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Vamos do paroquial ao Apocalypse Now


Ontem na SIC, mas poderia ter sido em qualquer um dos outros canais televisivos nacionais, passou a notícia do início do 78º Festival de Cinema de Cannes. Primeiro foi dito, que se exibiriam três filmes dedicados à Ucrânia e, até aí, tudo bem, o pior veio depois.

Com efeito, logo de seguida disse-se que o actor Robert de Niro iria ser homenageado em Cannes pelo importante trabalho que desenvolveu ao longo da sua extensa carreira cinematográfica, pensar-se-ia portanto, que seriam dados alguns exemplos de filmes em que De Niro participou, mas não. Acerca disso, zero.

O que efetivamente apareceram, foram umas imagens com Robert de Niro sentado ao lado do actual patrão da SIC, o filho do Balsemão, por ocasião de um evento acontecido há uns tempos em Lisboa. Para além disso, ficámos também a saber, que em breve esse mesmo evento vai ter uma nova edição, que o filho do Balsemão voltará a estar presente, e que a Câmara Municipal de Lisboa também fará parte da organização.

Em resumo, o mais importante que encontraram para dizer sobre um dos maiores actores vivos e da homenagem que lhe vai ser feita em Cannes, foi que ele participou num evento em Lisboa, cuja organização é da responsabilidade da SIC e da CML.

Em síntese, Robert De Niro interpretou uma série de personagens que ficaram para a história, mas o que para a SIC importa realçar, é que um dia destes ele vem a Lisboa. Mais paroquial do que isto, é quase impossível.


No entanto, a coisa (a notícia) não se ficou por aqui. Para quem eventualmente não saiba, ao longo da sua já longa existência, o Festival de Cannes foi sempre o palco de estreia de obras cinematográficas, que depois acabariam por marcar a história da sétima arte. Marcaram-na por serem filmes disruptivos, inovadores e arrojados, que trouxeram algo de inédito e original ao cinema.

Claro que no Festival de Cannes também se estrearam algumas das grandes produções comerciais de Hollywood, mas isso não é nem nunca foi a essência do certame, é só uma estratégia promocional dos grandes estúdios, ou seja, algo de acessório que acontece naquele contexto.
No entanto, foi precisamente no acessório, que a dita notícia da SIC se concentrou, anunciando a estreia este ano em Cannes de “Missão Impossível” número não se sabe bem quantos, talvez para aí dezanove ou isso.

Tal critério noticioso é até imoral, pois filmes como “Missão Impossível” são abundantemente promovidos e dispõem de orçamentos imensos para esse efeito, pelo contrário, quer os filmes de autor, quer o cinema independente, quer o vindo de países longínquos, só possuem escassíssimas verbas para se promoverem, sendo por isso, o Festival de Cannes uma oportunidade de ouro para se mostrarem. 
Sabendo disso, a SIC escolheu promover um filme originário dos milionários estúdios de Hollywood, em detrimento daqueles que pouco ou nada têm com que se promover.

Por fim, nessa mesma notícia, ainda se disse que em Cannes vão estrear umas quantas películas portuguesas, pois é fundamental que todos nós paroquianos saibamos, que nada há no mundo, em que a nossa amada pátria (paróquia) não esteja presente.
Aqui fica a notícia completa:

O que a SIC, assim como as restantes televisões nacionais, poderiam aproveitar para fazer durante o Festival de Cannes, era transmitirem alguns dos filmes que ao longo da história marcaram esse certame, isso sim, seria uma coisa de valor.

Na verdade, é exactamente isso o que fazem algumas televisões francesas, alemãs e britânicas, sejam elas públicas ou privadas. Todavia, tal seria pedir demais às nossas TV’s, uma vez que estas estão muito ocupadas a dar-nos notícias cá da paróquia e não têm tempo para mais nada.

Por assim ser, vamos nós escolher o nosso Top-5 de sempre do Festival de Cannes, ou seja, uns quantos filmes que cremos, que toda a gente deveria ver.

Não vamos seguir nenhum ordem cronológica, nem qualquer outra, vamos ao sabor do vento, o mesmo é dizer, da nossa mente. Não vamos aqui, neste blog, passar os filmes inteiros, mas sim as cenas mais marcantes de cada um dos cinco, aqueles que fazem parte do nosso Top-5.

Uma cena não é o mesmo que um filme completo, contudo, há cenas tão marcantes e inesquecíveis, que mesmo que durem apenas dois ou três ou minutos, são de longe muito melhores do que filmes inteiros que duram horas. Mais a mais, há sempre a expectativa, de que quem vê uma cena, se decida depois a ver o filme todo, do princípio ao fim. Abaixo, o cartaz do Festival de Cannes de há uns anos.


Posto isto, o primeiro filme que nos ocorre é “La Dolce Vita”, obra de Frederico Fellini, que venceu o festival em 1960. No que concerne a “La Dolce Vita”, não há dúvida alguma, de que a cena mais marcante, só pode ser aquela em que Marcello Mastroianni se banha na Fontana di Trevi com Anita Eckeberg.

Estamos em Roma, é alta madrugada, Marcello e Anita deambulam pelas ruas da cidade eterna. Marcello é uma alma desorientada, que não encontra um sentido para a vida. Está tão perdido como o gatito esfomeado cujos miados ecoam pelos becos e vielas da velha urbe.

