertida, ainda assim, o ambiente era sempre festivo, descontraído e vagamente tonto.

Vejamos as Bananarama a atuar no célebre programa britânico Top of the Pops. Enquanto elas cantam versos inquietantes e perturbadores como “People are staring and following me/ This is my only escape from it all / Watching a film or a face on a wall”, em seu redor a rapaziada dança alegremente, há serpentinas no ar, palmas a acompanhar e muitas luzes brilhantes a piscar:

O que aqui nos importa realçar, é que estávamos ainda em meados dos Anos 80 e já o Robert De Niro era uma lenda. Passadas várias décadas desde essa época, atualmente o Robert De Niro é muito mais que uma lenda, é um dos últimos semi-deuses ainda vivos, vindos do tempo em que o cinema era qualquer coisa “Bigger Than Life”.

Corria o ano de 1973, quando Robert De Niro interpreta o seu primeiro papel destinado a ficar na história do cinema, no filme de Martin Scorsese “Mean Streets (Os Cavaleiros do Asfalto)”. De Niro é nessa película Johnny Boy, um marginal e membro de um gangue, ou seja, um típico rapaz de Nova Iorque da década de setenta.

Abaixo uma foto de De Niro no set de “Mean Streets”, ao centro o realizador Martin Scorcese, e à direita um outro ator que também começou a fazer carreira nesse filme, Harvey Keitel.


Em 1976 Scorcese e De Niro trabalham novamente juntos em “Taxi Driver”. O que então produziram foi uma autêntica obra-prima, um dos melhores filmes de sempre, cujo próprio Congresso dos Estados Unidos da América decidiu considerar como um tesouro nacional pela sua relevância cultural, histórica e estética.

Neste filme, De Niro é um taxista nova-iorquino frustrado e alienado, que foi recentemente dispensado do exército americano, após ter combatido no Vietname. Percorre a cidade no seu táxi durante a noite e observa a sua decadência. Por todo o lado vê crimes, prostituição e droga. No seu entender, os políticos são uns corruptos e considera necessário que a lei e a ordem sejam restabelecidas à força, de modo a que Nova Iorque se regenere. 

Nos dias de hoje Nova Iorque é uma cidade rica e turistificada, no entanto, nos Anos 70 era uma urbe suja, violenta e decadente, onde cada um vivia como queria, onde as regras estavam longe de ser obrigatórias e as leis eram vistas como meras sugestões, e não como preceitos a cumprir. 

É a Nova Iorque perigosa e fascinante desses tempos, que Martin Scorcese captou e Robert De Niro interpretou. Aqui fica um excerto de “Taxi Driver”, no qual também é possível escutar a belíssima banda sonora composta para o filme pelo mítico maestro Bernard Hermann:


Robert De Niro e Martin Scorcese continuaram a trabalhar juntos e em 1995 saem-se com uma outra obra-prima, “Casino”. Nessa película De Niro interpreta Sam "Ace" Rothstein, um personagem a quem a máfia confiou um casino em Las Vegas para administrar.

Logo na cena inicial do filme vemos Sam "Ace" Rothstein (De Niro) a sair de casa e a entrar no seu carro, que explode. Percebemos imediatamente que tudo correu mal, não sabemos ainda é o quê. A banda sonora que acompanha este momento inaugural da história é de Johann Sebastian Bach, “A Paixão de São Mateus”.

Logo em seguida há um flash-back e vemos Robert De Niro no casino que dirige. É em voz-off que ele nos fala de si: “Eu era bom, tanto que sempre que eu apostava, mudava as probabilidades para todas as casas de apostas do país. Tinha tudo. Deram-me o paraíso na terra. Deram-me um dos maiores casinos de Las Vegas para dirigir.”

“I was given paradise on earth”, diz De Niro, e na sequência disso surge-nos uma outra voz em off, a do seu sócio, companheiro e amigo de sempre, Nicky Santoro que nos diz assim: “Deveria ter sido perfeito. Ele tinha-me a mim, Nicky Santoro, o seu melhor amigo… e tinha Ginger, a mulher que ele amava. Mas no fim…”

Ginger, a mulher amada por De Niro, foi interpretada por Sharon Stone.


Nicky Santoro, o amigo, conclui as suas considerações iniciais do seguinte modo: “We fucked it all up. It should'a been so sweet, too.  But it turned out to be the last time that street guys like us were ever given anything that fuckin' valuable again”.

“It should'a been so sweet”, só por esta frase, percebe-se logo que “Casino” nos fala de paraísos perdidos e de um tempo já passado, em que “street guys” como os personagens interpretados por De Niro nos filmes de Scorcese ainda eram possíveis. 