Anita é uma actriz, uma celebridade, e, para além do mais, é bela, de uma beleza carnal, igual às das esculturas barrocas que ornamentam a mais famosa das fontes romanas. Marcello vê nela, em Anita, um possível sentido para a vida. Contudo, sabe que se ilude a si mesmo, pois que Anita é uma espécie de visão, não sendo consequentemente um ser completamente real.

Mais tarde, após Anita partir, Marcello percebe que talvez o sentido da vida, seja afinal ter podido experimentar um breve instante de fulgor, em que lhe foi possível vislumbrar algo de belo. Provavelmente, Marcello nunca terá tido uma resposta mais concreta para qual é o sentido da vida, do que esse momento vivido numa madrugada romana diante da Fontana di Trevi.
Aqui fica a cena:


“Les parapluies de Cherbourg” é o segundo filme que escolhemos. Venceu o Festival de Cannes em 1964 e foi realizado por Jacques Demy. A história passa-se no norte de França, e é toda ela cantada e encantada, em resumo, é um musical.


Geneviève, interpretada por Catherine Deneuve, é uma jovem de dezessete anos, que vive com a sua mãe e com ela trabalha numa loja de guarda-chuvas, um negócio de família herdado do pai/marido, entretanto falecido.

Geneviève apaixona-se por Guy, que trabalha numa oficina de automóveis. Escusado será dizer, que Guy também está apaixonado por ela. Porém, o amor de ambos é interrompido quando Guy tem que partir para a guerra da Argélia por dois anos. Geneviève jura que esperará pelo regresso de Guy, todavia, o futuro é incerto, a mãe pressiona-a a fazer um casamento seguro com alguém que tenhas posses, e Geneviève, depois de muito resistir, acaba por ceder.

No entanto, a cena mais pungente de todo o filme, é o momento em que Geneviève e Guy se despedem, antes dele partir para a guerra da Argélia. Nós não conhecemos em toda a história do cinema, momento mais triste do que este:


Em 1994, o filme vencedor em Cannes, foi “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino. É um filme em que há de tudo, mas há sobretudo uma cena de dança de Uma Thurman com John Travolta.


À data de “Pulp Fiction”, Travolta era um “has been”, ou seja, alguém que tinha sido um mito, mas que à altura pouco ou nada era. Mas Tarantino recuperou-o e pô-lo a fazer uma caricatura de si mesmo. Desse modo, colocou-o a dançar, porém, não como quando era uma estrela ascendente em “A Febre de Sábado à Noite”, mas sim como alguém que vai bailar contra-vontade.

Em “Pulp Fiction”, Travolta levanta-se do banco para dançar, mas somente porque foi obrigado por Uma Thurman. Ele não queria, mas ela ordenou-lhe que se levantasse e dançasse. Quem tivesse memória cinematográfica e se recordasse de “A Febre de Sábado à Noite”, soube imediatamente que, diante dessa cena, assistia a uma espécie de ocorrência metafísica, na qual o passado, ou seja, a década de 70 e o Disco-Sound, se fundia milagrosamente com o presente.
Enfim, “c’est la vie, say the old folks, you never can tell”:


Falemos de 1966, quando em Cannes venceu o filme “Un homme et un femme” de Claude Lelouch. A história é simples, temos um piloto de corridas automóveis, interpretado pelo grande Jean-Louis Trintignant, e uma senhora, protagonizada pela magnifica Anouk Aimé, ambos viúvos recentes.

Encontram-se por acaso quando visitam os seus respectivos filhos num colégio interno nos arredores de Paris. Um dia, Anouk Aimé perde o comboio e Jean-Louis Trintignant oferece-lhe uma boleia de volta à capital gaulesa. Acabam por se tornar amigos e, em seguida, amantes. Seja como fôr, o tema musical que percorre toda a película, ficou para a eternidade, aqui fica ele:


Mas para além do tema musical, “Un homme et un femme” tem diálogos extraordinários. Na cena abaixo, vemos Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimé à mesa do restaurante a falar sobre a vida, sobre quem são, as escolhas que fizeram e as opções que tomaram, em resumo, falam acerca de cinema:


Por fim, e para completarmos este nosso Top-5 do Festival de Cannes, o “Apocalypse Now”.


Toda a acção se passa durante a guerra do Vietname, conflito que opôs os locais aos norte-americanos. O filme é uma autêntica odisseia moderna e foi realizado em 1979 por Francis Ford Copolla.

À data foi um grande vencedor em Cannes, e talvez não haja outra cena em que se retrate tão bem a loucura e a desmesura da guerra, como aquela em que os helicópteros norte-americanos bombardeiam uma localidade rural vietnamita ao som de a “Cavalgada das Valquirias” do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), é ver:



“Apocalypse Now” é um filme tão imenso, que para além de ter melodias de um compositor do século XIX como Richard Wagner, tem igualmente músicas dos Rolling Stones como por exemplo, “ I Can’t Get No Satisfaction”, mais uma vez, é ver:



Terminamos então com o apocalipse, mas provavelmente não é aqui o fim, pois em breve contamos voltar a Cannes, para mais uns filmes que ficaram para a história.

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