Aqui ficam os cinco minutos iniciais dessa excelente película:

Atualmente Robert De Niro, já com 81 anos de idade, é o protagonista de uma série da Netflix intitulada “Dia Zero”. O seu personagem é um ex-presidente dos EUA, George Mullen, que é convocado para identificar os responsáveis por um ciberataque, que atingiu os sistemas informáticos dos transportes e dos hospitais, tendo como resultado milhares de mortes.

Não é propriamente a narrativa que aqui nos interessa, mas sim o facto de o personagem fictício interpretado por Robert De Niro ser um colecionador de obras do pintor português Amadeo de Sousa-Cardoso.

Na imagem abaixo, uma cena da série “Dia Zero”, Robert De Niro está junto à porta, e ao fundo, pendurado na parede vemos o quadro “Os Galgos”, obra de Amadeo de Souza-Cardoso de 1911, pertencente ao Centro de Arte Moderna na Gulbenkian.


É uma feliz coincidência, a série “Dia Zero” estar agora a ser exibida por todo o mundo, precisamente quando no Museu Guggenheim de Nova Iorque estão também expostas duas pinturas de Amadeo Souza-Cardoso, também elas pertencentes ao Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.

As  duas obras de Amadeo são "Estudo B", uma composição pontilhista de abstração circular pintada em 1913, e uma pintura do mesmo ano com título desconhecido. Mas para além disso, no mesmo Museu Guggenheim está também exposta uma obra de 1916 de Eduardo Viana, “A Revolta das Bonecas”, que pertence ao Museu do Chiado.

É raríssimo que Nova Iorque se importe e exponha artistas portugueses, é por isso uma ocasião rara ter Amadeo e Viana em Manhattan, e logo num dos melhores museus da ilha. Tal acontece a propósito da mostra “Harmonia e Dissonância”. 
Aqui fica o trailer da dita exposição:


Com tudo isto caminhamos para o fim do nosso texto, mas não sem antes voltarmos a Robert De Niro. O ator nasceu em Nova Iorque, conheceu bem as “mean streets” dessa cidade, conviveu com “street guys”, com a malta da máfia e com gente de alto calibre, para além disso, interpretou-os a todos na tela. 

Tendo todo esse extenso currículo, escreveu recentemente o seguinte: “I’ve spent a lot of time studying bad men.  I’ve examined their characteristics, their mannerisms, the utter banality of their cruelty. Yet there’s something different about Donald Trump.  When I look at him, I don’t see a bad man. Truly. I see an evil one.”

De Niro faz uma distinção entre “bad” e “evil”, que traduzida para português não é evidente, contudo, dir-se-ia que “bad” é algo ou alguém que não é bom, que causa problemas, já “Evil” significa algo ou alguém que é propositadamente odioso e causa intencionalmente dano a outros.

Segundo a análise que Robert De Niro faz, a eleição de Trump explica-se por muitos americanos terem perdido a noção do que é a democracia, que é para esses apenas uma palavra vaga ou um conceito vazio. 

De Niro sabe que falar de política em sentido estrito, nos tempos que correm de nada adianta, só serve para se andar aos gritos nas redes sociais. Adiantaria sim falar de política num sentido amplo e explicar às gentes que democracia tem a ver com o que é certo e o que é errado, com humanidade, com gentileza, com segurança e com decência.

Vejamos  o que De Niro nos diz: “Democracy may be our holy grail, but to others it is just a word, a concept, and in their embrace of Trump, they’ve already turned their backs on it. Let’s talk about right and wrong. Let’s talk about humanity. Let’s talk about kindness. Security for our world. Safety for our families. Decency. Let’s welcome them back.”

Num destes dias Robert De Niro andou por Lisboa a propósito de um festival de cinema. Os jornalistas portugueses entrevistaram-no e queriam por força que ele falasse de política no sentido mais estrito do termo, o homem irritou-se e respondeu-lhes assim: “Estou aqui para falar de cinema e não de política"

Na sequência disso, e nessa mesma ocasião, De Niro deixou claro o papel fundamental da arte (do cinema, da pintura, da literatura, da música…) no sentido de nos ensinar a ver e compreender o mundo, de modo a que não andemos pela vida sem percebermos nada do que se passa em nosso redor, apenas tendo conceitos vazios e ideias vagas acerca de quase tudo. 

A arte ajuda-nos a que as nossas ideias ganhem substância e a que os nossos conceitos tenham essência, isto para que não sejamos presas fáceis de mensagens simplistas e simultaneamente maléficas, que pregam o errado em detrimento do certo, que apregoam a desumanidade e a falta de gentileza, e que são completamente indecentes e anti-democráticas.

E pronto, aqui chegados falámos de múltiplos assuntos que nada têm a ver uns com os outros. Ou será que têm?

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